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Demanda russa aquece mercado de carnes

Publicado em 29/09/2014

Ainda que as estatísticas oficiais não revelem, o aumento da demanda da Rússia já sustenta os preços das carnes brasileiras, principalmente de aves e suínos. Fontes da indústria relatam incremento nos preços em dólar dos produtos destinados àquele país desde que Moscou anunciou que mais de 80 novos estabelecimentos de carnes (de frango, suína e bovina) do Brasil poderiam vender à Rússia, em 8 de agosto.

A medida foi um desdobramento da decisão da Rússia de retaliar produtos, como carnes e lácteos, provenientes dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e União Europeia, após sofrer sanções econômicas do grupo por conta do conflito na Ucrânia.

Uma das empresas que tem sido favorecida pela maior demanda da Rússia é a Aurora Alimentos, de Santa Catarina. Segundo o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, há um incremento de 30% nos volumes de carne de frango embarcados para a Rússia e os preços ao país subiram cerca de 12% na comparação com os valores negociados ANTES do embargo russo a americanos e europeus. Mas Lanznaster tem os pés no chão e avalia que o aumento da demanda é temporário. "Vai durar o tempo do conflito [da Rússia] com a Ucrânia".

No caso da carne bovina, também houve incremento de preços nas vendas à Rússia, mas já começa a haver pressão por parte de importadores por redução. Uma fonte de frigorífico afirma ter ocorrido um avanço entre 5% e 10% na cotações em relação aos preços anteriores à retaliação russa aos EUA e à UE. "Não é muita coisa, mas o suficiente para aquecer o mercado", diz. Segundo a mesma fonte, a alta só não foi maior por conta da queda do real ante o dólar - com isso, as empresas recebem mais reais a cada dólar negociado.

Os russos compram sobretudo cortes de dianteiro do Brasil, cotados hoje entre US$ 4,5 mil e US$ 5 mil por tonelada. Também demandam os chamados "cortes da roda", como coxão mole. Outra fonte da indústria diz que "a percepção é de que os preços de venda para o mercado russo bateram no teto". Ele lembra que a menor oferta de carne bovina no mundo já vinha sustentando os preços de venda para a Rússia mesmo antes das sanções.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústria Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Camardelli, uma elevação mais significativa nas exportações de carne bovina para a Rússia só deve ocorrer no fim de setembro, com os primeiros embarques de miúdos - o país ficou cerca de cinco anos sem exportar. "Acredito que vamos ter variação positiva no fim do mês, com os negócios de miúdos", diz Camardelli. Até agora, porém, o fluxo de embarques de carne bovina para a Rússia segue "normal", segundo ele, e não houve grandes alterações nos preços.

Em carne suína, a avaliação é de que a Rússia já vinha ampliando as compras do Brasil e que esse movimento continua. "Desde fevereiro e março, o volume comprado pela Rússia vem subindo", afirma Rui Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA. Nas primeiras três semanas de setembro, o país comprou 11,4 mil toneladas de carne suína do Brasil - mais de 40% do total de 24 mil toneladas vendidas, segundo dados da Secex compilados pela ABPA. Em março, essa taxa era de 22%. O valor das vendas no período alcançou US$ 58 milhões ANTE US$ 32,2 milhões de todo mês de setembro de 2013.

Fonte: com informações de Valor Econômico, via Avisite

 

 

 

 

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