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Publicado em 27/05/2013
A Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), realizou um Seminário para debater o assunto na 49ª Expoagro, em Dourados. O evento realizado pela Embrapa e pelo Sindicato Rural contou com a participação de produtores, especialmente os de soja e de milho, estudantes e agentes da assistência técnica e extensão rural.
O primeiro a palestrar foi o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Germani Concenço. Ele enfatizou a necessidade de se realizar o manejo integrado de tecnologias para não haver seleção de espécies resistentes. "É preciso que se tome consciência da importância da diversificação. Há cerca de treze anos, o Brasil possuía oito espécies resistentes e, atualmente, esse número passou para 31. A buva é um dos grandes problemas, mas isso não é aceitável, porque sabemos que ela tem uma série de características que a torna de mais fácil manejo".
O pesquisador ressalta ainda que, há treze anos, não havia no Brasil plantas resistentes ao glyphosate, herbicida-base para sistemas como o plantio direto. “Em 2013 existem cinco espécies com resistência ao glyphosate”, ressalta o pesquisador, “e a perspectiva é que sejam selecionadas outras espécies daninhas com resistência a herbicidas em um futuro próximo, principalmente devido ao manejo equivocado”.
A orientação é diversificar o manejo, realizar a rotação de culturas e de herbicidas, deixar o solo coberto o ano inteiro (consórcio milho-braquiária e ILP são exemplos), focar em herbicidas pré-emergentes, reduzir o número de aplicações de herbicidas – consequência natural da integração de métodos de manejo –, e diversificar as variedades de grãos entre transgênicos e não-transgênicos. “No caso das variedades convencionais, sua função no sistema produtivo, com foco no manejo de plantas daninhas, é permitir a rotação de princípios ativos e reduzir a pressão de seleção de biótipos resistentes”, disse.
Segundo Concenço, para que o sistema funcione adequadamente, é necessária comunicação por parte dos intermediários entre pesquisa e setor produtivo. "Cada personagem do setor produtivo – pesquisa, assistência técnica, produtor rural, governo, e indústria química –, deve se focar na criação de alternativas e incentivos à superação dos problemas ocasionados pelas plantas resistentes", enfatiza.
A segunda e terceira palestras abordaram a questão de variedades transgênicas e convencionais de soja e milho da Embrapa. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Lasaro P. de Melo falou sobre o programa de melhoramento da soja Cultivance, nova variedade de soja transgênica da Embrapa desenvolvida em parceria com a Basf.
A soja Cultivance é uma tecnologia transgênica que confere à soja tolerância a herbicidas do grupo químico das imidazolinonas. Dentre as vantagens desta tecnologia, estão a utilização de doses muito baixas do herbicida e a baixa toxicidade ao ser humano e animais, por atuar em uma enzima (ALS) inexistente nestes organismos. Esta tecnologia também permitirá ao produtor acompanhar a tendência mundial de foco em herbicidas pré-emergentes para o manejo de plantas com resistência a determinados herbicidas. Essa cultivar já foi aprovada pela CTNBio para ser cultivada no Brasil, mas precisa ainda da aprovação do mercado externo para seu lançamento. A previsão é que seu lançamento aconteça na safra 2015/2016, juntamente com o herbicida Soyvance.
Apesar do Brasil ser o segundo maior produtor de transgênicos do mundo, e de ter cultivado cerca de 24 milhões de hectares de soja transgênica na safra 2012/13, Melo afirmou que ainda há espaço para as cultivares não-transgênicas. Segundo o pesquisador, o mercado busca pelas convencionais para atender a demandas de produtores e consumidores que procuram por soja para alimentação humana e soja orgânica, por exemplo. "Além disso, instituições públicas, como a Embrapa, precisam desenvolver tecnologias alternativas e sustentáveis, garantindo aos produtores e consumidores alternativas de cultivo e consumo", afirma.
O pesquisador também ressaltou que muitas empresas privadas não deram continuidade no programa de melhoramento de soja convencional, semelhante ao que têm ocorrido nos Estados Unidos e na Argentina. "É importante ter um bom germoplasma convencional para inserir novos genes transgênicos, tanto em parceria quanto em desenvolvimento próprio. E a Embrapa continua suas pesquisas tanto com convencionais quanto transgênicos", afirmou.
Já o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG), Paulo E. Guimarães, falou sobre o desenvolvimento de cultivares de milho não transgênicas na Embrapa. "Desenvolvemos 35 híbridos e 42 variedades dentro do programa de melhoramento de milho da Embrapa".
Com relação às convencionais, especificamente, existem várias opções no mercado que são competitivas com as transgênicas e com custo bem menor de sementes. "São cultivares muito importantes no manejo integrado de plantas daninhas: milho safrinha – soja RR e milho safrinha consorciado com braquiária".
Ao fim das apresentações, os palestrantes debateram o tema com o público participante. "Precisamos de fóruns como esse para discutir a forma como essa situação de plantas resistentes será resolvida, e para contribuir com o Brasil, que tem a oportunidade ímpar de se firmar no mundo como grande produtor de alimentos, fibra e energia", afirmou o chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Mendes Lamas.
Fonte: MS Notícias.
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