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Cupuaçuzeiro mais produtivo e resistente à vassoura-de-bruxa é disponibilizado ao agricultor

Publicado em 07/07/2014

Resistência à doença vassoura-de-bruxa, produtividade até cinco vezes maior do que a média regional e qualidade dos frutos – estas são as principais características das cinco novas cultivares de cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) lançadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e que vão estar acessíveis aos agricultores ainda este ano.

clique para ampliar>clique para ampliarFruto cada vez tem mais espaço no mercado nacional (Foto: Foto: Felipe Rosa)

Os estudos que resultaram na seleção da BRS 297, BRS 298, BRS 299, BRS 311 e BRS 312 como plantas superiores foram desenvolvidos por meio do programa de melhoramento genético do cupuaçuzeiro da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus/AM). A alta produtividade das cultivares vai ser um fator decisivo para aumentar a competitividade do cupuaçu, aliando redução dos custos de produção e geração de emprego e renda, devido à quantidade maior e regularidade da produção.

Mas não é só isso. As cultivares apresentam resistência acima de 85% à principal doença do cupuaçuzeiro, a vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa, cuja alta incidência na região amazônica é responsável por danos e até perdas de safra. As árvores também produzem frutos bonitos e bem formados, que atendem a todos os padrões de qualidade exigidos pelo mercado.

Conforme a pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Aparecida Claret, as cultivares chegam a produzir entre sete e 10 toneladas por hectare. Enquanto isso, a média no Amazonas, conforme dados do IBGE de 2013, é de duas toneladas/ha. "O aumento da produtividade dos plantios poderá ser significativo à medida que as cultivares forem incorporadas ao sistema de produção de cupuaçu", destacou a pesquisadora.

As cultivares, avaliadas pela Embrapa nas condições do Amazonas, realmente chegam em boa hora. Se por um lado o fruto está valorizado no mercado, por outro, alguns agricultores se viam desestimulados a plantar o cupuaçuzeiro, devido à baixa produtividade que alcançavam. O produtor de cupuaçu e presidente do Sindicato Rural de Presidente Figueiredo, Leonardo Mississipe, concorda. "Os produtores de cupuaçu estavam desestimulados e eu tinha o sonho de ver a vassoura-de-bruxa combatida. Tinha o sonho de ver o município de Presidente Figueiredo voltar a ser o que era antes, o grande produtor de cupuaçu do Estado. Acredito que a Embrapa nos deu este presente e agora voltamos a ter esperança de produzir cupuaçu", disse.

Esta baixa produtividade que os produtores estavam obtendo encontra explicação em alguns fatores importantes, como a formação de plantios com material genético não selecionado e o manejo inadequado, principalmente quando o assunto é pragas e doenças. Apesar da poda fitossanitária – que consiste na remoção da vassoura das plantas – ser uma alternativa para controle da ação do fungo, o método não é economicamente viável nas propriedades onde a produtividade é baixa. Assim, a utilização de materiais resistentes à doença, como as novas cultivares, é a solução mais atrativa, principalmente em termos de ganho financeiro para o agricultor. "Com certeza uma planta resistente à vassoura-de-bruxa e produtiva vai gerar muito mais lucros para nós agricultores", destacou o produtor de cupuaçu, Filomeno Maia.

Plantio
Apesar da variação de produtividade que existe entre as cultivares (sete a 10 t/ha), não é recomendado plantar apenas a mais produtiva, sendo o ideal cultivar os cinco clones. A estratégia visa facilitar a polinização cruzada entre as plantas, manter a diversidade genética do pomar e dificultar a quebra de resistência à vassoura-de-bruxa. O plantio pode ser feito com espaçamento de sete por sete metros e uma densidade de 235 plantas/ha, caso haja o interesse de incluir outras plantas no intervalo entre os cupuaçuzeiros. Caso o objetivo seja somente produzir cupuaçu, é possível adensar mais o plantio.

Com a disponibilidade de plantas resistentes, produtivas e com frutos de elevado rendimento de polpa e amêndoas, cultivar o cupuaçuzeiro, árvore nativa da Amazônia, se consolida como uma boa alternativa para o agricultor. A valorização no mercado e o aproveitamento total do fruto por diversos segmentos da agroindústria comprovam isso. De sabor agradável, a polpa do cupuaçu é usada para sucos, balas, cremes, sorvetes, licores e iogurtes. As amêndoas, ricas em gorduras e proteínas, têm espaço na indústria de cosméticos e podem ser utilizadas para a produção do cupulate – produto semelhante ao chocolate. A casca também tem utilidade, e pode ser aproveitada para artesanato ou como adubo.

Para o prefeito de Presidente Figueiredo, Neilson Cavalcante, as novas cultivares são uma esperança para alavancar a produção do fruto no município. "A gente anda pelo município e vê muitos cupuaçuzeiros infestados com a vassoura-de-bruxa e esse lançamento da Embrapa com certeza vai ser um estímulo para o nosso agricultor", pontuou.

Programa de melhoramento genético
A implantação do programa de Melhoramento Genético do Cupuaçuzeiro da Embrapa Amazônia Ocidental, no final da década de 80, permitiu que a Unidade formasse um Banco Ativo de Germoplasma, com grande variabilidade genética. A caracterização para qualidade de frutos destas plantas e a avaliação para os componentes de produção resultaram na seleção das cinco cultivares lançadas.

Para o chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi, se bem conduzida pelos gestores públicos e pelo setor primário, a cultura do cupuaçu pode revolucionar a fruticultura do Estado. "É uma grande satisfação poder colocar este material à disposição da sociedade. O cupuaçu, assim como outras frutas da região, tem um grande potencial, mas não pode ficar apenas no potencial. Esperamos que estas cultivares possam ajudar a aumentar a produção no Estado, gerando renda e emprego para o interior do Amazonas", comentou.

Leia mais aqui

Fonte:Embrapa

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