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Publicado em 04/04/2017
Cientistas da Embrapa e do National Center for Genetic Resources Preservation do Agricultural Research Service (ARS), dos Estados Unidos, confirmaram, em estudo com bovinos e caprinos, que a distância e a variabilidade genética entre raças podem incrementar a produção animal. A senha para o sucesso está no aperfeiçoamento dos programas de melhoramento genético. O resultado da pesquisa foi publicado no Journal of animal Science e no livro Curraleiro Pé-Duro – Germoplasma Estratégico do Brasil.
O fenômeno natural da heterose ou vigor híbrido mostrou, de acordo com a pesquisa, que quanto maior é a distância genética entre as raças, melhor é a qualidade dos animais obtidos em cruzamentos. Já os animais com muita proximidade sanguínea têm desempenho inferior em relação ao peso da carcaça, produção de leite, resistência às doenças e às adversidades do meio ambiente.
Entre os bovinos, a pesquisa confirmou que distância e variabilidade genética são maiores entre as raças Curraleiro Pé-Duro e Nelore. O estudo revelou também que o curraleiro pé-duro foi o que ficou mais próximo da raça Caracu, seguido das norte-americanas e das de origem francesa. Três fatores naturais, segundo o pesquisador Geraldo Magela Côrtes Carvalho, da Embrapa Meio-Norte, PI, que representou o Brasil no estudo, atuam para ampliar a variabilidade genética: a mutação, a deriva genética e a migração (ver infográfico abaixo).
Carvalho explica que as mutações, também chamadas de deriva genética, podem ocorrer quando duas populações são separadas por um longo período de tempo e contribuem para a diversidade dentro das raças. De acordo com o especialista, o isolamento de populações é consequência do uso local e do manejo da raça e reduz o tamanho efetivo do rebanho. “O grau de diferenciação entre as raças estudadas revelou baixo fluxo de genes entre as populações brasileiras analisadas, o que indica isolamento reprodutivo, diferente do encontrado nas raças norte-americanas, que apresentaram pouca diferenciação entre os bovinos de corte”, compara.
Ele garante que a distância e a variabilidade genética são fatores determinantes para a boa qualidade de um rebanho. A pesquisa revelou também que a variabilidade é maior entre os indivíduos do que entre as raças. Entre os indivíduos, a variabilidade chega a 75%. Entre as raças, principalmente as norte-americanas para corte, não passa de 25%.
O trabalho, conduzido por dois anos na sede do ARS, em Fort Collins, no Colorado, usou 19 raças bovinas: quatro brasileiras e 15 norte-americanas. Para chegar a esse resultado, os cientistas fizeram genotipagem em populações distintas de bovinos dos grupamentos nelore, gir (Bos indicus) caracu e curraleiro pé-duro (Bos taurus), todos brasileiros. As raças norte-americanas estudadas são de origem espanhola, francesa, britânica e da remota Ilha Chirikof, no Alasca.
Foi usado um painel de 34 microssatélites recomendado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Sociedade Internacional de Genética Animal (Isag). Os pesquisadores Geraldo Magela Côrtes Carvalho, da Embrapa, e o norte-americano Harvey Blackburn, do ARS, trabalharam com nove programas de computador na estatística molecular.
Entre os caprinos, foram estudadas as raças Nambi, Marota, Azul, Anglonubiana e Boer, criadas no Brasil; e as norte-americanas Spanish, Mioton, La Mancha, Angora e também a Boer, que revelaram ampla diversidade genética. As análises mostraram proximidade entre os grupamentos Nambi e Spanish. Os resultados também comprovaram a capacidade de se produzir caprinos em vários ambientes, indicando, segundo o pesquisador da Embrapa, que o conceito de raça para produção de carne caprina não é tão relevante como em outras espécies. Ou seja, todas as raças caprinas localmente adaptadas produzem carne em quantidade e qualidade semelhantes.
Fonte: Embrapa Meio-Norte
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