A indústria automotiva do Brasil deve encerrar 2018 com crescimento acima do esperado nas vendas de veículos novos, e seguir avançando em 2019, mas a produção não vai acompanhar o ritmo, pressionada por recuo das exportações para a Argentina, quadro que deve começar a ser revertido apenas a partir da segunda metade do próximo ano, segundo estimativas da associação que representa o setor, Anfavea.
As vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no Brasil acumularam crescimento de 15% de janeiro a novembro sobre um ano antes ante expectativa da Anfavea para 2018 de alta de 13,7%. Já a produção nos 11 primeiros meses do ano subiu 8,8% sobre o mesmo período ante uma previsão da entidade de alta de 11%.
"Felizmente erramos na previsão de vendas, deve encerrar o ano com uma alta de em torno de 15%", disse o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a jornalistas. "Quanto às exportações, achávamos que podíamos bater recorde neste ano, mas o número mais realista está mais próximo de 600 mil a 650 mil unidades", acrescentou.
A Anfavea começou o ano apostando em exportações recordes de até 800 mil veículos, o que corresponderia a um crescimento de cerca de 4% sobre 2017, mas no acumulado do ano até novembro as vendas externas registram queda de 15,3%, a 597,4 mil unidades.
A Argentina, que vive um quadro de forte queda na demanda por veículos em meio a uma crise econômica, é responsável por 70% das exportações de veículos do Brasil. As vendas externas já tinham recuado em outubro e registraram nova queda em novembro, tombando 53% no comparativo anual e 11,3% no mensal, a 34,5 mil unidades.
Segundo Megale, as medidas tomadas pelo governo argentino para lidar com uma forte desvalorização do peso, que incluem um pacote de ajuda negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), devem surtir efeito apenas em meados do próximo ano, levando a reboque o mercado local de veículos e as exportações brasileiras.
Por conta dessa fraqueza nas vendas externas este ano, algo que a indústria nacional está tentando contornar com ampliação de exportações para mercados menores como Chile e Colômbia, a produção brasileira de veículos deve ficar abaixo das 3 milhões de unidades projetadas pela entidade, o que marcaria um crescimento de 11% em 2018 ante alta de 8,8% acumulada no ano até novembro.
O que está segurando a indústria de veículos neste ano é o mercado interno, que segue impulsionado por melhora do apetite dos bancos em financiar compras em meio ao ambiente de aumento na confiança dos consumidores e empresários e juros da economia na mínima histórica. Em novembro, a média de venda de veículos novos por dia útil foi de 11,5 mil unidades, mesmo valor de outubro e considerado pelo presidente da Anfavea como "importante" ao sinalizar um forte volume de vendas em dezembro, o mês mais movimentado de vendas da indústria.
O presidente da Anfavea evitou fazer projeções precisas, mas disse que a entidade "tem convicção" de que as vendas de veículos novos no Brasil em 2019 vão crescer pelo menos dois dígitos baixos, marcando um terceiro ano de expansão do setor. A expectativa é baseada nas projeções de alta do Produto Interno Bruto (PIB) do próximo ano, de 2,53%, ante 1,3% em 2018.
Sobre a produção, o setor trabalha com um intervalo de crescimento de entre 5 e 10% em 2019. Na véspera, o Instituto Aço Brasil (IABr), que reúne os produtores de aço do país, informou que a projeção para a produção de veículos em 2019 é de alta de 9%.
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