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Publicado em 23/08/2013
O cenário da piscicultura no Rio Grande do Sul está prestes a ser modificado com a difusão de um sistema
de cultura limpo que promete maior produtividade e menor impacto ambiental, além de melhorias no sabor da carne do
peixe e no retorno financeiro ao produtor. “Ainda dá para avançar”, aponta o autor da pesquisa,
Leonardo José Gil Barcellos, professor de Fisiologia Animal e Aquicultura na Universidade de Passo Fundo (UPF), que
recebeu o troféu do Jornal do Comércio (JC) na categoria Alternativas Agrícolas. Apesar da modéstia,
o docente admite que o estudo traz ótimos resultados para quem o utiliza.
Desenvolvido há 10 anos
por pesquisadores da faculdade de Agronomia e de Medicina Veterinária da UPF, a alternativa ao método tradicional
no Estado (policultivo de carpas com a criação de quatro espécies desta família) insere o jundiá (peixe
nativo) e a tilápia (africana) no sistema de cultivo de pequenas propriedades rurais da região Norte, formando
um sistema de seis espécies. “Tínhamos uma demanda grande no sentido de encontrar um sistema mais vantajoso
do que o que costuma ser utilizado pela maioria esmagadora de produtores, mas que tem uma produtividade muito baixa, em torno
de 40% menor que a que desenvolvemos”, argumenta Barcellos.
Segundo o professor, apesar da vantagem de exigir
uma tecnologia mais simples, o policultivo de carpas também apresenta problemas de aceitação de mercado.
“Demorou, mas conseguimos chegar a um modelo que pode ser considerado de baixo impacto ambiental com a inserção
destas duas novas famílias”, celebra Barcellos, destacando que, por terem uma sinergia entre elas, as seis espécies
consomem todos os recursos do açude. “Assim, quando sai do tanque, o efluente vai para a natureza com uma quantidade
de fósforo muito menor do que a média do outro modelo.” Da forma tradicional, ao serem abertos os tanques
para a retirada dos peixes no final do ciclo de cultivo, milhares de litros de água vão para o rio cheios de
nutrientes. “Mas, com o acerto das quantidades de cada espécie e da alimentação de cada uma, foi
possível promover uma redução drástica na quantidade de fósforo”, reforça,
explicando que o nutriente se forma a partir dos restos de ração, excreta, acúmulo no solo e adubo.
No sistema proposto pela UPF, a tilápia serve com filtrador, aproveitando os nutrientes que seriam despejados na natureza. “Além disso, trata-se de um peixe muito aceito no mercado. “Já a introdução do jundiá neste cultivo é a primeira etapa para que, no futuro, possa-se pensar em capacitar produtores a fazer cultivos mais intensivos somente desta família”, completa o professor, explicando que a diferença tecnológica para o cultivo de jundiá é muito superior à utilizada no cultivo de carpas.
Projeto para melhoramento genético do jundiá - Articulação da
Rota Estratégica de Biotecnologia Animal
O grupo de trabalho “Formação de banco de
dados de animais com potencial para o melhoramento genético” da Articulação da Rota Estratégica
de Biotecnologia Animal está discutindo a criação de um programa de domesticação da espécie
jundiá, envolvendo programa de cruzamentos, nutricional, sanitário e de aprimoramento de manejos. O projeto
conta com o apoio da UPF, UFPR, UFSC, Epagri e de outras Instituições de Pesquisa da região Sul.
Informações de Jornal do Comércio.
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