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Publicado em 08/04/2016
No entanto, especialistas dizem que as mudanças climáticas têm dificultado o avanço no setor
florestal. Um levantamento da consultoria Pöyry revela redução de 6% na produtividade da indústria
entre 2010 e 2015. As pesquisas mostram que o rendimento médio do setor nesse período caiu no Brasil por diferentes
motivos , explicou o diretor de consultoria em negócios florestais da Pöyry, Jefferson Mendes.
As mudanças
climáticas no período foram o principal fator que impactou o rendimento das florestas da indústria de
celulose, já que as árvores não estavam adaptadas às alterações no clima.
A redução de investimentos no setor entre 2008 e 2010, reflexo da crise econômica mundial, o processo
de exaustão do solo das florestas e a seleção precoce de clones das árvores como o eucalipto,
usado para produção de fibra curta de celulose, foram destacados pelo consultor da Pöyry como fatores que
ajudam a explicar a redução na produtividade do setor.
Para o gerente de planejamento e controle
florestal da Eldorado, Carlos Justo, essa queda do rendimento nos últimos anos é resultado, principalmente,
da busca por áreas mais baratas para expansão do plantio. Nos últimos anos, as indústrias de celulose
se instalaram em regiões com condições climáticas mais adversas, disse ele.
A produtividade
de uma floresta depende de muitos fatores, como água disponível para irrigação, precipitações
e logística. Mas regiões como São Paulo e Paraná, embora tenham melhores condições
de clima, as terras são muito caras e há áreas pequenas disponíveis. A alternativa é buscar
novas áreas como no Mato
Grosso do Sul , afirmou.
A produtividade das florestas da Eldorado hoje é de 40 metros cúbicos
de eucalipto por hectare colhido por ano. Os clones plantados hoje e que serão colhidos em cerca de seis anos tem projeção
de render 42 metros cúbicos por hectare. A média brasileira atual é de 39 metros cúbicos por hectare.
Carlos Justo lembrou que, como as novas regiões estão recebendo os primeiros ciclos de plantio e colheita
de eucalipto, as indústrias ainda estão desenvolvendo processos de melhoramento genético para ter clones
adaptados.
Já o presidente da Celulose Riograndense, Walter Lidio, contou que não observou impacto
negativo do clima na produtividade das florestas da empresa no Sul do País.
Pode ser que em outras regiões
essas variações tenham prejudicado as florestas de outras fabricantes. Uma flutuação do rendimento
é normal, mas isso não faz a indústria perder competitividade obrigatoriamente. Em alguns casos você
perde um pouco de produtividade em um aspecto e ganha em outro , citou ele.
Na avaliação de Jefferson Mendes, da Pöyry, embora tenha perdido rendimento nos últimos anos,
a indústria de celulose vem trabalhando para superar esse recuo com aportes em biotecnologia e silvicultura
para explorar novos processos de plantio de clones.
Teremos que fazer um esforço para recuperar e aumentar
a produtividade média, mas nos últimos cinco anos as empresas investiram bastante e o setor ainda é muito
competitivo tanto em eucalipto como em pinus , comentou Mendes.
A Eldorado continua investindo em melhoramento
genético e na produtividade das florestas. Carlos Justos revelou que a companhia tem um índice de mecanização
dos processos florestais 27% maior em relação a média do setor. Os custos com irrigação
das áreas de plantio também foi reduzido. Estamos trabalhando com a quarta tecnologia de irrigação,
com custos 60% menores , detalhou o executivo.
Na parte industrial, a companhia vem investindo na eliminação
de gargalos para ampliara produção de celulose. Segundo o gerente de produção da fábrica
da Eldorado, Marcelo Martins, o digestor - equipamento responsável por separar a fibra de celulose do restante da madeira
- teve a sua capacidade ampliada em até 8% com melhorias em uma das ações para eliminar gargalos na planta
da empresa.
Estamos sempre direcionando investimentos para eliminar gargalos na produção e em três
anos conseguimos ampliar de 1,5 milhão para 1,7 milhão de toneladas a capacidade da nossa fabrica , disse ele.
A concorrente Fibria continua investindo no melhoramento genético. A companhia faz um investimento grande em genética
para encontrar e desenvolver os melhores clones de eucalipto, para não só aumentar a produtividade, mas garantir
uma melhor qualidade da celulose , explicou o coordenador de biotecnologia da Fibria, Alexandre Missiaggia, em entrevista
recente ao DCI.
A Fibria, assim como a Eldorado, conseguiu ampliar de 12 para 15 meses o intervalo de parada para
manutenção obrigatória nas caldeiras. A medida também deve contribuir para elevar a produtividade
do setor nos próximos anos.
A Celulose Riograndense também está investindo para aumentar o
rendimento e se manter competitiva.
Procuramos sempre aprimorar a operação como um todo e aumentar
o intervalo entre paradas para manutenção da fábrica é um dos nossos objetivos principais , disse
Lidio.
Fonte: CenárioMT
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