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Pesquisa investiga relação entre alimentos amargos e propriedades medicinais

Publicado em 17/12/2014

Plantas da família das curcubitáceas – da qual fazem parte o pepino, a abóbora, a abobrinha, a moranga, o melão e a melancia – são usadas há milhares de anos na China e na Índia para o tratamento de problemas de fígado e como purgantes. Mais recentemente, pesquisadores descobriram que o composto chamado curcubitacina, presente em todas essas espécies e responsável pelo sabor amargo delas, pode contribuir também no combate ao câncer. Agora, biotecnologia e a medicina tradicional chinesa se uniram para identificar os genes responsáveis pelo intenso amargor dos pepinos selvagens.

Estudo publicado na mais recente edição da revista científica Science investiga o DNA de uma variedade selvagem de pepino para entender seu metabolismo e identificar quais genes estão relacionados com a produção da curcubitacina. Segundo o pesquisador da Universidade da Califórnia Davis e coautor do trabalho, William Lucas, o forte amargor desses vegetais é uma forma de defesa que evita que eles sejam comidos por predadores. “Entretanto, no processo de domesticação, o homem foi selecionando as variedades mais agradáveis ao paladar, contendo, portanto, menos curcubitacina”, afirma Lucas.

Por meio de avançadas técnicas de sequenciamento genético, os cientistas localizaram nove genes envolvidos na produção do composto e observaram que alguns fatores controlam sua expressão em toda a planta, outros somente nos frutos. De acordo com Lucas, a fácil identificação da característica foi um dos fatores que contribuiu com a realização do trabalho. “Por sorte, o amargor é facilmente percebido, basta comer a planta e sua língua imediatamente vai acusar a presença da curcubitacina”, revela Lucas.

O parceiro chinês da pesquisa é a Academia Chinesa de Ciências Agrárias, na qual trabalha o professor Sanwen Huang. Para ele, entender como o processo de domesticação alterou o genoma do pepino é fundamental para nos ajudar a usar as mesmas abordagens em culturas que hoje não são comestíveis. O estudo também poderia ser o primeiro passo para a produção de curcubitacina em quantidades suficientes para que suas propriedades medicinais sejam testadas.

 

Fonte: Science Magazine, CIB

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