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Energias "limpas" necessitam de atrativo econômico e regulamentação

Publicado em 29/04/2013

Biorefinarias, usinas de biogás, projetos de cogeração de energia e outras tecnologias para geração de energias "limpas" estão gerando ganhos econômicos e ambientais significativos. Setor de biodiesel aguarda novo marco regulatório.

Biodiesel

Segundo a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em entrevista ao Correio Braziliense, no Brasil a defasagem do preço do diesel em relação ao preço internacional faz com que tenha sido criado um sistema de “subsídio” ao combustível fóssil. O estudo "O biodiesel e sua contribuição ao desenvolvimento brasileiro", feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), destaca que, entre 2005 e 2010, foram investidos R$ 4 bilhões na indústria nacional de biodiesel. No entanto, o setor trabalha com capacidade ociosa e aguarda o novo marco regulatório como importante ferramenta para alavancar a produção nacional do biocombustível.

clique para ampliar clique para ampliarProjeto com microalgas para captação de CO2 (Foto: TECPAR)

O uso de microalgas para produção de biodiesel é fonte alternativa de matéria-prima para produção do biocombustível sem uso de solo agricultável. As pesquisas indicam resultados promissores. Um dos grupos de pesquisa que trabalham no assunto é o TECPAR/CERBIO, que recentemente desenvolveu um sistema de captação de CO2 do ar atmosférico com uso de microalgas, com consequente produção de biomassa que poderá ser matéria-prima para produção de biodiesel.

Outras fontes de energias “limpas”: Etanol celulósico, Bioeletricidade, Biogás.

No setor sucroalcooleiro os ganhos ambientais e econômicos com a geração de fontes alternativas de energia já estão gerando resultados significativos.

Em 2012, a energia elétrica gerada a partir do bagaço e da palha de cana de açúcar totalizou aproximadamente 1.400 MW médios fornecidos para o Sistema Interligado Nacional (SIN), representando um crescimento de mais de 20% em relação a 2011, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. Calcula-se ainda que a economia gerada pelo sistema vai além, pela redução da demanda por investimentos em transporte e a redução de perdas, por ser uma geração que se origina próximo ao local de consumo, a Região Centro-Sul do País (Fonte: UNICA - União da Indústria de Cana-de-Açúcar). As usinas de açúcar e álcool do Mato Grosso do Sul estão investindo pesado na cogeração de energia e, na safra 2013/2014, devem produzir eletricidade suficiente para abastecer todas as residências do Estado durante um ano (Fonte: Correio do Estado).

Entre os ganhos ambientais calcula-se que essa geração fornecida à rede seria equivalente a poupar 6% da água nos reservatórios da Região Sudeste e Centro-Oeste no período seco e crítico para o sistema, assim como a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE): O total de bioeletricidade fornecida à rede em 2012 significou evitar a emissão de 3,6 milhões de toneladas de CO2. Para atingir a mesma economia de CO2 por meio do plantio de árvores nativas, seriam necessárias 25 milhões de árvores nativas extraindo CO2 do ar ao longo de 20 anos (Fonte: UNICA).

Investidores estrangeiros vêem o Brasil como potencial parceiro para o desenvolvimento da bioeconomia. A empresa finlandesa VTT, por exemplo, investiu em uma planta para produção de etanol de segunda geração. Através de um consórcio formado pela VTT Brasil, Odebrecht e Metso, a empresa aposta no desenvolvimento de uma solução tecnológica que viabilize a produção de etanol de segunda geração integrada à produção de etanol de primeira geração e de energia elétrica no Brasil. O projeto tem o fomento do Plano BNDES-Finep de Apoio à Inovação dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAISS).

Palestrante do II SIGERA (Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais), o Dr. Thomas Amon, especialista reconhecido internacionalmente na área, elogiou o investimento significativo do Brasil em pesquisas para produção de etanol de segunda geração. Enfatizou a importância de políticas públicas para viabilizar projetos desta natureza (leia aqui).

clique para ampliar clique para ampliarBiodigestor Lageado Grande - Toledo (PR) (Foto: Fabíola Dalla Vecchia)

No Paraná, a preocupação com o destino do grande volume de dejetos provenientes da produção de suínos deu origem a projetos de produção de biogás. Um exemplo de sucesso é a parceria entre a Unioeste, Prefeitura de Toledo, Emater e Itaipu Binacional. O projeto, com fomento da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), está em fase de implantação de um “condomínio de agroenergia”. O mesmo projeto desenvolveu uma tecnologia que poderá gerar bioeletricidade a partir de resíduos urbanos (Fonte: Jornal do Oeste e comunicação pessoal do Prof. Dr. Camilo F. M. Morejon – representante da Unioeste no grupo de articulação “Rodada de Negócios Universidade-Empresa”, da Rota Estratégica em Biotecnologia Agrícola e Florestal).

 

Depoimentos

“A Finlândia vê o Brasil como o principal foco de desenvolvimento da bioeconomia e aposta que o primeiro lugar do mundo onde isso vai deslanchar será aqui” (Nilson Boeta, Diretor Geral da VTT Brasil).

 “O modelo institucional estruturado para o setor elétrico completa 10 anos em 2013 e precisa ser aprimorado, para valorizar as externalidades positivas e negativas de cada fonte, sobretudo nos leilões regulados” (Zilmar de Souza, Gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar - UNICA).

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