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Publicado em 22/07/2014
Ganhar o mercado nacional de suplementação de ração de aves, suínos e bovinos é uma das pretensões da indústria norte-americana Alltech, que vai inaugurar, em 2015, no Paraná, a primeira planta de produção de “ervas marinhas” do Brasil.
O primeiro passo é convencer o produtor de carne. A promessa é um benefício duplo: ricas em ácidos graxos, as algas melhoram a saúde dos animais e valorizam o alimento que sai dos viveiros para frigoríficos e supermercados, segundo os especialistas.
Em média, o farelo de soja corresponde a 20% da composição das rações usadas no campo. A farinha de algas pode reduzir esse índice e funcionar como um novo complemento. Elas são fontes de proteína e de ômega 3 – ácido que não é sintetizado pelo organismo e, quando ingerido, auxilia na redução do colesterol ruim. E funcionarão como atrativo diante da legião de consumidores em busca de uma vida mais saudável.
O uso de algas permite a produção de carnes ou ovos “enriquecidos”, com a inclusão de nutrientes ausentes em frangos e porcos, aponta o vice-presidente da Alltech para a América Latina, Guilherme Minozzo. Além do colesterol ruim, o ômega 3 é apontado como redutor dos riscos de câncer.
O aditivo já está à venda e deve entrar na cadeia alimentar nos próximos meses. Os custos ainda são uma incógnita. “Queremos que o animal se desenvolva de uma maneira rápida e que a indústria também possa pagar esse custo por meio [do preço final] de um produto diferenciado no mercado”, indica Minozzo.
O aumento dos custos de produção deve ser o principal obstáculo das algas como suplemento nutricional para os animais. “A realidade é que esse mercado só ganhará evidência caso alternativas sejam encontradas para se baratear o processamento da alga”, afirma pesquisador e coordenador de Engenharia Agronômica do Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (Unifeob), Diogo Fleury Azevedo Costa.
A passagem dos nutrientes contidos nas algas para humanos é facilitada no caso de frangos e leitões, mais do que na carne bovina, segundo Costa. “Em aves e suínos não há o processo de biohidrogenação que altera o perfil dos ácidos graxos depositados na gordura, como ocorre em ruminantes”, explica.
Com mais de 800 mil espécies conhecidas, as algas podem acrescentar uma série de benefícios à dieta dos animais, compensando os custos. O pesquisador Thiago Melo Vasconcellos, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha (UFVJM), desenvolveu pesquisa utilizando uma alga rica em cálcio como complemento de ração de frangos. “O nutriente vindo das algas é mais facilmente absorvido pelas aves e resultou em cascas de ovos mais fortes, reduzindo os prejuízos no transporte”, destaca.
Contudo, a ideia não foi reproduzida em larga escala e também sofreria com o gasto para se processar as algas. “A vantagem é que elas são um recurso renovável, mas a extração acaba sendo mais cara do que as tradicionais fontes usadas nesse caso”.
O vice-presidente para Assuntos Corporativos da Alltech, Mark Lyons, conta que a empresa tem pesquisas em 30 países para melhorar as formas de produzir algas. “Foi difícil no início, mas o conceito de usar algas já está mais acessível entre clientes. Queremos criar tendências”, afirma.
Interesse: Mercado vai testar o potencial da ração reforçada
A disponibilidade de um complemento à ração animal, mesmo com aumento de custos, é positivo, avalia o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani. “Não devemos nos pontuar só pelo preço, mas também pelos benefícios da nutrição, capaz de diminuir a excreção de substâncias indesejáveis, diminuir a emissão de gases do efeito estufa e oferecer ganhos de desempenho e metabolismo dos animais”, considera.
O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar) também destaca a inovação e diz ser importante a oferta de novas matérias-primas que resultem e alimentos mais saudáveis. Quanto mais diversificada, menos a ração depende do preço de um ou de outro ingrediente.
Microalgas: Experimento em Santa Catarina promete ganhos ambientais
Resíduos químicos do abate de frangos podem ser tratados com microalgas. E o resultado é água limpa e aditivo nutritivo para a ração das próprias aves.
A tecnologia está sendo desenvolvida pela Brastax, uma empresa que surgiu dentro da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina. Segundo o sócio-diretor Ariel Rinnert, a microalga Heamatococcus pluvialis é introduzida na água usada para a limpeza dos locais de abate, se aproveitando de resíduos para crescer e reproduzir. Ela se transforma em biomassa rica em astaxantina – antioxidante mais potente que a vitamina E.
“Essa substância dá aquela coloração vermelha ao salmão e já é usada na ração de peixes. Além do efeito antioxidante, a microalga é rica em ômega 3 e ainda estamos estudando outras aplicações”, explica.
Os grupos de trabalho "Valor Econômico dos Resíduos e Subprodutos da Indústria Animal" e "Competência e Inovação em Nutrição Animal" da Articulação das Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense (Sistema Fiep - Observatórios Sesi/Senai/IEL) discutem e realizam projetos na área de aproveitamento dos resíduos e subprodutos da indústria animal e inovação em nutrição animal, respectivamente.
Fonte: Gazeta do Povo e Observatórios SESI/SENAI/IEL
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