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Publicado em 23/08/2017
A Scheme Lab, startup na área de biotecnologia incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), está desenvolvendo testes genéticos que poderão ser utilizados em qualquer lugar – numa fábrica, fazenda ou mesmo em casa – sem a necessidade de recorrer à análise de laboratórios especializados.
Esses testes – do tipo Point-of-Care – permitirão identificar alterações genéticas que indiquem, por exemplo, a qualidade da carne, as características de mudas e plantas ou ainda a resistência de mosquitos transmissores de doenças – como o Aedes aegypti – a pesticidas utilizados em seu combate.
“Estamos em fase de protótipo”, afirma o biólogo John Katz. Norte-americano, antes de empreender ele fez doutorado na University of Chicago e pós-doutorado na Harvard Medical School e trabalhou como agente de patentes no escritório de advocacia Finnegan Henderson (EUA).
Katz chegou ao Brasil em 2004. Durante anos, ocupou posições em áreas relacionadas ao desenvolvimento de novas drogas e à biodiversidade em empresas como o Coinfar – joint-venturedos laboratórios Aché, Biolab e União Química. “Até que resolvi empreender no Brasil”, ele conta.
A decisão foi antecedida de consulta a sua rede de contatos nos Estados Unidos. “Eles ponderaram que cada país tem suas vantagens e, no caso, o Brasil tinha grande potencial em biotecnologia, além de oferecer recursos para apoiar startup”, justifica.
A empresa submeteu proposta ao Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, aprovada no final de 2012. A ideia era desenvolver um novo tipo de diagnóstico que permitisse detectar, de maneira rápida e simples, variações na sequência de DNA de tipo SNP (single nucleotide polymorphism), que representam mais de 90% da variação genética em humanos. “Muitos destes SNPs são associados com doenças e traços físicos”, justifica. Os testes para a detecção de SNPs podem ser utilizados em pessoas, animais e plantas, para identificar doenças, determinar traços ou identificar indivíduos.
Esse tipo de diagnóstico é, em geral, realizado em laboratórios clínicos – “desde que disponham de equipamentos complexos como termocicladores para PCR, sequenciadores de DNA ou microarrays”, ele elenca – operados por pessoal treinado. O produto desenvolvido pela empresa, o Simple SNP, utiliza uma tecnologia inovadora que dispensa o uso de equipamentos complexos, segundo Katz.
Na primeira fase do projeto, a Scheme Lab se concentrou no desenvolvimento de um protótipo para a cor dos olhos dos humanos, utilizando um equipamento simples e portátil. No formato de um kit, que utilizou saliva para dar um resultado colorido, visível a olho nu, foi possível detectar se uma pessoa possui sequências de DNA associadas com olhos azuis, olhos castanhos ou ambos, olhos azuis e olhos castanhos.
Os protótipos foram otimizados, e a tecnologia principal e os aperfeiçoamentos patenteados pela empresa.
Testada a tecnologia e sua aplicação, a empresa enxergou a possibilidade de mirar outros mercados. “Trata-se de uma plataforma para teste que permite fazer qualquer sequência genética. Decidimos mudar o foco para empresas e investir em testes customizados”, explica Katz.
Na fase 2 do PIPE, já com essa nova perspectiva de mercado, a Scheme Lab desenvolveu duas novas versões do protótipo, uma delas em colaboração com uma empresa agrícola brasileira de grande porte. “Essa empresa produz plantas e busca variedades com características físicas superiores. Muitas das características estão associadas a sequência de DNA de tipo SNP”, ele explica. “O teste ajudará a identificar as plantas no próprio local de produção da empresa.”
Na fase 3 do PIPE, em andamento, a empresa desenvolve protótipos para a produção do teste genético para uso em agricultura e alimentos. “Um dos alvos é o mercado de carne e o foco são empresas que criam animais ou comercializam a carne”, ele exemplifica.
Diagnósticos moleculares tipo Point-of-Care são uma área nova no mercado. “Procuramos parceiros e já conversamos com cerca de 12 potenciais clientes interessados em contar com testes customizados para diagnósticos de traços genéticos para a agricultura, alimentos, saúde, entre outros”, diz Katz.
Fonte: FAPESP
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