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Publicado em 21/06/2016
Cafés clonais híbridos que estão sendo desenvolvidos pela Embrapa Rondônia para a região
Amazônica – resultantes do cruzamento de plantas de café canéfora do grupo Robusta com plantas do
grupo conilon – têm obtido resultados surpreendentes. A pesquisa teve início há 12 anos, e o resultado
final esperado é a seleção de clones altamente produtivos para comporem a próxima cultivar de
café a ser lançada pela Embrapa para a região Amazônica em meados de 2018. Este é o segundo
ano de colheita das áreas em testes finais com estes híbridos e alguns clones estão produzindo mais de
100 sacas por hectare. "A expectativa é que essa produtividade seja mantida ou incrementada na próxima safra",
comenta o pesquisador da Embrapa Marcelo Curitiba, um dos responsáveis pelas áreas em avaliação.
Com a demanda crescente por cultivares clonais, o objetivo dos pesquisadores é alavancar a produtividade média
de café de Rondônia e região que hoje registra 19 sacas/ha em Rondônia. "Com o lançamento
de novas cultivares altamente produtivas, esperamos um incremento de 25% na produtividade média. Além disso,
essas cultivares permitirão que cafeicultores mais tecnificados alcancem produtividades acima de 100 saca/ha",
afirma Teixeira.
Nessa pesquisa, estão sendo avaliados genótipos (clones) de cafeeiros para a composição
de novas cultivares de café, altamente produtivas, resistente à ferrugem -alaranjada – uma das principais
doenças que atacam os cafeeiros –, e que são adaptados às condições climáticas
da região Amazônica. O responsável por este trabalho, o pesquisador da Embrapa Rondônia, Alexsandro
Teixeira, explica que o ensaio de Validação de Cultivo e Uso (VCU) é composto por seis experimentos,
sendo quatro no Estado de Rondônia e dois no Acre. Em Rondônia, as áreas estão plantadas nos municípios
de Alta Floresta do Oeste, Ouro Preto do Oeste, Ariquemes e Porto Velho.
Já no Acre as áreas, uma
irrigada e outra não irrigada, estão plantadas no Campo Experimental da Embrapa Acre, em Rio Branco. Para implantação
e condução dos experimentos, a Embrapa Rondônia conta com o apoio do cafeicultor Ademar Schmidt e do engenheiro
agrícola Gildásio Mendes da Emater de Alta Floresta D'Oeste, assim como da equipe do Instituto Federal de Rondônia
(Ifro) em Ariquemes, e de pesquisadores e técnicos da Embrapa Acre.
Este ano, a colheita dessas áreas
experimentais de cafés híbridos teve início no começo de maio, e está sendo realizada de
forma seletiva, na medida em que os frutos ficam maduros. A colheita está em andamento nos municípios de Ouro
Preto do Oeste, Porto Velho, Alta Floresta do Oeste e Rio Branco. "Cada clone é colhido separadamente e a seleção
dos melhores materiais será baseada na produtividade", explica Teixeira. A colheita será realizada em três
etapas, considerando o ciclo de maturação dos clones − precoce, intermediário e tardio. A previsão
é de que a colheita dos genótipos tardios seja realizada até o início de julho. Além da
produtividade, o pesquisador Alexsandro Teixeira afirma que serão avaliadas a uniformidade de maturação,
o tamanho de grãos e a qualidade de bebida.
Esses híbridos que estão sendo testados pela Embrapa
Rondônia foram obtidos no ano de 2004 e foram submetidos à avaliação durante seis safras, 2007
a 2012. A partir dessas avaliações foram selecionadas as melhores plantas para comporem o ensaio final de competição
de clones, aqui denominado de VCU.
Com a expressiva produção dos cafeeiros em teste, está
agendada para o dia 10 de junho a realização de um Dia de Campo sobre café em Rio Branco, na Embrapa
Acre, que demonstrará os resultados preliminares dos ensaios naquele estado. O evento, que conta com o apoio do governo
do Estado do Acre, também abordará aspectos do cultivo dos cafeeiros; doenças e pragas, irrigação
e colheita e secagem dos frutos de café. Todas as ações relacionadas com o desenvolvimento de novas cultivares
de café contam com o apoio do Consórcio Pesquisa Café, Embrapa Café, Coordenadoria de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
Fundação de Apoio à Pesquisa de Rondônia (Fapero) e Usina Hidrelétrica (UHE) Jirau.
Melhoramento de plantas: do cruzamento à nova cultivar
Para saber como uma cultivar de
café de alta qualidade chega ao campo, é preciso conhecer um pouco sobre o melhoramento de plantas. Trata-se
de um processo oneroso e demorado. No caso de plantas anuais como milho, soja ou feijão, esse processo dura aproximadamente
de oito a dez anos. Já no caso de plantas perenes, como é o caso do café, o lançamento de uma
nova cultivar pode demorar até 20 anos.
No caso do café canéfora, também conhecido
como conilon ou robusta, o processo se inicia com o cruzamento entre duas ou mais plantas que possuem características
comerciais de interesse dos consumidores. As sementes desses cruzamentos são colhidas, plantadas e avaliadas durante
quatro safras de produção. Somente nessa primeira etapa são oito anos de pesquisa. Com os resultados
dessas avaliações, realiza-se uma seleção das melhores plantas. Essas plantas selecionadas são
clonadas e avaliadas durante quatro safras novamente, só que agora com repetição.
Os resultados
atuais já são mais consistentes tornando possível a seleção de plantas de elite para a
instalação dos ensaios de competição regional, também conhecidos como Valor de Cultivo
e Uso (VCU). As plantas elite selecionadas, que nesse caso são clones, são plantadas em diversos locais da região
para que sejam avaliadas quanto à adaptação a estes diferentes ambientes. Nessa segunda etapa são
mais doze anos de pesquisa.
De posse dos resultados finais, forma-se a cultivar de café com os clones que
apresentaram alto potencial produtivo e outras características comerciais de interesse do mercado. Essa cultivar é
registrada e protegida no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e, posteriormente, são
selecionados viveiristas que multiplicam e comercializam a cultivar entre os cafeicultores.
Renata Silva (MTb 12361/MG)
Embrapa Rondônia
rondonia.imprensa@embrapa.br
Telefone: (69) 3219-5011 / 5041
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
Fonte: Embrapa
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