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Publicado em 29/08/2013
Uma reportagem publicada em 30 de julho na Gazeta Russa, jornal e site em português da “Rossiyskaya Gazeta”, revela que as autoridades russas do setor acusam defeitos sistemáticos na produção brasileira de carne suína. O assunto é preocupante para os dois países, já que o Brasil é o maior exportador do produto para o mercado russo. De toda a exportação brasileira de carne suína, 28,7% vão para a Rússia.
O futuro da parceria comercial russo-brasileira no setor se tornou incerto desde que as agências regulatórias da Rússia identificaram a substância estimuladora de crescimento muscular ractopamina no processo de produção dos fabricantes brasileiros. “Se as avaliações das novas inspeções de produtores da carne suína brasileira não mudarem, a importação desse produto poderá ser proibida”, avisou Sergei Dankvert, chefe do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária (Rosselkhoznadzor).
“Há uma série de defeitos sistemáticos no funcionamento da agência veterinária brasileira, em múltiplas situações”, afirmou uma fonte do Rosselkhoznadzor à Gazeta Russa. Umas dessas falhas se refere ao programa nacional de análise de qualidade, que exige testes com um número de amostras de matéria-prima e produto pronto inferior à quantidade necessária para garantir a segurança de todo o volume do produto fornecido. Além disso, nos últimos anos, as instalações e ambientes dos fabricantes inspecionados não foram submetidos ao monitoramento do conteúdo de mercúrio, pesticidas, dioxina e radionuclídeos.
Os resultados das inspeções anteriores apontaram contaminação da carne produzida com listeria, salmonella, bactérias Escherichia coli e antibióticos do grupo das tetraciclinas. Este ano, o conteúdo residual de ractopamina, segundo Dankvert, será verificado em 30 amostras da carne de vaca e na mesma quantidade de amostras da carne suína da origem brasileira. “No momento, o Brasil possui 29 milhões de suínos, portanto, não há nenhuma garantia de segurança desse tipo de carne em termos de ractopamina”, acredita especialista.
A última missão de inspetores russos no Brasil foi realizada entre o final de junho e meados de julho deste ano, com o objetivo de verificar o cumprimento das exigências da União Aduaneira (grupo formado por Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão) referentes ao uso de ractopamina no processo de produção por 16 fornecedores de carne suína brasileira.
Por ordem da Rosselkhoznadzor, estabelecida em dezembro de 2012, as agências veterinárias brasileiras, mexicanas, americanas e canadenses devem anexar os comprovantes de ausência de ractopamina, uma substância proibida em outros 159 países, nos certificados emitidos para exportação dos seus produtos. Inclusive, a descoberta de ractopamina nos intestinos do gado bovino brasileiro levou ao embargo à importação do produto desde abril deste ano.
As novas medidas adotadas pelo governo russo em combinação com a suspensão temporária de importação da carne suína brasileira emitida pelas autoridades ucranianas, em vigor entre março e junho deste ano, reduziram o volume de exportação da carne suína brasileira a até 240,5 mil toneladas – 10% a menos do que no mesmo período do ano passado.
Em entrevista à “Gazeta Russa” , Roberto Azevêdo, diplomata brasileiro que assumirá o cargo do diretor da Organização Mundial de Comércio a partir de 1.° de setembro, afirmou que, considerando os embargos temporários à importação da carne nacional anunciados anteriormente, o Brasil não apresentou à OMC nenhuma queixa referente à decisão do governo russo. “Preferimos resolver nossos conflitos sem ajuda de terceiros, e espero que as autoridades russas e brasileiras encontrem a melhor solução para ambas as partes”, afirmou o diplomata.
Informações de Gazeta Russa.
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