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Publicado em 09/05/2013
GENEBRA - Roberto Azevêdo foi escolhido pelo comitê de seleção da Organização
Mundial do Comércio (OMC) para ser o próximo diretor-geral da entidade, e o Brasil, pela primeira vez, irá
liderar uma das entidades herdadas do sistema de Bretton Woods, um velho sonho da diplomacia nacional. O candidato mexicano,
Hermínio Blanco, já ligou para Azevêdo reconhecendo a vitória do brasileiro.
Hoje, a OMC concluiu quatro meses de um processo de seleção que envolveu nove candidatos. Azevêdo
teria recebido não apenas o maior número de votos, mas também o apoio de países de todas as regiões
e diferentes níveis de renda. Essa era a condição para que um candidato fosse escolhido. Na final, Azevêdo
superou a votação recebida pelo mexicano, que tinha o apoio de EUA e Europa.
Pela primeira vez desde o pós-Guerra, um posto de liderança global estará nas mãos do Brasil. A vitória é, para muitos dentro do Itamaraty, uma coroação dos esforços da diplomacia em colocar o País em um posto de protagonismo mundial, ainda que Azevêdo esteja assumindo hoje uma entidade fracassada e com sua credibilidade em seu nível mais baixo.
A vitória será também usada como um instrumento para insistir que o Brasil não é
apenas o representante dos países emergentes, mas que está pronto e está sendo aceito por todos como
uma potência capaz de atender aos interesses de todos, inclusive dos tradicionais polos de poder.
Desde o início da crise internacional, em 2008, o Itamaraty e outros países emergentes deixaram claro
que havia chegado o momento de que uma das organizações que formam o pilar da economia mundial - FMI, Banco
Mundial e OMC - estivesse nas mãos dos países em desenvolvimento.
Tradicionalmente, tanto o Fundo quanto o Banco eram territórios de americanos e europeus. Mas, ainda numa
das primeiras reuniões do G-20 em 2008, foi estabelecido que a regra havia sido enterrada. A queda de Dominique Strauss
Khan do FMI abriu espaço para que, finalmente, um emergente ocupasse o cargo de diretor do Fundo. Mas, uma vez mais,
a direção foi para uma francesa, Christine Lagarde.
Os emergentes aceitaram, sob a condição de que houvesse um compromisso de que a OMC ficaria longe das
mãos dos ricos. Isso, porém, não impediu EUA e Europa de sair em defesa de um nome entre os candidatos
dos países emergentes e escolheram justamente o México, país que tradicionalmente tem ligações
com EUA e outros países ricos.
Azevêdo, porém, conseguiu reunir a grande maioria de votos dos países emergentes, principalmente
da África, Oriente Médio e América Latina. O Brasil ainda teve o apoio dos Brics e, acima de tudo, a
influência da China sobre seus parceiros.
A dúvida ficou em relação ao voto dos países ricos. Americanos, europeus e japoneses
apoiaram Blanco. Mas, desta vez, a OMC proibiu que países vetassem nomes. Isso acabou abrindo espaço para o
brasileiro, mesmo sem o apoio explícito dos países ricos.
Diplomatas americanos e europeus garantiram à imprensa brasileira que não iriam se opor à Azevêdo.
Ele assume suas funções em setembro, substituindo o francês Pascal Lamy.
Fonte: O Estado de São Paulo
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