Publicado em 07/01/2016
Fonte: Estadão
Depois de as vendas de veículos novos terem caído 26,5% em 2015, a terceira queda anual seguida, o setor automotivo já negocia com o governo a adoção de um novo estímulo ao consumo. A informação é do presidente da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção, que tem participado das discussões. Segundo ele, a medida terá como foco a renovação da frota e deverá ser lançada já neste mês, com o nome de Programa Sustentabilidade Veicular. "Há um compromisso verbal", disse.
Assumpção evitou dar detalhes sobre o programa, uma vez que as negociações ainda não acabaram, mas adiantou que há uma proposta em estágio avançado: o consumidor que possui um automóvel com mais de 15 anos de uso ou um caminhão com mais de 30 anos poderá trocá-lo por um novo em concessionárias autorizadas ou revendedoras independentes.
O veículo usado seria avaliado e o valor definido viraria um crédito na compra do novo. O veículo usado não voltaria para o mercado e teria suas peças enviadas para reciclagem. Para que o consumidor tenha mais um incentivo para comprar o veículo novo, além do crédito adquirido com a venda do usado, o governo e o setor automotivo estudam a possibilidade de oferecer algum tipo de vantagem no momento em que o consumidor for pagar o valor restante, com a possibilidade de criação de uma linha de financiamento com juros mais atrativos.
Com a medida, a Fenabrave estima um impacto adicional de 500 mil veículos novos. Considerando somente o segmento de caminhões, o acréscimo deverá ser de 30 mil. O executivo não soube informar o impacto previsto para os demais segmentos. Além da Fenabrave, outras 18 entidades participam das conversas, entre elas a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e sindicatos de trabalhadores.
As discussões sobre o programa ocorrem em meio à terceira retração anual seguida das vendas de veículos novos. Em 2015, foram 2,569 milhões de unidades vendidas, recuo de 26,5% em relação ao volume de 2014 (3,497 milhões), o maior tombo desde 1987. Em 2014, houve recuo de 7,15% em relação ao ano anterior. Em 2013, a queda havia sido de 0,9%, a primeira baixa em dez anos.
O setor automotivo teve seu auge em 2012, quando vendeu 3,8 milhões de unidades. À época, o mercado ainda contava com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), medida que tornou os veículos mais baratos e estimulou o consumo. Sem a implementação do programa de renovação de frota, a Fenabrave espera nova queda da venda de veículos novos em 2016, de 5,8%
em relação ao patamar de 2015, para 2,42 milhões de unidades, considerando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Se a medida for adotada, é provável que a entidade revise suas previsões para o ano.
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