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Publicado em 24/07/2014
A produção avícola é uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento do Brasil por consumir grande parte dos ingredientes produzidos e transformá-los em proteína animal (carne e ovos) com melhor valor agregado. A avicultura do país cresceu em volume e principalmente em parâmetros de produtividade nos últimos anos, ocupando a terceira colocação como produtor mundial e maior exportador.
A grande dificuldade enfrentada pelos avicultores é com a alimentação,
que representa aproximadamente 70% dos custos da produção.
No Brasil as rações para avicultura são tradicionalmente formuladas com milho e farelo de soja. Estes
ingredientes são negociados em bolsas de mercadorias e qualquer oscilação de oferta ou demanda destas
commodities acarreta na oscilação dos preços, o qual é repassado para o valor da carne e ovos,
e refletido no custo da cesta básica. O setor avícola não tem como absorver toda oscilação,
pois a margem de lucratividade é estreita.
A nutrição é responsável pelo maior custo individual do
segmento e interfere também na qualidade do produto final a ser oferecido ao mercado, na quantidade e qualidade do
resíduo gerado. O grande desafio das empresas é referente à formulação de rações
visando principalmente o ganho de peso e conversão alimentar, isto é, melhor conversão da quantidade
de ração consumida em carne e ovos. Com a melhora da conversão alimentar é possível preservar
o meio ambiente através da otimização da utilização de grãos.
Para garantir o desenvolvimento do setor, os produtores precisam planejar e administrar
suas operações de forma segura. Uma das possibilidades para diminuir os custos é a utilização
de ingredientes alternativos, que podem substituir parcialmente e, em alguns casos de forma integral, as fontes tradicionais
de energia e proteína. O sorgo é um exemplo, mas é necessária uma avaliação criteriosa
para não acarretar em baixo resultado zootécnico.
Uma técnica que tem se tornado cada vez mais tradicional é a formulação
de dietas para aves com base no conceito de proteína ideal e em aminoácidos digestíveis. A principal
vantagem deste processo é que as dietas são formuladas com maior precisão por serem atribuídos
valores de digestibilidade para cada aminoácido dos ingredientes, e com isto os níveis empregados são
próximos aos que os animais necessitam.
A indústria animal tem pesquisado novos
conceitos nutricionais para a avicultura: utilização de aditivos como probióticos, prebióticos,
minerais orgânicos, enzimas (fitase, carboidrases, proteases, xilanases, amilases), ácidos orgânicos e
antioxidantes. Recentemente, produtos como probióticos e prebióticos começaram a ganhar destaque por
serem alimentos funcionais, possibilitando a redução de doenças e por propiciarem melhor qualidade intestinal
e saúde animal. O uso de enzimas exógenas na alimentação de aves reduz os fatores antinutricionais
dos alimentos; aumenta a digestibilidade de amidos, proteínas e minerais; quebra ligações específicas
que indisponibilizam os nutrientes e reduz a variabilidade do valor nutritivo entre alimentos melhorando a eficiência
das formulações. Os alimentos funcionais podem ser definidos como produtos alimentícios, que além
de conter os nutrientes básicos essenciais possuem a condição específica para beneficiar o hospedeiro
através de melhorias na saúde.
Durante a fase pré-inicial, as aves têm a anatomia e a fisiologia do aparelho digestivo diferenciado e apresentam um rápido potencial de crescimento e as necessidades nutricionais são específicas em função da dificuldade em digerir e absorver certos nutrientes. Na formulação de uma ração pré-inicial temos que considerar alguns aspectos como: exigência nutricional, tipo e qualidade dos ingredientes. É fundamental um rígido controle de qualidade para maximizar a capacidade digestivo-absortiva. Logo após o nascimento, os pintinhos têm dificuldade de consumir ração na forma farelada e preferem ração com um diâmetro levemente inferior ao tamanho de sua glote e as rações minipeletizadas e/ou trituradas proporcionam melhores resultados por apresentarem um tamanho de partícula apropriada à ingestão.
O investimento nutricional feito nesta fase acaba sendo convertido em melhor resultado
zootécnico e lucratividade. É importante frisar que os níveis nutricionais, a escolha dos ingredientes,
o controle de qualidade das matérias-primas utilizadas, o processamento e a tecnologia de fabricação
são fatores fundamentais para o sucesso da nutrição pré-inicial.
Nas demais fases (crescimento,
engorda e abate) é importante avaliar se o desempenho das aves está adequado através do monitoramento
do peso, isenção de doenças e conversão alimentar. Já na dieta para poedeiras, o nível
de energia da dieta é considerado o ponto de partida na formulação destas rações. Na avicultura
a proteína e a energia são os fatores mais caros no custo de produção, sendo determinantes na
produção de ovos. Com o aumento da ingestão de energia há um incremento na produção
de ovos. É indispensável a atenção na relação entre cálcio e o fósforo
para se ter um bom desenvolvimento ósseo, produção de ovos e para o nível de sódio na dieta,
pois este interfere diretamente no metabolismo de absorção dos nutrientes.
A constante evolução genética das aves associadas às técnicas
de manejo, nutrição, ambiência, controle de enfermidades, automação de equipamentos e principalmente
os avanços na nutrição são fatores que possibilitaram a grande evolução da avicultura.
Um ponto importante a ser frisado, é que nunca houve a utilização de hormônios. O alto desempenho
das aves é resultado da combinação de inúmeras pesquisas nas áreas de nutrição,
manejo, ambiência, sanidade e profissionalismo de todo o segmento.
*João Carlos de Angelo– zootecnista e gerente Técnico/ Negócios de Aves e Suínos da Guabi
Fonte: Avicultura Industrial
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