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Leite: SC em busca de um modelo genético

Publicado em 30/06/2017

Empregando o que há de mais avançado em genética no mundo, um robusto programa de melhoramento em pecuária de leite está em curso no sistema de produção da Cooperativa Central Aurora Alimentos, envolvendo 10 cooperativas agropecuárias e mais de 6500 produtores rurais com apoio do Sebrae.

A primeira etapa desse programa foi desenvolvido em 2014/2017 com o levantamento genético através da técnica de genotipagem do gado leiteiro. Essa tecnologia foi desenvolvida por cientistas de vários países com apoio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e Universidades do Canadá e EUA. O objetivo foi auxiliar o modelo de seleção genética existente até então, o chamado teste de progênie.

Para esse teste foi coletado material (geralmente pelos, pele, sangue ou outra parte do animal) para análise. Esse material foi encaminhado para laboratório especializado, nos Estados Unidos, fazer a leitura do DNA. Isso permitiu um comparativo com os Bancos de Dados Genômicos do Departamento de Agricultura dos EUA.

O diretor de agropecuária Marcos Antônio Zordan assinala que a Aurora utilizou essa ferramenta para um levantamento em todas as 10 cooperativas filiadas. Para isso, coletou-se amostragem de 2.500 animais de  produtores cooperados, inicialmente das raças Jersey e Holandesa, para identificar e aferir a situação do patrimônio genético da região, seus pontos fortes e fracos. 

A genotipagem permitiu analisar as deficiências detectadas e as “correções” necessárias. O levantamento foi analisado e discutido com todos os técnicos das filiadas para a padronização do conhecimento. Essas informações e conclusões também foram levadas aos produtores que forneceram animais para a coleta de amostras para que conhecessem os resultados da genotipagem de suas propriedades.

Essa análise do DNA permitiu conhecer 94 características do genoma dos animais, proporcionando estabelecer o mapa genético do rebanho. Incluiu informações de produção (volume de leite, volume de sólidos, proteína e suas variáveis, gordura etc), saúde (vida produtiva, fertilidade da fêmea, células somáticas e genes deletérios) e conformação (sistema mamário, conformação corporal, de patas e pernas e estrutura).

Com base na definição do padrão genético do rebanho foi desenvolvido o MGA (Modelo Genético Aurora). Na etapa seguinte, os criadores foram orientados sobre quais os touros recomendados para corrigir, nas novas gerações, os problemas detectados.

O coordenador do projeto Selvino Giesel explica que todo esse esforço objetivou obter os animais ideais para a produção de leite de qualidade, atendendo os padrões exigidos pela Instrução Normativa 62 (IN-62) “Assim foi possível definir qual é o caminho a seguir em termos de melhoramento genético, dando prioridade aos quesitos mais importantes a serem corrigidos, principalmente eliminação de doenças ligadas aos genes, sólidos do leite e morfologia do animal”, expõe o coordenador.

Para atingir os níveis de correção indicados pelo estudo serão utilizadas, até o fim deste ano, 55.000 doses de sêmen, tanto convencional como ultrassexado, das raças Holandesa e Jersey dentro dos padrões do Modelo Genético Aurora. Esse material já está à disposição dos produtores de leite das cooperativas filiadas com custos subsidiados. Esse sêmen é de touros genotipados, livres de doenças genéticas e com padrão que contempla, além da melhoria de gordura, proteína e sólidos no leite, ganhos com melhoramento de úbere, conformação de pernas e patas e melhoramento na vida reprodutiva.

Segunda geração
Enquanto isso, prossegue a operação de genotipagem. Só que, além de analisar animais dos rebanhos dos produtores, a meta é genotipar também a segunda geração – ou seja, as filhas que estão nascendo das vacas inseminadas com o sêmen do programa.

Os resultados esperados pelo projeto incluem a obtenção de animais melhores para a produção de sólidos, mais longevos, mais saudáveis, livres de doenças genéticas que proporcionem melhor rendimento para a indústria e maior  remuneração aos produtores em face do pagamento pelo critério de qualidade.

O projeto desenvolvido na Coopercentral Aurora Alimentos, nessa amplitude e dimensão, é pioneiro no Brasil e na América do Sul, pois se trata de levantamento de várias propriedades com um grande número de animais observados, em único processo de seleção, desenvolvido através de um modelo de animal específico (MGA) em um sistema cooperativo, buscando a correção das necessidades da indústria e o atendimento à legislação (IN-62).

Atualmente, a utilização da leitura do DNA no apoio a melhoria genética na bovinocultura de leite ocorre nas associações de criadores e fazendas particulares em países desenvolvidos, como EUA, Canadá, Alemanha,  França, em propriedades particulares e em algumas associações de criadores no Brasil. 

– “Esta nova ferramenta nos traz mais conhecimento. Abandonamos o antigo modelo, onde se orientava a inseminação artificial e outras metodologias, usando touros com provas em teste de progênie e características visuais. Agora, o que importa é o que realmente está no seu DNA, evitando a transmissão de algumas doenças ligadas aos genes e tendo mais segurança na produção e composição do leite. Isso é possível pelas informações que a nova tecnologia proporciona”, expõe Zordan.

Até agora foram investidos cerca de R$ 2 milhões de reais, recursos aportados pelos parceiros do projeto: Sebrae, Coopercentral Aurora Alimentos e cooperativas  filiadas.

Origem
A qualidade do leite depende de higiene, sistema de resfriamento, manejo do rebanho, nutrição e dos componentes que formam o alimento e, estes, são influenciados por vários fatores, especialmente a genética. A genotipagem fornece informações e avaliações para corrigir problemas e evitar que afetem a saúde do rebanho e a qualidade do produto.

O programa de melhoria genética da Cooperativa Central Aurora Alimentos teve início em julho de 2014 com a formação de um Conselho Gestor, constituído por técnicos de todas as cooperativas filiadas, parceria com Sebrae e empresas do ramo de genética e laboratório. A meta inicial do projeto era a coleta de 2.500 amostras em mais de 200 propriedades do Sistema Aurora, em regime de melhoria contínua.

Fonte: DBO

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