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Publicado em 29/09/2014
A indústria brasileira exportadora de carnes participou da maior feira de alimentação da Rússia tentando assegurar o espaço conquistado para o produto nacional após as barreiras impostas aos países da União Europeia, Estados Unidos e Austrália.
No último mês, a Rússia foi o principal importador das carnes bovina e suína produzidas no Brasil e a expectativa é de um crescimento nos volumes embarcados para o país a partir de setembro. A relação comercial com os russos, no entanto, ainda é considerada instável e o setor quer aproveitar o bom momento para fidelizar contratos.
– Historicamente há certa cautela em relação à Rússia, porque o setor não sabe até quando pode planejar e contar com a demanda desse mercado – afirma o vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rui Vargas.
Ele lembra que no passado o setor chegou a enfrentar crise de excesso de oferta e queda nos preços após elevar investimentos com foco no mercado russo.
A ABPA e a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) estarão em Moscou ao lado de representantes do Ministério da Agricultura para a World Food Moscow. O objetivo, de acordo com Vargas, é justamente reforçar as relações com o país.
– A participação na feira vai ser importante para estreitar e dar maior solidez às parcerias com os importadores locais, permitindo mais planejamento – explica.
O presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli, destaca que as exportações de carne para a Rússia apresentavam um movimento crescente mesmo antes do embargo às importações dos demais países. Ele, porém, reconhece que a viagem ao país acontece em um momento estratégico.
– A feira é importante neste momento, porque é um espaço onde você consegue estabelecer parcerias perenes. Vamos aproveitar para sentir de perto o clima desse novo cenário para as exportações, visitar o varejo, fazer essa interlocução – ressalta Camardelli.
Em agosto, o mercado russo foi principal destino das exportações de carne bovina brasileira. Segundo dados da Abiec, o País exportou 33,8 mil toneladas à Rússia, um aumento de 5,7% na comparação com agosto de 2013. Em receita, as vendas somaram US$ 147,2 milhões, valor que representa uma alta de 21% na mesma base de comparação.
Também no mês passado, o Brasil vendeu para a Rússia 14,5 mil toneladas de carne suína, com receita de US$ 70,7 milhões - valores que, segundo a ABPA, representam um crescimento de 16,2% e 82,5%, respectivamente. As exportações para Moscou representaram 35% do total embarcado em agosto.
– A Rússia vem crescendo sua participação dentro das exportações brasileiras de carne suína. A perspectiva é de um aumento gradativo. Em 2013, a participação foi um pouco superior a 20% e acredito que podemos chegar até 40% no final deste ano – projeta Vargas.
Para ABPA, também as exportações de carne de frango devem ser beneficiadas com a maior demanda Rússia. Segundo Vargas, hoje o mercado russo consome cerca de 9% da vendas externas do Brasil.
– Com certeza o segmento pode aumentar essa participação, mas é importante ressaltar que a Rússia já atende internamente grande parte da sua demanda por aves – lembra.
Camardelli evita fazer projeção sobre um possível aumento de demanda russa, mas acredita que o desempenho das exportações em setembro poderá ajudar a calcular uma estimativa. Ainda de acordo com ele, o Brasil possui oferta e capacidade ociosa da indústria que permitem atender "tranquilamente" a demanda antes preenchida por EUA e Austrália. Abiec e ABPA esperam que o auge dos embarques para Moscou aconteça entre outubro e novembro.
– A grande novidade é a liberação das exportações de miúdos, que vão partir do zero e apresentar um bom crescimento – comenta.
Fonte: Estadão, via PorkWorld
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