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Publicado em 30/09/2014
Eles comem mais ração e exigem monitoramento constante. Os ovinos criados em sistema intensivo podem dar a impressão de que dão mais despesas para o produtor. Mas, ganham peso mais rápido e saem cedo para o abate, ficando assim, mais baratos. É o que mostram os índices do centro de pesquisa da Fazenda-Escola Capão da Onça na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), nos Campos Gerais.
O centro tem 300 matrizes das raças ilê de france e texel, mais adaptadas à região dos Campos Gerais. O acompanhamento do sistema, segundo o professor e gerente de produção animal da Fazenda-Escola, Izaltino Cordeiro dos Santos, já dura 16 anos. O diferencial, segundo ele, está no manejo intensivo e na busca da idade ideal de abate.
No modelo de criação, os cordeiros são abatidos entre 75 e 90 dias, enquanto que, no sistema convencional, o abate ocorre entre 150 e 180 dias. Nesta fase, a carne tem propriedades químicas que a deixa mais macia e suculenta. Os animais alcançam 28 a 35 quilos em pé. O rendimento da carcaça, que oscila entre 45% e 47% no sistema extensivo, chega a 52% no confinamento.
O professor Izaltino conta que a precocidade garante carne mais saudável ao consumidor. Nesta idade, segundo ele, a concentração de gordura insaturada é menor no animal. As peças têm uma fina capa de gordura para ajudar na conservação do produto no frigorífico.
Os cordeiros são alimentados nas baias com um suplemento que é responsável pelo ganho acelerado de peso. Até os 60 dias, eles recebem a alimentação especial e também leite materno. As ovelhas ficam no pasto durante a maior parte do dia, mas no “almoço” e no crepúsculo voltam aos pavilhões para ficar com os filhotes. Depois do desmame, os cordeiros vão para baias próprias para a fase de terminação, que dura até 30 dias.
O professor Izaltino lembra que o sistema intensivo faz parte de um planejamento maior, que inicia na seleção das matrizes. As melhores fêmeas, com aptidão materna, são selecionadas no rebanho, têm o cio induzido com uma alimentação reforçada e são preparadas por um mês para a fecundação.
As matrizes ficam cinco meses gestando o cordeiro, dois meses amamentando e, em seguida, podem ser preparadas para mais um ciclo. Embora os meses frios ou chuvosos inibam o cio, a taxa de prenhez do rebanho confinado é de 85% a 90%, conforme Izaltino, acrescentando que o intervalo médio entre uma prenhez e outra é de oito meses. Outras vantagens do sistema, segundo o professor, são a diminuição do risco de doenças no rebanho e a menor área utilizada na propriedade, pois enquanto no modelo extensivo usa em média 10 ovelhas por hectare, o intensivo comporta de 20 a 30 animais por hectare.
O modelo é mostrado aos produtores que participam dos dias de campo da instituição. Os animais em fase de abate são vendidos informalmente a servidores da UEPG.
A engorda de ovelhas a ração ainda é exceção. A vantagem do sistema intensivo é, segundo o especialista, o maior controle e monitoramento do rebanho e dos lotes. A alimentação e a mão de obra, no entanto, são custos adicionais ao produtor. O cordeiro produzido na cooperativa tem condições de abate aos 120 dias, alcançando um peso médio de 40 quilos.
O sistema intensivo também pode ser aplicado no pasto, em pequenas áreas, com suplemento na alimentação. Porém, as apostas se concentram no confinamento. É o caso do produtor Dennis Verschoor.
Ele assumiu a ovinocultura na propriedade da família, em Carambeí, há cerca de dois anos. O ovinocultor ainda testa os resultados de modelos diferentes: um com 750 matrizes que usa o sistema semi-intensivo e outro com 450 matrizes que são criadas em confinamento. Hoje, os cordeiros são abatidos entre 120 e 140 dias, com um peso médio de 45 quilos, numa média geral. O que Verschoor busca é maior taxa de cordeiros por ovelha: hoje 50% dos partos são de gêmeos.
Embora a cadeia de ovinos ainda não esteja tão estruturada quanto a de bovinos e suínos, as assessorias técnicas para os produtores avançam em programas que incrementam a produção. A Embrapa tem um núcleo de ovinos no Ceará e estuda, entre outros temas, conforme o gestor de projetos de carne ovina, Fernando Henrique Albuquerque, o melhoramento genético para impulsionar o mercado de carne no país.
Albuquerque lembra que, independente do sistema usado, é importante reduzir custos e atentar para a situação sanitária do rebanho. “O sistema intensivo pode oferecer o melhor monitoramento do rebanho, mas é preciso estar atento para não elevar os custos de produção”, contrapõe.
Fonte: Gazeta do Povo
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