e receba nosso informativo
Publicado em 23/08/2013
Quando o Centro de Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
foi inaugurado, em 1988, o professor João Carlos Deschamps figurava entre os fundadores daquele que seria um dos poucos
e principais espaços para o desenvolvimento de conhecimento na área. Vinte anos depois, o centro iniciava o
curso de graduação em Biotecnologia, o primeiro do Rio Grande do Sul e o sexto no País, embora já
contasse com a pós-graduação desde 1994.
Graduado e pós-graduado em Medicina Veterinária,
Deschamps é atualmente professor permanente de pós-graduação em Biotecnologia da UFPel. Com
formação direcionada à biotecnologia reprodutiva, o professor destaca que o grande salto da área
foi a descoberta da possibilidade de congelamento do sêmen, garantindo possibilidade de estudos e desenvolvimento de
técnicas que garantem resultados em várias áreas. A pesquisa sobre preservação do sêmen
suíno e fertilização in vitro, foco de seus estudos, é uma das que têm maior abrangência.
“O embrião de suíno não é aplicado comercialmente, mas a gente o usa como modelo em outras
espécies”, detalha.
A técnica aplicada aos suínos, destaca Deschamps, estabelece novos
métodos de congelamento de embriões em mamíferos e é promissora para desenvolvimento de pesquisas
relativas ao desenvolvimento humano. “O futuro é cada vez mais utilizar novas tecnologias, onde você aprende
com uma espécie e depois aplica em outra. O suíno é o melhor modelo para estudo”. O método
favorece a compreensão das fases de crescimento e desenvolvimento embrionário. “Hoje nós estamos
focando a questão de embriologia molecular, e todas as etapas foram crescentes no sentido de incorporar novas técnicas.”
Uma
das principais beneficiadas com as pesquisas reprodutivas em suínos é a medicina. “O suíno sempre
foi um bom modelo para estudos na parte de oncologia e também para diabetes”, ressalta Deschamps. As características
do modelo suíno também têm efeito na reprodução de bovinos, ressaltando a importância
do desenvolvimento de pesquisas reprodutivas em suínos.
As pesquisas voltadas para preservação de sêmen suíno têm vínculo direto com o
desenvolvimento tecnológico voltado para preservação de material genético, principalmente pelas
dificuldades em trabalhar com as temperaturas específicas do modelo suíno. “Temos formado gente em desenvolvimento
tecnológico buscando melhorar a congelabilidade do sêmen suíno”, destaca o professor João
Carlos Deschamps sobre os esforços em garantir mais qualidade aos processos. Deschamps destaca que a refrigeração
comumente usada em suínos é de 18°C e que os estudos conseguiram reduzir a temperatura à 5°C,
alteração que garante melhores condições de preservação, permitindo ampliar o uso
do sêmen suíno.
“Não se pode congelar sêmen suíno, mas temos evoluído
nas técnicas de crioproteção para congelar o material genético”, detalha o professor. A
técnica, exemplifica, tem aplicação no controle sanitário. “Se ocorre uma doença
em determinada espécie, é possível preservar o material genético e as características da
linhagem.”
Com mais de 30 anos de carreira, tendo orientado trabalhos de pós-graduação
em Medicina Veterinária, Zootecnia e, principalmente, em Biotecnologia - área com que fala com maior entusiasmo
–, Deschamps ressalta a importância de formar pesquisadores para um dos segmentos que considera mais promissores.
“Essa já é a grande agenda nos Estados Unidos”, afirma. Para tanto, menciona a necessidade de investimentos
para suprir a maior dificuldade do setor: a dependência de insumos e equipamentos importados. O professor pondera, no
entanto, que o segmento tem evoluído bastante no País e que programas como Ciência Sem Fronteiras, além
da maior atenção ao desenvolvimento de pesquisas científicas, são fundamentais para avançar
ainda mais nas pesquisas que nunca cessam. “Como em qualquer atividade, nós vamos colocando melhorias para que
venham outras”, menciona.
Informações de Jornal do Comércio.
Envie para um amigo