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Publicado em 22/01/2015
Um tema que terá a atenção da Embrapa em 2015 será a destinação de cadáveres de animais mortos nas propriedades, resíduos de incubatório e subprodutos agroindustriais.
"É uma questão importante e que no momento não podemos atestar por entendermos que há uma deficiência de subsídios científicos oriundos de estudos realizados de acordo com a nossa realidade. É necessário, assim, um empenho na condução de trabalhos de pesquisa aplicados, em parceria com todos os elos da cadeia produtiva - setor público e privado -, para uma definição de estratégias oficiais para o problema", explica a chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella.
De acordo com ela, a Embrapa reconhece o desafio que representa a destinação de cadáveres de animais mortos no atual contexto dos sistemas de produção, considerando a intensificação e concentração das atividades, associada à carência de mão de obra, importância da biosseguridade e pressão por redução de custos. Estima-se que este problema ultrapasse as 300 mil ton/ano, apenas na produção de frangos de corte e suínos no Brasil. "Precisamos ir à fundo na questão antes de atestar o uso das tecnologias e alternativas", enfatizou ela.
Em especial, destaca-se o uso em farinhas. "Dependendo dos critérios com que é realizado, este processo apresenta riscos de recontaminação", enfatiza o pesquisador Everton Krabbe. "Os países que adotaram esta prática também têm apresentado graves problemas com doenças emergentes", destaca Janice Zanella.
O Brasil, e especialmente alguns Estados da federação, gozam de um status sanitário privilegiado e qualquer destino que seja dado às carcaças deve ter a premissa de zelar pela biosseguridade das cadeias produtivas. "É necessário ainda considerar que a manutenção de cadáveres na propriedade, subsequente manuseio e transporte, podem facilitar a disseminação de doenças. Por outro lado, não ter alternativas viáveis que atendam a necessidade da destinação de animais mortos também representa risco sanitário, ambiental e de saúde pública", explicou Luizinho Caron, pesquisador da Embrapa.
Essas questões colocam à Embrapa Suínos e Aves uma agenda de pesquisa voltada para dar apoio aos órgãos públicos competentes para a regulamentação da coleta e destinação de cadáveres de animais mortos e resíduos de incubatórios e, também, na busca de soluções tecnológicas junto a empresas inovadoras do setor privado visando a sustentabilidade das cadeias produtivas.
Por isso a Embrapa Suínos e Aves preconiza o princípio da precaução, a partir do qual esta prática não deve ser adotada sem estudos e pesquisas aprofundados envolvendo análise de risco e, também, a discussão com todos os segmentos da sociedade interessados ou potencialmente afetados.
Articulação da Rota Estratégica de Biotecnologia Animal
A iniciativa da Embrapa tem relação direta com as discussões do grupo de trabalho "Valor Econômico dos Resíduos e Subprodutos da Indústria Animal" dos Observatórios Sesi/Seni/IEL.
Este grupo vêm discutindo a normatização da retirada de carcaças oriundas de mortalidades das granjas para uso na reciclagem animal desde 2013, em conjunto com a Adapar e MAPA. Em 2014, o fiscal federal agropecuário Rodrigo Padovani, da Coordenação de Trânsito e Quarentena Animal (CTQA), levou ao Ministério a necessidade de uma reposta ao ofício elaborado pela Adapar em outubro de 2013 com apoio do grupo de trabalho, CIDASC e SEAPA. Confira a notícia de 2013: "Grupo propõe regulamentação para o setor de reciclagem animal".
Em resposta às discussões da indústria animal e Ministério Público sobre o tema, no dia 01 de setembro de 2014, a Adapar publicou o Decreto nº 12029 que proibiu a retirada de animais mortos (inteiros e em partes) das propriedades do Paraná, salvo legislação específica (vide artigo 38 inciso VI).
Fonte: Embrapa Suínos e Aves e Observatórios Sesi/Senai/IEL.
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