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Publicado em 05/11/2014
A síntese do 5º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC, da sigla em inglês), divulgado dia 2 de novembro, em Copenhague, na Dinamarca,
mostra que se não houver ação imediata das nações para frear o aquecimento global,
em pouco tempo, não haverá muito o que fazer. “Se as taxas de emissão de gases de efeito estufa
continuarem aumentando, os meios de adaptação não serão suficientes”, aponta o documento.
“Temos uma janela de oportunidade, mas ela é muito curta. O relatório mostra isso. As mudanças
climáticas não deixarão nenhuma parte do globo intacta”, enfatizou o presidente do IPCC, Rajendra
Pachauri, durante a apresentação da síntese. Ele ressaltou que ainda há meios para frear as mudanças
climáticas e construir um futuro mais próspero e sustentável, mas que a comunidade internacional precisa
levar a questão a sério.
O relatório, elaborado com a participação de
mais de 800 cientistas de 80 países, mostra que a emissão de gases de efeito estufa, responsável pelo
aquecimento global, tem aumentado desde a era pré-industrial, como consequência do crescimento econômico
e da população. De 2000 a 2010, indica o documento, as emissões foram as mais altas da história.
“A acumulação de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera alcançaram
níveis sem precedentes nos últimos 800 anos”.
Entre 2000 e 2010, a produção de
energia por meio da queima de combustíveis fósseis foi responsável por 47% da emissão globais
de gases de efeito estufa. A indústria respondeu por 30%, o transporte por 11% e as construções por 3%.
Pachauri enfatizou, ao longo da apresentação, que emissões continuadas tem levado a um aquecimento
global contínuo, ao derretimento das geleiras e ao consequente aumento do nível do mar. Nas últimas três
décadas foram registrados sucessivos aquecimentos na superfície da Terra, sem precedentes desde 1850. O período
entre 1983 e 2012 foi o mais quente dos últimos 800 anos no Hemisfério Norte, de acordo com a síntese.
O aquecimento médio global combinado da Terra e dos oceanos no período de 1880 a 2012 foi 0,85 grau Celsius
(°C).
O derretimento das geleiras, em especial na Groelândia e na Antártida, geraram o aumento
do nível do mar em 19 centímetros de 1991 a 2010. O número é maior do que os registrados nos últimos
dois milênios. O relatório alerta, também, para a acidificação dos oceanos em 26% por causa
da apreensão de gás carbônico da atmosfera, o que pode ter impacto grave sobre os ecossistemas marítimos.
Ao fazer projeções para o futuro, os cientistas preveem impactos severos e irreversíveis para
a humanidade e para os ecossistemas. “Se não frearmos as mudanças climáticas, elas ampliarão
os riscos já existentes e criarão novos riscos. Meios de vida serão interrompidos por tempestades, por
inundações decorrentes do aumento do nível do mar e por períodos de seca e extremo calor. Eventos
climáticos extremos podem levar a desagregação das redes de infraestrutura e serviços. Há
risco de insegurança alimentar, de falta de água, de perda de produção agrícola e de meios
de renda, particularmente em populações mais pobres. Há também risco de perda da biodiversidade
dos ecossistemas”.
De acordo com a síntese, mesmo se houver um esforço das nações
para limitar o aquecimento da Terra a 2°C, ainda assim, os efeitos continuarão a ser sentidos por um longo tempo.
“Ondas de calor vão ocorrer com mais frequência e durar mais, e precipitações extremas se
tornarão mais intensas e frequentes, em mais regiões. Os oceanos vão continuar a se aquecer e acidificar
e o nível do mar continuará a subir”.
O relatório enfatiza que, para frear as
mudanças climáticas e gerenciar os seus riscos, é preciso que as nações promovam ações
combinadas de mitigação e adaptação. “Reduções substanciais nas emissões
de gases de efeito estufa nas próximas décadas podem diminuir os riscos das mudanças climáticas
e melhorar a possibilidade de adaptação efetiva às condições existentes”. Os cientistas
reconhecem, entretanto, que essas reduções demandarão mudanças tecnológicas, econômicas,
sociais e institucionais consideráveis.
Para o secretário-geral da Organização das
Nações Unidas, Ban Ki-moon, que participou da apresentação do relatório, é preciso
agir imediatamente. “O tempo não está a nosso favor. Vamos trabalhar juntos para construir um mundo mais
sustentável. Vamos preservar o nosso planeta Terra e promover desenvolvimento de maneira sustentável”,
disse.
Fonte: Globo, via IEPEC.
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