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Publicado em 10/09/2013
Cruzamentos genéticos desenvolvidos nos últimos oito anos por produtores do Paraná ligados ao Poolabc (Arapoti/Batavo e Castrolanda) – entidade que integra um seleto grupo de cooperativas de sucesso do país formado por 754 sócios – identificou uma nova raça híbrida com alto potencial econômico.
O Simlandês, formado a partir da combinação de genes de animais das raças Simental e Holandês, foi apresentado oficialmente em agosto durante a Agroleite (Castro/PR), umas das principais feiras da pecuária leiteira. Os resultados técnicos apresentados durante o evento vão reforçar o pedido de registro da raça junto ao Mapa – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – encaminhado pela Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil (ABCRSS)
Testes realizados em duas propriedades com controle de produção em animais em lactação demonstraram que as características da raça Simental em qualidade de leite são passadas com grande intensidade para as fêmeas F1 (vacas resultantes do cruzamento entre raças puras). As vacas em lactação mostraram excelentes porcentagens nos indicadores zootécnicos de efeito econômico: em média, o leite produzido obteve 3,98% de gordura, 3,45% de proteína e a lactose sempre acima da casa dos 4% com contagem de células somáticas (CCS) muito baixas, isto são 65 CCS, indicando uma excelente sanidade de úberes. A média da Cooperativa está próxima de 450 CCS.
“Isto indica que o leite da vaca Simlandês não perde em nada para a vaca Simental pura, e com produção média na primeira cria em torno de 35 litros/dia”, explica Luiz Geraldo Barreto Almeida, coordenador da Agroleite e um dos pesquisadores da nova raça.
A vaca F1 mais velha na região de Carambeí pertencente ao criador Alberto Reinaldo Los, Tieta Von Morello de sete anos de idade, está na quinta cria com o menor intervalo entre partos de 345 dias.”Isto mostra uma fertilidade muito boa, vaca esta que teve seu pico de lactação com 70 quilos de leite/dia”, completa. No rebanho de Alberto Reinaldo Los (Fazenda Bela Vista, Carambeí/PR) existem dezenas de vacas na mesma condição, sendo mais de 30% do rebanho composto por animais Simlandês, mesmo ele sendo tradicional criador de vacas Holandesas.
Efeito no bolso
Há pelo menos trinta anos, o cruzamento é feito nas fazendas da Europa.
A diferença é que no Brasil, o Simental já está adaptado ao clima tropical e torna-se uma alternativa
competitiva aos cruzamentos hoje feitos com raças zebuínas. “O Simlandês torna-se uma excelente
alternativa para a pecuária leiteira brasileira em função do alto teor de sólidos e baixa contagem
de células somáticas (CCS), pois com o pagamento por qualidade de leite, estes fatores rendem ao produtor hoje,
um acréscimo em torno de R$ 0,06 por litro de leite pago pelo laticínio”, lembra Alan Fraga, criador e
presidente da Abcrss.
O pagamento por sólidos totais (% na forma de proteínas, lactose, gordura, sais minerais e outros componentes de menor presença no leite) é a chave para o Brasil se tornar grande exportador de lácteos, caminho que seguiram a Nova Zelândia e Austrália, para se consolidarem no mercado mundial.
As vacas Simlandês também provarem ter maior longevidade do que a média de vida util de uma Holandesa HPB: enquanto estas chegam ao máximo próximo dos cinco anos, existem casos comprovados de vacas na Áustria com mais de 15 anos e produzindo. As vacas Simlandês descartadas do rebanho também estão gerando uma renda superior. “A fêmea Simlandês de descarte rende em média 25 arrobas (algo como 375 quilos de carne), que a preços de hoje dá algo próximo de R$ 2.000,00 equanto uma Holandesa HPB (em lactação) no descarte rende R$ 400,00 no máximo”, aponta Almeida.
Outro fator que faz a diferença é o aproveitamento dos machos F1, que são criados confinados alcançando
500 kg de peso vivo aos 13 meses, dando aos produtores uma renda extra. O bezerro holandês, por exemplo, é vendido
na região de Castro/PR ao nascer por R$ 10,00 sem aproveitamento nenhum.
Informações de Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental e Simbrasil.
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