Publicado em 04/08/2015
Fonte: Revista Autoesporte
A ideia do carro autônomo evoluiu rápido, de uma fantasia futurista para uma alternativa viável. Os projetistas estão fazendo sua parte, aprimorando a tecnologia capaz de, em 20 anos, fazer um veículo levar uma pessoa de um ponto a outro com segurança. Mas, até lá, alguém ainda vai ter carro próprio?
Travis Kalanick acredita que não. Ele afirma isso do alto de sua empresa tão rentável quanto polêmica, o Uber. Com o sócio Garret Camp, há seis anos o empreendedor criou o aplicativo que permite chamar um motorista previamente cadastrado para uma corrida, saber qual é o carro, o tempo que levará para chegar e quanto o serviço deverá custar. Praticamente como um táxi, sem ser um táxi. É a chamada “carona paga”. Mal comparando, é algo como os Remis da Argentina, motoristas que oferecem corridas com preço fechado, sem taxímetro.
Kalanick faz mistério quanto ao número de carros envolvidos nas atividades da empresa, hoje avaliada em cerca de R$ 50 bilhões. O Uber está disponível em mais de 200 cidades do mundo e, se parece agradar quem já usou o serviço, desperta reações enfurecidas dos donos de táxis e suas associações. No momento, funciona no Brasil por força de uma decisão da Justiça.
Táxis e novas tecnologias não conversam muito bem. Serviços de rádio facilitaram a vida dos profissionais, mas a chegada recente de aplicativos de localização de carros por smartphones assustou. A possibilidade de chamar um táxi diretamente, sem interferência de ninguém, causou a reação das cooperativas. Chegou a se falar em proibição da novidade, mas prevaleceu a conveniência dos passageiros – e dos próprios profissionais, que ficaram livres de despesas e podem organizar melhor sua rotina de trabalho.
Já não está sendo tão simples com o Uber, uma concorrência que incomoda muito. É comum empresas manterem motoristas assalariados para seus executivos, mas o transporte remunerado individual de pessoas é protegido por lei no Brasil como atividade exclusiva de táxis. Os profissionais têm seus argumentos, como despesas e exigências legais que devem cumprir. Mas os carros nem sempre são bons e o serviço é caro. E a atividade é muito rentável, como atesta a supervalorização das licenças para o seu exercício.
As pessoas têm de se deslocar com qualidade e segurança, pagando um preço justo por isso. Muita gente não se pergunta se é clandestino ou legal: tem de chegar na hora, ou o patrão bronqueia. Como resultado do transporte público deficitário, a maioria que não tem carro embarca no que está à mão: lotações, fretados, moto-táxis, até bicicleta para quem tem fôlego e perna.
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