e receba nosso informativo
Publicado em 11/11/2016
Um artigo publicado na revista britânica Nature Climate Change levantou a polêmica sobre o papel da pecuária no aquecimento global: o estudo, elaborado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, propõe que a carne bovina seja taxada em 40% e o leite e seus derivados em 20% como forma de reduzir o consumo desses produtos e, consequentemente, a emissão de gases do efeito estufa (GEEs) que a atividade representa.
A pesquisa estima que o agronegócio, como um todo, é responsável por mais de 20% de tudo o que é emitido no planeta, sendo que a maior parte dessas emissões – cerca dois terços – viria da pecuária. De acordo com o artigo, os países pobres, onde a fome ainda é um problema grave, seriam poupados do imposto extra. O resultado esperado seria uma redução na emissão de GEEs na ordem de 1 bilhão de toneladas e aproximadamente 500 mil vidas poupadas anualmente, com a diminuição de doenças relacionadas à obesidade.
O tema ganha relevância com a COP 22, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que começou nesta semana e vai até o dia 18 de novembro, em Marrakesh, Marrocos.
No entanto, outros estudos apontam que a pecuária teria um papel inverso ao que foi atribuído pelos britânicos. Recentemente, em entrevista ao Agronegócio Gazeta do Povo, o pesquisador brasileiro Rafael Oliveira Silva, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, defendeu – por meio de um modelo matemático - que os pastos, na verdade, podem funcionar como ferramenta para amenizar o aquecimento global. Ele explica que as pesquisas, de um modo geral, consideram apenas a emissão do gás metano, proveniente da ruminação dos bois, e não levam em conta que o capim, quando bem tratado, pode absorver o carbono presente nos GEEs da atmosfera. Os resultados foram, inclusive, publicados na mesma revista, em 2013.
“Dentro de certas condições, reduzir a demanda por carne, para frear o aquecimento global, pode ter o efeito contrário, isto é, aumentar as emissões, enquanto que aumentar a demanda por carne pode reduzir as emissões”, diz Oliveira. “Obviamente que aumentar a produção de carne aumenta também o tamanho do rebanho e, por sua vez, as emissões de metano. A chave para entender o nosso resultado é que este aumento das emissões é compensado pelo ganho em sequestro de carbono no solo, por meio do melhoramento das pastagens já disponíveis, isto é, com a recuperação de pastagens degradadas. Nós mostramos que a recuperação de pastagens aliada à suplementação proteica e energética pode reduzir as emissões e aumentar a lucratividade”, completa.
Com informações de Gazeta do Povo.
Envie para um amigo