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Publicado em 06/03/2019
Um dos principais desafio da pecuária intensiva está na adaptação dos bovinos à uma nova situação. Mudanças de ambiente, dieta e convívio social representam grande obstáculo para a produtividade do gado em cocho, daí a importância de realizar ao longo desta mudança um manejo que dê espaço para ajustes na rotina dos animais.
O assunto foi destaque de entrevista exibida pelo Giro do Boi nesta quarta, 06, feita com o especialista em bem-estar animal da Friboi, Carlos Silva. Ele mostrou um passo a passo para que pecuaristas e demais responsáveis pelo manejo do gado mantenham as boas práticas em cada etapa da transferência do pasto para a baia;
- Embarque: importante contar com motoristas capacitados para a função. Silva comentou que na companhia, os boiadeiros são treinados pelo menos uma vez por ano. "O transporte é um período muito desafiador para os animais. Os motoristas são orientados dentro da legislação vigente a realizarem as viagens no menor tempo possível para que os animais sofram menos estresse", afirmou o especialista;
- Desembarque: um dos pontos mais importantes é evitar saltos dos animais, seja para a subida na carreta ou na descida. Nas novas carretas utilizadas pela TRP, a divisão de transporte da companhia, as escadas foram substituídas por elevadores. Na chegada à fazenda, os animais são descarregados e ficam um período de 24 horas em descanso com água e feno à disposição para recuperação da viagem;
- Protocolo sanitário: O período de descanso é importante que o animal responsa melhor ao protocolo sanitário de entrada em confinamento. As vacinas podem variar conforme as características da região onde está o confinamento e são aplicadas junto a um antiparasitário para que seja feita a limpeza do trato gastrointestinal;
- Identificação e rastreabilidade: aproveitando o manejo sanitário no curral, os animais recebem brincos de identificação da baia em que estão e também do Sisbov;
- Boas práticas de manejo: em todas estas etapas, é imprescindível manejar o gado tranquilamente. Carlos Silva lembra que a audição dos bovinos é muito acurada, por isso o trabalho sem barulhos que causem estresse é altamente recomendado. O uso do bastão elétrico, embora permitido, segue um série de regras para que possa ser feito. A voz, chocalhos e bandeiras brancas devem ser sempre prioridade para a condução dos lotes;
- Os cinco domínios do bem-estar animal: manter boas condições de nutrição e hidratação; ambiente livre de frio, calor e outras condições extremas; por meio de manejo sanitário evitar doenças e ferimentos; permitir ao animal expressar seu comportamento natural; culminando em um estado mental tranquilo (sem fome, sede, dor, ansiedade, medo), configurando assim um quadro de bem-estar animal pleno.
"O bovino naturalmente é um herbívoro pastejador, então o desafio nosso é fazer com que ele se adapte o mais rápido possível para que ele possa entregar o que a gente espera, que é produtividade, acabamento de carcaça, melhora no rendimento, ganho líquido de carcaça. É lucro no bolso do produtor", resumiu Carlos Silva.
O especialista reforçou ainda que prestar atenção com estes cuidados ao longo de toda a vida do animal ajuda na transição. "O bovino tem uma memória muito boa. Os animais que vêm para o confinamento e têm contato com pessoas e maquinário diariamente, quase sempre no mesmo horário, e isso faz com que se crie uma rotina. Os bovinos gostam de rotina. ["] Além do lado ético do bem-estar animal, nós sabemos que a qualidade da carne também está atrelada ao manejo bem feito", acrescentou.
Fonte: Giro do Boi
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