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Melhoramento genético pode render 30% de lucro na pecuária, afirma pesquisador

Publicado em 19/07/2017

O lucro a partir do trabalho com um gado selecionado e melhorado geneticamente, comparado com outro animal de qualidade mais baixa, pode chegar a 31% em um período de 10 anos. A conta é do pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gilberto Menezes, que alerta que o país ainda tem um grande desafio no quesito. “A transição do conhecimento científico para o sistema produtivo ainda é falha, e precisamos melhorar essa questão”, defende.

A temática fez parte do workshop Genética na Pecuária (Genapec), que integrou o 2º Fórum das Cadeias Produtivas que está sendo realizado na 53ª Expoagro, em Cuiabá. O objetivo das palestras é envolver produtores e pesquisadores sobre as últimas novidades tecnológicas do setor.

Gilberto explicou que a comparação feita leva em consideração que o animal de pior qualidade ficará seis meses a mais na fazenda até o abate, por exemplo, e que isso aumenta os custos com o preço do aluguel do curral. Em um ciclo, o lucro com um animal selecionado poderia chegar a 25%.

O pesquisador lembra, porém, que o paralelo é genérico e que vários outros fatores poderiam ser levados em consideração, como o caso do bioma. Apesar disso, a bagagem científica da área lembra que os animais melhorados têm qualidades como ganhos de peso no pós desmama, peso ao sobreano (novilho com mais de um ano) e ao abate, redução de idade de abate, redução da idade a primeira cria e conformação frigorífica.

Além disso, ele ressalta que a pesquisa econômica com relação ao melhoramento genético está evoluindo no país, mas que é preciso avançar mais nesse quesito e, a cada dia, começam a existir mais pessoas focadas nas análises econômicas do sistema e da avaliação da adoção das tecnologias e o que aquilo impacta, de fato, no bolso do produtor. 

O pesquisador também cita que existe uma distância entre o laboratório e o produtor rural. Ele explica que propriedades em Mato Grosso do Sul e São Paulo são referências nesse tipo de trabalho e que mesmo Mato Grosso tendo o maior rebanho do país, ainda não tem uma forte cultura de melhoramento.

Gilberto afirma que, de maneira geral, os criadores brasileiros ainda têm uma carência no entendimento sobre os benefícios desse trabalho, já que o assunto é bastante complexo. Como solução para o problema, ele comenta que todo mundo deveria começar pelo "feijão com arroz".  

 Discussão

O médico veterinário Fernando Manzutti, que atua na área há mais de 17 anos, reitera o ponto de vista do colega da Embrapa e afirma que esse trabalho de explicação em relação a essas novidades é relativamente recente. Ele elogia a Expoagro por abrir espaço para esse tipo de debate.

O veterinário sugere que dentre os motivos para a baixa adoção da seleção de animais está o tempo em que um produtor começa a sentir o impacto financeiro em cima da escolha feita. Esse quesito é diferenciado em outros ramos do agronegócio.

“O agricultor de grãos, por exemplo, vê o resultado do trabalho de melhoramento em um ciclo de seis meses. Ele investe e colhe o que plantou em um semestre, o que é diferente na pecuária, onde o resultado financeiro começa a aparecer, de maneira relevante, somente entre três e cinco anos. É muito mais difícil convencer o pecuarista que ele precisa partir por esse caminho”, argumenta.

Fernando lembra o avanço desse debate neste ano tem sido particularmente mais difícil, por causa da queda nos preços da arroba, reflexos da Operação Carne Fraca e da delação da JBS. Por último, ele afirma que a questão é o futuro da pecuária, que os animais melhorados terão impacto na produtividade geral do setor e que já existem pesquisas que apontam que grande parte dos criadores podem sair do mercado por causa da falta de competitividade.

“A divulgação tem sido feita. Nós estamos tentando cutucar o produtor para que ele vá atrás dessas novas tecnologias e procure um animal mais moderno e que utilize isso na fazenda. Estamos, aos poucos, os convencendo sobre os benefícios de se usar biotipos mais precoces”, finaliza.

Fonte: RD News

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