Publicado em 14/12/2015
Fonte: Jornal da Manhã
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o presidente da DAF Caminhões Brasil, Michael Kuester, revela quais as estratégias para encarar o mercado, que apresenta retração de 45% nas vendas em relação a 2014. Meta é dobrar as vendas no próximo ano.
Manter um quadro enxuto para otimizar os gastos e buscar expandir o mercado com os produtos já existentes. Estas são algumas das estratégias adotadas pela DAF para 2016. A montadora prevê um ano semelhante ao que foi este, de ajuste de mercado. O presidente da DAF, Michael Kuester, recebeu a equipe de reportagem do Jornal da Manhã na última semana em sua sala na fábrica, para uma entrevista exclusiva, onde ele revelou mais detalhes sobre os planos da empresa para os próximos anos, lançamentos, falou sobre a crise, desenvolvimento de parceiros locais, entre outros detalhes. Confira:
Jornal da Manhã: Segundo dados da Fenabrave, 350 caminhões foram emplacados até outubro. Como o senhor avalia o mercado deste ano?
Michael Kuester: A expectativa era realizar 500 vendas. Vamos emplacar entre 400 e 450 caminhões até o fim do ano. O mercado é quase 60% menor que ano passado no nosso segmento. De forma geral, estamos crescendo na contramão do mercado. Nós fizemos, em 2014, 250 vendas. Vamos não duplicar, mas vender uma porcentagem a mais que no ano passado. Não ficamos contentes, porque nossa expectativa era maior, mas em um ano complicado para todo mercado, estamos satisfeitos.
JM: Quais as perspectivas, a meta de vendas para este próximo ano?
MK: Nossa expectativa é duplicar a venda, chegar a mil ou 1,2 mil caminhões, com novos produtos, mais opções para o mesmo produto que temos – na Fenatran falamos de ter maior variabilidade no produto, mais opções de tanques, entre-eixos, cabines, como a Super Space Cab; agora também temos o CF que vende 4X2, 6X2, e vários motores diferentes que não brigavam em segmentos até agora.
JM: Como a DAF vê o mercado para os próximos anos?
MK: Estamos confiantes. O mercado depende de tempo. Estamos aqui, no nosso patamar, vamos crescer; não crescemos como queremos, mas todo o investimento que fizemos aqui, todo o prazo será alongado. Temos confiança total no caminhão que está bem acertado aqui. Agora é focar em conquistar clientes um por um e, realmente, expandir conforme mercado nos permite. O objetivo é manter os custos o mais enxuto possível até uma situação de mercado que prevemos que vai ser muito similar a esse ano. O mercado não nos permite fazer muita coisa agora. É um mercado muito complexo.
JM: A aceitação da marca DAF no Estado do Paraná, em função da fábrica ser em Ponta Grossa, é maior, assim como as vendas na região?
MK: Na verdade, não. O nosso mercado principal é o Rio Grande do Sul. E os clientes daqui compraram muito menos, nesse ano. Os clientes locais foram mais afetados que os demais. Temos mais demanda no Rio Grande do Sul que no Paraná; nossos principais clientes estão lá, vários com 20 ou 30 caminhões.
JM: Atualmente, quantos caminhões são montados por dia?
MK: São dois por dia, agora. E com expectativa de subir o ano que vem, em janeiro. Ainda não está outorgado, mas estamos planejando isso agora.
JM: Como está o desenvolvimento de fornecedores locais? Já há parcerias com empresas daqui, ou negociação para fábricas se instalarem na cidade?
MK: Temos vários parceiros que são da região de Curitiba, de varias regiões perto daqui. Fornecedor local não temos ninguém em Ponta Grossa , mas todos os serviços são locais (transporte, identidade visual, gráficas, foto e vídeo, entre outros). Mas nossa expectativa é que quando tivermos mais volume, teremos mais parceiros aqui. Nosso pequeno volume não justifica. Tem planos de fornecedores, mas ninguém confirmou. A maioria dos nossos fornecedores é do Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
JM: O terreno onde está instalada a DAF é bastante amplo. Ele pode receber, futuramente, a instalação de fábricas de fornecedores, como ocorre em outras plantas automotivas?
MK: No terreno não. Mas, fora, sim. Há o projeto para o futuro de que, aqui na frente mesmo, haver um parque industrial. Imagino que vão se instalar lá, mas não sei.
JM: O início da produção de motores na cidade não era esperado para esse ano, certo? Por que houve essa necessidade?
MK: Estava nos plano nossos desde sempre. Nos planos iniciais, era de ter essa área fora da mesma linha de fábrica. Mas, por necessidade de manter conteúdo nacional, e redução de custos, principalmente, antecipamos esse investimento. O câmbio e a inflação mesmo nos forçaram a acelerar esses investimentos.
JM: Devido a essa inflação e cambio, há previsão da antecipação de algum novo investimento?
MK: Não. Obviamente, no ano que vem, vamos ter mais produtos, estamos em plano de desenvolvimento. Falamos de ter mais variabilidade no produto, estamos agora fazendo um caminhão para fora de estrada, para cana e madeira. Não envolve investimento na fábrica em si, mas envolve capital e custo para desenvolver.
JM: Esse modelo de caminhão ‘off-road’, seria da qual linha?
MK: Será um CF reforçado, com suspensão e eixos mais aptos para essas estradas ‘fora de estrada’ mais complicada. Que começa com a base já vista do CF, mas o trem de força, a suspensão… é um produto novo que tem que ser testado, desenhado e encontrar fornecedores locais para poder homologar.
JM: Para próximo ano, além desse ‘off-road’ haverá novas verões? Quando esse ‘fora de estada’ deve ser lançado?
MK: Vamos fazer engenharia local para adaptar o produto com coisas que precisamos fazer: mais opções de tanque de combustível, de entre-eixos, uma opção ou outra, mas, de forma geral, estamos focados em segmentos. E há mais outras coisas que estamos começando a fazer para os próximos anos. Mas, o maior esforço estamos fazendo agora nesse caminhão fora de estrada, que deve ser testado ano que vem e lançado em 2017. É um processo longo, de dois ou três anos para homologar e, não pode ter problemas lá, porque as cargas são com mais de 100 mil quilos.
JM: E o modelo ‘LF’, como está o desenvolvimento?
MK: Faz parte de expansão de linha de produto. Esse plano está dependendo também de mercado e, obviamente, com o mercado “bombando” estaremos antecipando. Agora, está acontecendo o contrário. Estamos alongando o processo de investimento de novos produtos por consequência de mercado. Temos um mercado enorme onde atua o CF e XF que temos que conquistar. Esse é um desafio nosso.
JM: Lançá-lo em 2016 está descartado?
MK: Temos que manter o foco no que temos, não com o que não temos. Esse segmento que temos hoje é um mercado enorme. Mesmo nessa dimensão de mercado que tem agora, dá para correr mais anos ainda.
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