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Publicado em 13/10/2016
Brasil e Colômbia não têm apenas semelhanças na paixão pelo futebol e no clima ensolarado. O território colombiano também se tornou um dos grandes produtores de cana-de-açúcar na América Latina, atrás apenas da produção brasileira e mexicana.
Uma importante ferramenta para a consolidação do setor sucroenergético no país andino é o Centro de Investigación de La Caña de Azúcar de Colômbia (Cenicaña). Trata-se de uma corporação privada, fundada em 1977 pela Associação dos Plantadores de Cana do país (Asocaña) e é financiada por usinas e fornecedores canavieiros.
O Cenicaña tem uma estação experimental no departamento do Valle del Cauca e uma equipe de mais de 200 colaboradores, entre pesquisadores e profissionais de inúmeras áreas. Com o objetivo de firmar um acordo para troca de variedades, dois pesquisadores do Programa de Melhoramento Genético de cana-de-açúcar (PMGCA) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) visitaram o país: os engenheiros agrônomos Danilo Eduardo Cursi e Igor Killer Nunes, que estiveram na Colômbia entre 25 e 28 de julho deste ano.
“Aproveitamos a visita para explorar parte das atividades que são realizadas e conduzidas pelo programa de melhoramento do Cenicaña, além de conhecer toda estrutura física, técnica e científica do Centro”, relata Cursi, uma vez que um dos objetivos da instituição é obter variedades para sítios específicos com alto rendimento agrícola e industrial e resistentes às principais doenças no país.
O PMGCA da UFSCar pertence à RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) e tem, desde 2011, a responsabilidade de contatar diferentes instituições com o objetivo de firmar, em nome de toda Rede, acordos para troca segura de germoplasma.
Acordo
Durante a visita à Colômbia, os pesquisadores da UFSCar trataram da efetivação do contrato de intercâmbio de troca de germoplasma e espécies relacionadas de cana-de-açúcar entre Brasil (RIDESA) e Colômbia (Cenicaña). Os materiais a serem trocados poderão ser utilizados pelas duas instituições, mas somente nos programas de melhoramento como genitores em cruzamentos e em avaliações em experimentos de doenças e competição varietal.
O próximo passo do acordo é o envio das primeiras dez variedades RB para a Colômbia no primeiro semestre de 2017. No mesmo período, a RIDESA/UFSCar receberá dez variedades CC. O acordo prevê a troca de 50 materiais até 2021. Ainda não estão definidas as variedades RBs que serão intercambiadas. Mas antes disso, ainda no segundo semestre de 2016, a equipe de melhoramento do Cenicaña fará uma visita técnica ao Brasil, com a intenção de conhecer as atividades, as tecnologias e os estudos que estão sendo desenvolvidos pela RIDESA.
A Colômbia é o segundo país que a UFSCar estabelece acordo de troca de materiais. O primeiro foi a Austrália, no início de 2016. Uma iniciativa que faz parte de um projeto arrojado da RIDESA. “Estamos em contato com outras instituições renomadas em países em que a cana-de-açúcar apresenta grande importância econômica”, explica Cursi.
O intercâmbio de variedades de cana-de-açúcar é uma estratégia de transferência e enriquecimento de patrimônio genético vegetal. O principal objetivo do intercâmbio entre o programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar da RIDESA/UFSCar com outros países produtores de cana é incorporar novos acessos e o máximo possível de variabilidade genética ao banco ativo de germoplasma da Serra do Ouro, localizado em Murici, Alagoas. Desta forma, será possível possibilitar futuros cruzamentos promissores visando obter variedades superiores àquelas atualmente em cultivo no Brasil.
Os números da Colômbia
Segundo Cursi, os materiais da Colômbia nunca foram utilizados em escala comercial em território brasileiro. Na época do Planalsucar (Plano Nacional de Melhoramento de Cana-de-Açúcar) existia um acordo de envio de materiais promissores para a Colômbia e, atualmente, uma variedade RB está apresentando um bom desempenho, a RB732223, em áreas conhecidas como Piedemonte – situadas nas encostas de montanhas, representam apenas 7% de toda faixa canavieira da Colômbia, com precipitação anual média de 1.100 mm.
Os produtores colombianos de cana-de-açúcar são mundialmente conhecidos por apresentarem a maior produtividade média do canavial, embora boa parte da área seja irrigada. Em 2015, o rendimento foi de 116 t/ha (TCH), enquanto no Brasil a média foi de 76,9 t/ha.
No mesmo ano, na Colômbia foram registradas 13,4 t/ha de açúcar (ATR médio de 115,5). Normalmente, os canaviais são colhidos com aproximadamente 12,9 meses e idade média de 5 cortes ao longo do ciclo total da cultura (no Brasil a média é de 3,8 cortes).
“Estes números comprovam o grande interesse da RIDESA/UFSCar em receber variedades com características genéticas distintas e de importância econômica para serem inseridas e utilizadas em seus processos de hibridação”, conclui Cursi.
Fonte: RPonline
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