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Inovação no setor de bioenergia requer diversificação e políticas públicas

Publicado em 02/09/2013

Já existem tecnologias para a implementação de alternativas sustentáveis para o setor energético. No entanto, a regulamentação do setor e a disponibilidade de mão-de-obra qualificada são apontados como gargalos.

“Ter uma matriz energética diversificada é meta em nível internacional”, afirmou recentemente o presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais & Energia (CERNE), Jean-Paul Prates (leia mais). Semelhante à motivação do programa Pro-Álcool dos anos 1970/1980 (veja a matéria), existe atualmente uma preocupação em diversificar a matriz energética do país. No entanto, enquanto o Pro-álcool surgiu a partir de uma crise mundial do petróleo e a busca por independência do combustível fóssil, o que se busca  atualmente são alternativas sustentáveis para o suprimento da crescente demanda por energia. Esta tendência pode ser observada em diversos países. 

clique para ampliar>clique para ampliarProjeto de fixação de CO2 com o uso de microalgas e uso da biomassa para produção de biodiesel (Foto: Divulgação)

No Brasil, as pesquisas relacionadas à produção de etanol de 2ª geração, de biogás a partir de dejetos animais, de energia elétrica a partir do bagaço da cana e de biodiesel a partir de diversas matérias-primas, para citar alguns exemplos, geraram um aporte razoável de conhecimento no setor, e em muitos casos já tem aplicação no setor produtivo. A energia solar é outra fonte renovável de energia que vem recebendo incentivos do governo.

O uso de microalgas para a produção de biodiesel recebeu a atenção de empresas e pesquisadores. Algumas multinacionais realizaram investimentos consideráveis em pesquisas para a produção de biodiesel proveniente da biomassa de microalgas. Os resultados apontam para a possibilidade de uso desta fonte de biomassa (Exxon Takes Algae Fuel Back to the Drawing Board). No entanto, mais pesquisas são necessárias para viabilizar a produção em larga escala. 

Rota Estratégica em Biotecnologia Agrícola e Florestal, em atendimento ao fator crítico P & D, Tecnologia & Inovação, promove a articulação entre os atores do setor de bioenergia. Pesquisadores e empresas do setor se reúnem para discutir ações que possam alavancar o setor e tornar o Paraná provedor de soluções em bioenergia. A criação de um futuro Centro Paranaense de Articulação de Pesquisa em Biotecnologia e a criação de uma Rede em Biotecnologia com foco em microalgas são temáticas de grupos de trabalho do projeto de articulação desta Rota. Mais informações estão no site da Rota em Biotecnologia Agrícola e Florestal, um projeto dos Observatórios Sesi/Senai/IEL do Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Paraná). 

Por outro lado, apesar de tímidas, as iniciativas para instituir políticas públicas de incentivo à produção de bioenergia a partir de fontes alternativas podem ser observadas, como é o caso do Condomínio Ajuricaba, no município de Marechal Cândido Rondon, no oeste do Paraná. 

clique para ampliar>clique para ampliarProjeto de produção de biogás: Condomínio Ajuricaba em Marechal Cândido Rondon (PR) (Foto: Divulgação)

Outro gargalo apontado pelos especialistas é a falta de mão-de-obra especializada em diversos setores que indicam serem promissores para o país, dentre os quais o setor de biotecnologia. Reconhecendo esta demanda, três universidades paulistas criaram o curso de Doutorado internacional em Bioenergia. O curso é um desdobramento do Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia, criado por um convênio entre o Governo do Estado de São Paulo, a Fapesp, USP, Unicamp e Unesp. O doutorado contará com cinco linhas de pesquisas, que serão as mesmas do Bioen (Programa de Pesquisa em Bioenergia) da Fapesp: biomassa, tecnologia, motores, biorrefinaria e sustentabilidade. A primeira turma terá início em março de 2014. O processo de seleção deve começar no segundo semestre deste ano.

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