e receba nosso informativo
Publicado em 16/06/2014
O Paraná vai abrigar a primeira unidade produtora de algas para a indústria de ração animal do Brasil. A Alltech, uma das multinacionais líderes mundiais nesse ramo, anunciou ontem um investimento de R$ 140 milhões para ampliar sua fábrica no município de São Pedro do Ivaí, no Norte do Paraná. O empreendimento promete abrir 50 vagas diretas de empregos e outras 150 indiretas. A nova estrutura, dedicada à fermentação de algas, será erguida nos mesmos moldes da unidade que a empresa mantém há quatro anos nos Estados Unidos, no estado de Kentucky.
A unidade hoje é responsável pela maior produção de leveduras da empresa norte-americana, que está presente em mais de 150 países no mundo. A nova fábrica fermentará algas para extrair um ácido graxo chamado DHA (ácido docosa-hexaenoico). O aditivo é utilizado na ração de animais, como bovinos de corte ou de leite, frangos e suínos.
O DHA é uma espécie de gordura boa, tal como o Ômega 3, e será fornecido pela empresa em duas frentes. A primeira como aditivo para a ração de peixes e animais de estimação, em um mercado que já conhece os benefícios da substância como anti-inflamatório e para o coração. A segunda frente, mais complexa, porém com maior potencial de faturamento, é o uso do DHA como alimento funcional para humanos. "A intenção é que aumente o uso do DHA pela indústria de carne, leite e ovos, que fornecerão produtos enriquecidos sobretudo para crianças e pessoas na terceira idade", afirma o vice-presidente da Alltech para América Latina, Guilherme Minozzo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão de cerca de 200 miligramas de DHA por dia e elenca, entre os benefícios, desde o aumento de memória e de capacidade de aprendizado, melhora da visão, até aumento da imunidade e de controle da pressão arterial. "Teremos um importante trabalho de marketing para mostrar os benefícios do DHA e como a indústria poderá usá-lo."
O mistério é a espécie de alga a ser produzida. Segundo o vice-presidente da empresa, serão utilizadas milhares de espécies com benefícios diversos. Minozzo afirma que a Alltech descobriu uma espécie em que o processo de autólise (autodestruição das células) permite a extração da substância. "É nosso segredo". A única informação disponível é que se trata de uma alga heterotrófica, isto é, que não usa a fotossíntese para se alimentar e sim outro organismo vivo.
No Brasil, houve uma tentativa de utilização maior de algas nos anos 2000, mas para a produção de biocombustíveis. A falta de escala e, portanto, de preços competitivos fez com que empresas como a Solazyme, que apostavam no uso do organismo, optassem por fornecer o produto a outros setores.
Estratégia
Ele afirmou que a fábrica faz parte de uma estratégia da empresa para crescer 20% ao ano no país. Com a reestruturação da planta, a expectativa é faturar R$ 500 milhões em três anos, ampliando a participação no mercado interno e conquistando também clientes no exterior.
Desde 1993 no Paraná, a Alltech também tem uma fábrica em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, especializada em nutrientes líquidos e complexos minerais. Recentemente, a empresa também adquiriu uma outra estrutura em Indaiatuba, no interior de São Paulo.
Os investimentos foram enquadrados no programa Paraná Competitivo, que prorroga o pagamento de Imposto de Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). De acordo com o secretário estadual da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Horácio Montescio, o aporte mostra o empenho do governo em fomentar o desenvolvimento em todas as regiões do estado, principalmente no interior. A previsão é que a fábrica de algas fique pronta no ano que vem.
Empresa quer atender aquicultura e alimentação de pets
A empresa norte-americana investe no Paraná de olho em dois mercados considerados promissores no país: a aquicultura e animais de estimação. Só para deixar os “pets” de barriga cheia são consumidas mais de 2,3 milhões de toneladas de ração por ano, segundo o vice-presidente da Alltech para a América Latina, Guilherme Minozzo.
As algas e leveduras produzidas pela empresa, ricas em nutrientes como Ômega 3, são misturadas a outros componentes e vendidos à indústria, uma espécie de suplementação para a ração. Segundo Minozzo, empresas apostam nessa tecnologia para beneficiar a qualidade de vida dos animais. Os alimentos à base de algas são considerados mais saudáveis e naturais. Além disso, contribuem para a retenção de nutrientes importantes.
No caso dos peixes, além de melhorar a qualidade do animal, as substâncias agregam valor na hora da comercialização, já que o corpo humano não produz Ômega 3, só o retém através do consumo de alimentos ricos nessa substância, considerada essencial à saúde. “Nossa primeira preocupação é com a saúde animal e, por consequência, com o consumidor”, afirma o vice-presidente.
Informações: Gazeta do Povo e Valor Econômico
Envie para um amigo