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Publicado em 01/04/2013
Nos dias 12 a 14 de março, a Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (SBERA) realizou o III Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais (III SIGERA), no interior do Estado de São Paulo.
Com o objetivo de trazer a ciência para perto do setor produtivo, o simpósio teve palestras de alto nível, além de oferecer três mini-cursos:
O mini-curso “Resíduos e culturas para obtenção de energia” foi ministrado pelo Prof. Dr. Thomas Amon, professor e pesquisador da Universidade Livre de Berlim (Freie Universität Berlin), Alemanha. O Prof. Amon é reconhecido internacionalmente como especialista na utilização de resíduos agrícolas para a produção de bioenergia e seus subprodutos.
Observatórios: Prof. Amon, durante o mini-curso o Senhor mencionou que a União Europeia (UE) incentiva sistemas de produção de bioenergia a partir da biomassa proveniente de culturas que não concorrem com a produção de alimentos. Quais são os instrumentos de incentivo (fomento, regulamentação, tecnologia, pesquisa, etc.) disponíveis para viabilizar estes sistemas?
Prof. Amon: O principal instrumento são as políticas públicas. A regulamentação do setor é feita por meio de legislação que é submetida à consulta pública. Iniciada em 2000 e com duas revisões desde então, a legislação de Energias Renováveis da UE obrigou os diversos setores a se adequar às normas. Após a fase inicial, com envolvimento direto do governo nestes processos, aos poucos o governo retira-se processo, que fica por conta da iniciativa privada. Por outro lado, o financiamento destas adequações foi realizado com recursos tributários, através de fomento da pesquisa e do setor produtivo. Se por um lado foi criado um bônus de inovação para pequenos produtores que utilizam resíduos agropecuários para produção de biogás, por outro o governo apoia investimentos para a construção de Unidades Geradoras de Biogás de grande porte, como alternativa à energia gerada pelas Usinas Atômicas.
Observatórios: Esta é uma tendência global?
Prof. Amon: Globalmente esta é uma necessidade a médio/longo prazos, e o Brasil tem uma grande responsabilidade como contribuinte para a produção de energia de forma sustentável.
Observatórios: O Senhor acha que o Brasil acompanha esta tendência?
Prof. Amon: O histórico e as condições climáticas do Brasil favorecem a produção de culturas como a cana de açúcar, e o etanol deverá continuar sendo de grande importância como fonte de energia renovável. Poderá haver mudanças deste cenário à medida que haja alterações das necessidades de fontes energéticas, no Brasil e a nível global.
Observatórios: Qual a perspectiva do etanol de segunda geração (etanol celulósico) neste contexto?
Prof. Amon: Os investimentos do Brasil nesta tecnologia são altíssimos. É uma tecnologia complexa e certamente há perspectiva de se tornar uma importante fonte de energia renovável, inclusive por utilizar matéria-prima que não serve como alimento.
Observatórios: O Senhor também falou do pré-tratamento de biomassa ligno-celulósica. Qual é o status atual dos processos fermentativos (enzimáticos) na Europa? A tecnologia disponível atualmente é aplicada a campo? Caso for, é economicamente viável?
Prof. Amon: A empresa mais conhecida no tratamento da lignocelulose através de processos enzimáticos é a Novozymes. A tecnologia já é utilizada, principalmente na produção de aditivos para alimentação animal. A viabilidade econômica continua sendo o maior desafio.
Observatórios: A tecnologia de “steam explosion”, mencionada na sua palestra, teria aplicação nas fontes de biomassa disponíveis no Brasil, como, por exemplo, o bagaço de cana?
Prof. Amon: Esta tecnologia é utilizada principalmente para obtenção de subprodutos para alimentação animal. A Unicamp tem um equipamento e faz pesquisas voltadas principalmente para produção de subprodutos para aplicação na alimentação animal, com utilização do bagaço de cana. No entanto, a principal aplicação da tecnologia ainda é no tratamento do lodo de esgoto das grandes cidades, para viabilizar o transporte deste material para posterior aproveitamento.
Observatórios: Em sua opinião, quais são os principais desafios no manejo de resíduos agropecuários?
Prof. Amon: Considero como principais desafios:
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