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Biotecnologia: ciências em colaboração

Publicado em 01/04/2016

Diversos especialistas concordam que as biociências estarão entre as áreas que mais vão atrair investimentos e profissionais ao longo deste século. Nesse cenário, a biotecnologia se destaca pelo seu caráter inovador e pela elevada potencialidade de gerar novos produtos para o progresso da agricultura, da geração de energia e da saúde humana e animal. Entretanto, exatamente por ser um campo relativamente recente, o desenvolvimento de novas tecnologias neste segmento depende da colaboração entre diversos setores.

Ao longo da formação do profissional de biotecnologia, há um constante estímulo ao desenvolvimento de produtos. Apesar disso, a maior parte dos currículos não é focada nos mecanismos necessários para a obtenção de patentes, para atender ao processo regulatório brasileiro e em questões mercadológicas. Embora os pesquisadores possuam o conhecimento técnico, nesse modelo, para chegarem a uma aplicação comercialmente viável, devem recorrer a parcerias com outras instituições e empresas que, tradicionalmente, possuem essa experiência.

Além disso, a biotecnologia é uma aplicação da ciência que exige tempo e recursos. De acordo com levantamento realizado por Phillips McDougall, para que uma nova planta transgênica esteja disponível ao consumidor são necessários, em média, 13 anos. Nesse período, aproximadamente US$ 136 milhões são investidos. Essa é mais uma razão pela qual é necessário estabelecer cooperações para que os cientistas consigam desenvolver produtos que alcancem o mercado.

Não faltam exemplos bem-sucedidos dessa interação. Nos Estados Unidos, por exemplo, a parceria entre Universidade do Havaí e uma empresa de sementes transgênicas levou ao mercado uma variedade de mamão resistente a um vírus endêmico no arquipélago. A Universidade de Nottingham, no Reino Unido, em conjunto com a iniciativa privada, também estuda variedades transgênicas de frutas. Na América Latina, a Universidade Nacional do Litoral da Argentina é a responsável pela identificação dos genes que expressam a tolerância ao estresse hídrico em uma soja transgênica recentemente aprovada. Uma empresa local introduziu o gene no vegetal.

No Brasil, é também com base na colaboração que a Embrapa, uma instituição pública de pesquisa, está desenvolvendo e lançando produtos biotecnológicos. Em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão e da Universidade de Nagoya, a empresa brasileira está em fase avançada na obtenção de cultivares de soja tolerantes à seca. Resultado de um modelo semelhante, após 20 anos de trabalho da Embrapa e da BASF, foi lançada, em 2015, uma soja geneticamente modificada (GM) tolerante a herbicidas da classe das imidazolinonas.

A relação entre a iniciativa privada e o setor público é cada vez mais atual e relevante para a sociedade. Não cabe mais a simplificação que restringe o público à hipotética vocação para pesquisa de base e o privado à aplicação desse conhecimento no desenvolvimento de produtos. Parcerias entre esses setores, realizadas de maneira transparente e regulamentada, já resultaram no lançamento de diversas inovações inovadores em todo o mundo. De fato, no cenário atual, em que há um grande fluxo de informações, a interação entre a academia e a indústria tem se tornado cada vez mais intensa, levando a uma saudável troca de experiências.

Quando estamos tratando de ciências que estão na fronteira do conhecimento como aquelas que subsidiam a biotecnologia, a independência dos cientistas deve ser avaliada à luz dessa realidade. O fato de um pesquisador ter colaborado com uma empresa em algum momento de sua carreira não prejudica, necessariamente, a natureza autônoma de sua atividade, tampouco o torna vinculado à empresa. Ao contrário, revela sua capacidade de estabelecer interações multidisciplinares, de potencializar o número de oportunidades e possiblidades de resultados efetivos para a sociedade.

Fonte: CIB

Os Observatórios Sesi/Senai/IEL fazem parte do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná e trabalham no desenvolvimento de projetos de pesquisa, prospecção, difusão de novas tecnologias e articulação que visem o desenvolvimento industrial sustentável.

Em 2005 os Observatórios Sesi/Senai/IEL  lançaram um  projeto estruturante chamado Setores Portadores de Futuro que contribuiu para o direcionamento estratégico industrial do Paraná ao identificar os setores e áreas industriais mais promissores em um horizonte de aproximadamente 10 anos.

Esse projeto identificou a área de biotecnologia como promissora e foi validada como de interesse para a indústria paranaense e que pode situar a indústria do Estado em posição competitiva em âmbito nacional e internacional. Entretanto, para chegar ao futuro almejado foi escolhido o método roadmapping do projeto das Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense que sintetiza os caminhos a percorrer e as etapas a cumprir de forma solidária, onde a cooperação e a inovação são a chave do sucesso.

As empresas possuem conhecimento das demandas de mercado, disponibilidade de recursos para investimento em inovação e capacidade para programar novas ideias com finalidades práticas. Por outro lado as universidades e centros de pesquisa, por sua vez, detêm conhecimento científico, pesquisadores e estrutura que podem contribuir de forma significativa para a evolução das técnicas aplicadas no setor produtivo. No entanto, o que se percebe é que no Brasil raramente acontece à cooperação entre universidade/centro de pesquisa e o setor privado para investir em inovação.

No meio científico a formação de parcerias para o desenvolvimento de pesquisas ainda é pequeno, porém é uma prática que vem crescendo, uma vez que o trabalho colaborativo entre pesquisadores possibilita o compartilhamento de uma variedade de recursos informacionais, tecnológicos, promovem a interdisciplinaridade e conduz esforços colaborativos de pesquisa para a resolução de problemas complexos.

Um dos motivos apontados por especialistas da área de biotecnologia, que participam do projeto de Articulação das Rotas Estratégicas para o futuro da indústria paranaense, para a falta de interação entre esses atores é a ineficiência de dados disponíveis sobre quais empresas da área de biotecnologia operam no Paraná, quais são os pesquisadores dedicados na área  de biotecnologia e que atuam no estado e quais são os recursos disponíveis a todos de uma maneira fácil e eficiente.

Essa condição gera desconhecimento do que a empresa precisa por parte dos pesquisadores, o que tem sido feito em pesquisas nas universidades e centros de pesquisas por parte das empresas e o desconhecimento entre os pesquisadores sobre o que o colega de profissão tem feito de pesquisa.

A falta de interação faz com que muitas vezes a empresa deixe de investir em uma tecnologia por falta de recurso intelectual e físico, pesquisadores trabalhem em pesquisas parecidas com recursos escassos e/ ou produzam pesquisas que não serão aproveitados pelo meio produtivo.

Entretanto, o conhecimento compartilhado do capital intelectual, humano, de recursos físicos e financeiros deve ser estimulado, pois permite que as ações individuais se juntem para se tornarem mais competitivas, gerem inovações e compartilhem recursos escassos.

Diante disso, o Grupo de trabalho (GT) “Centro Paranaense de Pesquisa em Biotecnologia”, do projeto de Articulação das Rotas Estratégicas para o futuro da indústria paranaense, pretende promover a conexão entre esses profissionais de biotecnologia em um ambiente online, através da criação de uma rede de contatos em parceria com PTV Paraná, para permitir acesso a informações em tempo real para que seja possível a troca de conhecimentos, formação de parcerias, geração e transferência de tecnologia de forma simples e facilitada a todos os envolvidos.

Já o GT que trata da temática "Rodada de Negócios Tecnológica em Biotecnologia" promoveu em 2015, o encontro de Inovação em Biotecnologia Agroindustrial: desafios & soluções, e teve como objetivo identificar e mapear as soluções para os entraves no estabelecimento de parcerias entre universidade, empresa e governo. O grupo agora trabalha com as ações propostas no encontro e priorizou trabalhar, na primeira fase do projeto, nas demandas voltadas a legislação. 

 Os dois Grupos de Trabalho acreditam que a partir da formação de parcerias entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo poderão surgir novos métodos e melhorias em produtos e processos que trarão benefícios para o setor de biotecnologia do Paraná.

Pesquisadores, empresas e instituições interessadas em colaborar nesse processo de articulação podem entrar em contato com a equipe dos Observatórios através do e-mail: observatorios.rota.biotecagroflorestal@fiepr.org.br   ou pelo telefone: 41 3271-7471

Av. Comendador Franco, 1341 - Jardim Botânico - 80215-090
Fone: 41 3271 7900
Fax: 41 3271 7647
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