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Os genes do gado

Publicado em 03/07/2017

Pesquisas em melhoramento genético baseadas na identificação e na manipulação de genes e proteínas estão em andamento no Brasil para melhorar a qualidade do gado de corte. O objetivo é desenvolver bovinos com maior eficiência alimentar – capacidade de transformar o que comem em carne e gordura –, ganho de peso mais rápido, resistência a doenças e parasitas e produção de carne mais macia. Inicialmente feita com base no “olhômetro”, ou seja, em características externas dos animais, a informação codificada nos genes passou a ajudar na seleção dos indivíduos com as qualidades desejadas. A maioria dos trabalhos é com a raça nelore, da subespécie conhecida como zebu (Bos taurus indicus), originária da Índia e que representa cerca de 80% do rebanho nacional de bovinos.

Uma análise de variações estruturais e funcionais do genoma do nelore e de sua relação com características de produção, como a qualidade da carne e a eficiência alimentar da raça, é desenvolvida pela veterinária Luciana Correia de Almeida Regitano, pesquisadora de genética animal da Embrapa Pecuária Sudeste, uma das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em São Carlos (SP). “O objetivo é compreender os mecanismos moleculares que contribuem para a variação genética que afeta o fenótipo [conjunto de características observáveis de um indivíduo] do animal.” A partir desse conhecimento será possível selecionar animais que possuem as variantes favoráveis ou mesmo induzir mutações no genoma do animal, melhorando as características de uma raça.

Uma das pesquisas do grupo de Luciana diz respeito ao gene KCNJ11. Em camundongos, a falta de expressão desse gene causa baixo aproveitamento dos alimentos e fraqueza muscular. “Ao investigar a atuação dele em bovinos, encontramos uma relação com a maciez da carne”, explica. “Os animais com menor expressão desse gene possuíam carne mais macia, mas também apresentavam menores índices de ingestão de capim seco, ganho de peso diário e taxa de crescimento. Esses resultados mostram como interferir na expressão de um único gene poderia trazer tanto resultados positivos quanto negativos do ponto de vista do produtor.”

No Brasil, essas pesquisas ganham importância especial porque o rebanho nacional é o segundo do mundo, com 215,2 milhões de cabeças em números de 2015, atrás da Índia, com 330 milhões de animais, em 2014. As raças zebuínas, que predominam no Brasil, são adaptadas ao clima tropical porque são mais resistentes a doenças e à pastagem mais fraca. A boa carne, macia e tenra, está relacionada a maior presença da gordura, o que ocorre na subespécie Bos taurus taurus, de origem europeia.

 

Leia a reportagem na íntegra aqui.

Fonte: Revista Fapesp

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