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Bovinos são sacrificados em Mato Grosso como medida de controle para "Vaca Louca"

Publicado em 30/04/2014

Quarenta e nove cabeças foram abatidas em atendimento aos protocolos internacionais.
clique para ampliar>clique para ampliarAbates e incinerações realizados no Mato Grosso atendem exigências da OIE. (Foto: camaru.org.br)

Quarenta e nove bovinos foram sacrificados e incinerados em Mato Grosso, dia 26 de abril, por terem convido com um animal que apresentou suspeitas do mal da vaca louca, cientificamente chamada de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). O caso que está sendo tratado com muita cautela pelas autoridades sanitárias do Estado, se confirmado, será o primeiro do país e pode colocar em risco a viabilidade econômica da atividade, já que restrições ao comércio exterior são certas, bem como a queda do preço da arroba no mercado interno. Na região onde há suspeita da doença, pecuaristas contam que em menos de uma semana os preços recuaram de R$ 2 a R$ 4 por arroba.

Os animais sacrificados eram da mesma fazenda de onde saiu a vaca com suspeitas da doença. Eles deixaram a propriedade em Porto Esperidião (260 quilômetros ao oeste de Cuiabá) para serem abatidos na unidade JBS-Friboi de São José dos Quatro Marcos (320 quilômetros ao oeste de Cuiabá). Como explica o superintendente federal do Ministério da Agricultura e Pecuária (SFA/Mapa), em Mato Grosso, Chico Costa, o procedimento não indica a existência da EEB. “O abate e a incineração dos animais que conviveram com a vaca sob suspeita atendem às premissas dos protocolos internacionais de sanidade animal. Esse descarte não agrava a situação sanitária do Estado e do Brasil e nem confirma que o mal daquele animal seja real. É uma medida de segurança e precaução”.

Vários técnicos do Mapa e do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea/MT) acompanharam a operação de descarte do começo ao fim. Amostras sorológicas foram recolhidas antes do abate e seguiram para o Laboratório Nacional Agropecuário, em Recife. Costa frisa nenhum dos animais abatidos no sábado apresentava qualquer sintoma da doença. Os quase 50 bovinos serão ressarcidos ao proprietário pelo Fundo Emergencial de Saúde Animal (Fesa/MT), que dispõe de recursos para situações como essas. Sobre o proprietário dos animais, Costa disse que é um homem já de idade, dedicado à atividade e muito prestativo. “Ele está disponível e prestando todas as informações necessárias”.



“A preocupação é grande”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos e presidente da Associação dos Produtores de Leite (Aproleite), Alessandro Casado. Apesar do momento de atenção, o segmento na região está satisfeito com a ação pontual do Mapa, mas lamenta que por coincidência ou não, o preço da arroba do boi e da vaca caiu cerca de R$ 2 a R$ 4 em menos de uma semana. “Os frigoríficos estavam pagando entre R$ 112 a R$ 120/@, pelo boi e até R$ 105, à vaca. Agora o boi tem oferta a partir de R$ 108/@ e a fêmea adulta, R$ 103/@. Como o mercado não sinalizava nenhuma queda, pelo contrário, há uma expectativa de aquecimento pela demanda, acreditamos – mesmo sem a confirmação das indústrias – que essa retração inesperada seja um impacto ou um pretexto advindo da suspeita de vaca louca”.

Sobre o proprietário, Casado endossa o perfil do pecuarista como uma pessoa dedicada que vive exclusivamente da atividade, realiza as três etapas da criação (cria, recria e engorda) exclusivamente a pasto (capim e sal mineral) e que só vende para frigoríficos. “Se for mesmo a vaca louca, será um caso atípico, até porque a doença só atinge animais de até seis anos. A vaca sob suspeita tinha 12 anos”. 

No dia 24 de abril, o Mapa confirmou que está investigando um caso de suspeita do mal da vaca louca, no Estado. Até o momento, as investigações indicam que se trata de uma única suspeita de caso atípico de EEB, já que o animal foi criado exclusivamente em sistema extensivo (a pasto e sal mineral) e abatido em idade avançada, com cerca de 12 anos de idade. Essas são as principais características de um caso atípico de EEB, pois ocorre de forma esporádica e espontânea, não relacionada à ingestão de alimentos contaminados, como é mais comum para esta enfermidade.

O bovino analisado foi enviado para abate no dia 19 de março. Durante a inspeção ante mortem, o fiscal federal agropecuário responsável pela fiscalização no frigorífico observou que havia um animal deitado e com aparente desconforto neurológico. Com esse quadro, o animal não foi considerado apto ao abate de rotina, sendo direcionado ao descarte de emergência e submetido à colheita de amostras para o teste de EEB.

O resultado dos exames realizados em Recife detectou a marcação priônica, ou seja, deu positivo para doenças que afetam as estruturas cerebrais, mas o laudo que vai apontar se o distúrbio neurológico é de fato EEB será divulgado amanhã, dia 30. Conforme os protocolos brasileiros a amostra sorológica da vaca mato-grossense foi enviada ao laboratório de referência internacional da OIE, em Weybridge, na Inglaterra.

Informações: Diário de Cuiabá

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