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Publicado em 27/07/2017
Um dos maiores problemas relacionados à agroindústria é a abundante quantidade de resíduos gerados durante o processamento da matéria-prima. Na maioria dos casos, essas sobras não são tratadas e reaproveitadas, apresentando uma disposição ambientalmente inadequada, com potenciais riscos de contaminação dos solos e da água.
Diante desse contexto, o professor Severino Matias de Alencar, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, pesquisa alternativas para os principais resíduos gerados na agroindústria alimentícia. Ele coordena o projeto Prospecção e identificação de compostos bioativos de resíduos agroindustriais para aplicação em alimentos e bebidas.
A proposta é mapear suas potenciais formas de reaproveitamento, no intuito de fornecer informações para a elaboração de planos de gestão adequados ao setor. O trabalho ocorre em conjunto com alunos de iniciação científica do curso de Ciências dos Alimentos da Esalq, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos, além de contar com o professor Pedro Luiz Rosalen e sua respectiva equipe de pós-graduandos e pós-doutorandos da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Uva, uma aliada natural
A vitivinicultura (atividade que envolve o cultivo das vinhas e a fabricação de vinho) gera subprodutos, como o bagaço (composto de casca e sementes), que podem representar até 30% da quantidade total de uvas vinificadas. A estimativa de produção de uvas no Brasil para 2017 é de 1,3 milhão de toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Supondo que a produção total de uvas seja processada, cerca de 390 mil toneladas de resíduos serão geradas somente no Brasil e a maioria descartada sem qualquer tipo de tratamento, um grande impacto ambiental seria causado. “Estudos já mostraram que esses subprodutos podem ser fontes de antioxidantes naturais, especialmente porque contêm compostos fenólicos. Esses materiais podem ser reutilizados como substitutos de aditivos ou novos ingredientes nas indústrias alimentícias e farmacêuticas”, avalia Alencar.
Ação antioxidante
Em um estudo conduzido pela pesquisadora Priscilla Melo, doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Esalq, foram analisadas as castas francesas Chenin Blanc, Petit Verdot e Syrah. Essas variedades de uva foram cultivadas e vinificadas em uma importante região de vitivinicultura no Brasil, no município de Petrolina, no Vale do Rio São Francisco.
O estudo avaliou o potencial antioxidante de extratos de subprodutos vinícolas, o qual foi determinado com base na capacidade de desativação de radicais livres sintéticos e espécies reativas de oxigênio (ROS). Segundo os professores, dentro do universo conhecido, esta é a primeira vez que o potencial antioxidante dos subprodutos dessas três variedades de uvas europeias, aclimatadas a uma região semiárida, é avaliado.
Os resultados obtidos mostraram que os resíduos possuem elevada atividade antioxidante, além de serem fontes de moléculas bioativas naturais, tais como catequina, procianidina B1, epicatequina e ácido gálico. A pesquisa foi publicada na revista Food Chemistry.
Leia a reportagem na íntegra aqui.
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