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Publicado em 28/06/2018
A esperança do setor produtivo brasileiro é de que a posição dos sauditas seja revista no próximo encontro do Conselho de Cooperação do Golfo ? que reúne Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Qatar, Bahrein e Kwait ? que deve acontecer ainda no início do segundo semestre.
Segundo o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, o problema maior envolve o frango griller, que pesa cerca de 1kg e é abatido com 28 dias. ?Os árabes argumentam que esse frango tem menos resistência e um índice maior de mortalidade pelo choque elétrico?. O secretário calcula que, sem o processo de insensibilização, as perdas por ferimentos e quebras devem aumentar até 15%. ?Talvez os técnicos da Embrapa e outros especialistas possam nos ajudar, demonstrando que o choque não causa este problema. De qualquer forma, paralelamente, temos de encontrar outros métodos de insensibilização?, completa.
A situação poderá piorar se o entendimento saudita se expandir para todos os clientes árabes, mudando o padrão de abate halal. Atualmente, 50% das exportações brasileiras seguem as normas islâmicas. ?As empresas estão tentando mostrar que isso vai contra tudo o que o resto do mundo está fazendo. A justificativa deles é de que o frango não pode morrer no choque, vários estudos mostram que isso não acontece, mas eles têm muita resistência?, diz Ricardo Gouvêa, diretor-executivo da Associação de Avicultura de Santa Catarina.
O certificador Ali Saif observa que há regiões inteiras dedicadas ao abate halal no País, e cita o exemplo dos municípios de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão, no Paraná. Quanto à repercussão que o fim do atordoamento dos frangos pode ter junto a grupos defensores do bem-estar animal, Saif já tem o contra-argumento: ?Com a greve dos caminhões, não vi muita gente se movimentar para dizer que os frangos estavam morrendo de fome. É preciso ser um pouco mais tolerante com o momento sensível que as empresas estão enfrentado, depois das Operações Carne Fraca, os problemas com a Europa e agora com a China?.
Para Ali Saif, que faz certificação halal para 50 frigoríficos brasileiros, a decisão dos sauditas de suspender a insensibilização dos frangos via choque elétrico pode estar relacionada ao método europeu, onde a voltagem aplicada é mais forte para assegurar que a ave esteja mesmo desacordada. No fim, será a decisão dos clientes árabes que encaminhará, de forma definitiva, a maneira como o frango é abatido no Brasil. ?Não é possível abater de um jeito pela manhã e terminar o dia de outra forma. A indústria terá de escolher uma forma de abate e trabalhar nela?, conclui.
Entre as alternativas ao choque elétrico para insensibilização do frango antes da degola, está o uso de CO2 e a redução progressiva da pressão atmosférica. Ambas provocam o atordoamento pela diminuição do oxigênio disponível.
Todos os alimentos são considerados halal desde que não sejam carne de porco e derivados, álcool, animais abatidos de forma imprópria, que contenham sangue ou que não desrespeitem as leis do alcorão e que não sejam em nome Alá (Deus, em árabe).
Algumas regras devem ser seguidas:
1.- O animal deve ser abatido por um muçulmano. Na hora do abate o profissional deve pronunciar o nome de Alá e a face do animal deve ser voltada para a Meca;
2.- A faca deve estar bem afiada e atingir de uma única vez os três principais vãos (jugular, traqueia e esôfago) do pescoço em movimento de meia-lua;
3.- A morte deve ser rápida para evitar o sofrimento do animal;
4.- O sangue deve ser retirado totalmente da carcaça para evitar qualquer contaminação;
5.- Após a degola e o escoamento do sangue, a carcaça deve ser lavada e higienizada e toda a água do processo deve ser extraída;
6.- Para higienização deste ambiente não pode ser utilizado produto com álcool (proibido para os muçulmanos).
7.- Todo o processo de abate e de transporte (do congelamento ao carregamento) desta carne são fiscalizados por um auditor ou supervisor de certificadora Halal.
8.- Para que não haja contaminação com outros tipos de carne (porco, por exemplo), o frigorífico deve realizar apenas abates halal. (Fonte: Cdial Halal)
De janeiro à dezembro de 2017
Em milhares de toneladas
País | Quantidade |
---|---|
Arábia Saudita* | 590 |
Japão | 445 |
China | 391 |
África do Sul | 345 |
União Europeia-28 | 323 |
Emirados Árabes* | 300 |
Hong Kong | 250 |
Egito* | 162 |
Iraque* | 120 |
Kuwait* | 116 |
Outros | 1.187 |
* Países que exigem abate Halal
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