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Publicado em 29/09/2014
Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina decidiram agir de forma coordenada na pecuária leiteira para assumir a liderança nacional da produção, embora ainda registrem guerra fiscal que faz, por exemplo, o leite gaúcho chegar ao mercado paranaense mais barato que a produção local. Esse é um dos temas centrais da Aliança Láctea Sul Brasileira.
O movimento ganhou força nas últimas três semanas. Envolve secretarias de Agricultura, órgãos de defesa agropecuária, pesquisa e extensão rural e representantes da indústria dos três estados. Hoje, a Região Sul é responsáveis por um terço da produção nacional de leite, com cerca de 11 bilhões de litros ao ano. Houve expansão de 85,75% em uma década, o índice mais elevado do país.
O objetivo do trio é melhorar produção e a industrialização para ganhar novos mercados. Os estudos iniciais apontam que paranaenses, gaúchos e catarinenses têm potencial para dominar as exportações brasileiras, que prometem chegar a 5 bilhões de litros até 2020. A projeção considera taxas de crescimento anual na coleta acima de 5%, índice compatível com os registrados nos últimos anos.
Para acessar novos mercados, tanto no Brasil como no exterior, a Aliança Láctea pretende propor regras e criar políticas públicas que incentivem os produtores a cuidar do rebanho e a oferecer leite de alto padrão. O estímulo deve vir do pagamento diferenciado por qualidade.
O desafio imediato é destravar o comércio interestadual. “Hoje para entrarmos no mercado de São Paulo precisamos pagar 14% mais tributos que as indústrias de lá. O governo local dá benefício, um crédito presumido, que incentiva a produção e a indústria e restringe a entrada de produtos de fora”, afirma Wilson Thiesen, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Paraná (Sindileite-PR).
A guerra fiscal ocorre mesmo entre os três estados sulistas. Boa parte do leite longa vida consumido no Paraná vem de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até de Mato Grosso do Sul, de acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Não fosse o fato de o estado ter uma das bacias leiteiras mais produtivas do país e um parque industrial moderno, isso não seria problema.
Acontece que a tributação atual prioriza a exportação de leite cru e a importação de industrializados até mais baratos, confirma Otamir Martins, secretário de Agricultura em exercício no estado. “Temos de mudar isso”, crava.
Rio Grande do Sul e Paraná terão de alcançar status sanitário de Santa Catarina
Além da guerra fiscal, a Aliança Láctea Sul Brasileira terá grupos de trabalho que vão tratar de temas como o apoio técnico dado aos pecuaristas nos três estados e o pagamento de bônus para leite de melhor qualidade. A ideia é que os projetos com bom desempenho sejam tomados como referência regional.
Paraná e Rio Grande do Sul precisam alcançar o status sanitário de Santa Catarina, único estado livre da aftosa sem vacinação no país. Outro ponto forte catarinense é o fato de 100% do rebanho ser rastreado. O animal que não possui brinco é considerado sem registro e sacrificado.
Santa Catarina busca agora eliminar tuberculose e brucelose, assim como os dois estados vizinhos. “Em 2013 fizemos um diagnóstico. Agora estamos com o programa de retirada desses animais do campo e indenizando os criadores. Pagamos preço de boi gordo e, se tiver registro, 50% de acréscimo”, relata Airton Spies, secretário estadual de Agricultura e Pesca.
Outra meta de ampla repercussão no grupo é a implantação da Instrução Normativa (IN) 62, que determina padrões de qualidade. “Nem todos os produtores conseguem sozinhos cumprir essa legislação, porque precisam de apoio, assistência técnica”, afirma Maria Silvia Digiovani, assessora técnico-econômica para bovinocultura de leite da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). “Muita coisa se melhora somente com mais higiene na ordenha. São coisas simples que um grande número de produtores já faz, mas queremos que todos façam.”
Para evitar novas fraudes na adulteração do leite o setor aposta no pagamento diferenciado pelo produto de alta qualidade. “É preciso incentivar quem produz leite bom e punir que produz leite ruim. Ou seja, valorizar ou depreciar o produto”, diz Spies.
Importância para a indústria animal paranaense
A biotecnologia para a biosseguridade constitui uma das visões do "futuro desejado" abordado na Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense. A visão da indústria do Paraná como articuladora de competências em biotecnologia para a biosseguridade coloca em relevo a capacidade de identificar e mobilizar todas as competências biotecnológicas necesssárias para garantir a biosseguridade da indústria animal paranaense. Esta visão tem como pressuposto que a biotecnologia é uma ferramenta fundamental para a biosseguridade. O eixo principal de atenção são as vacinas- recombinantes e de DNA, o diagnóstico molecular e a genômica.
Fonte: Gazeta do Povo
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