Publicado em 03/10/2016
Fonte: Exame
O Brasil caiu seis posições e ficou no 81º lugar na edição de 2016 do ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, feito em parceria com a Fundação Dom Cabral e lançado em 27 de outubro.
É o pior resultado do Brasil no ranking global desde que a Fundação Dom Cabral passou a ser responsável pela coleta e análise dos dados brasileiros, em 1996. O país chegou a ficar em 48º lugar em 2012 e vem caindo desde então.
O Brasil se manteve atrás de todos os outros BRICS e até de economias como Vietnã (60º), Ruanda (52º), Guatemala (78º) e Sri Lanka (71º). Outros países também tiveram quedas expressivas, como Malásia (de 18º para 25º), Portugal (de 38º para 46º) e Cazaquistão (de 42º para 53º).
Os dez países mais competitivos do mundo foram mantidos neste ano em relação a 2015, encabeçados por Suíça, Singapura, Estados Unidos, Holanda e Alemanha, nesta ordem. Na América do Sul, o Brasil ficou atrás de quatro países: Chile (33º), Colômbia (61º), Peru (67º) e Uruguai (73º). Já a Argentina ficou em 104º, a Bolívia em 121º, o Equador em 91º, o Paraguai em 117º e a Venezuela em 130º.
O Fórum Econômico Mundial define competitividade como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. O relatório analisa 118 variáveis em 12 pilares, dos quais o Brasil teve piora em seis. Neste ano, o levantamento foi feito com 138 países.
As pioras mais acentuadas do Brasil foram nos pilares “desenvolvimento do mercado financeiro” —em que o país saiu da 58º posição em 2015 para o 93º lugar em 2016— e “inovação” (de 84º para 100º).
Já os dois pilares em que o Brasil mais ganhou posições foram “educação superior e treinamento” (de 93º em 2015 para 84º em 2016) e “eficiência do mercado de trabalho” (de 122º para 117º) —ainda assim o país está bem distante das primeiras colocações nesses dois quesitos.
Clima ruim
Assim como em 2015, o que pesou bastante neste ano foi o clima negativo do país, já que grande parte das notas vem de um questionário respondido por empresários entre março e maio e que revelou uma postura bem crítica.
“Esse questionário é responsável por um terço da nota do país no levantamento”, disse Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral e coordenador da pesquisa no Brasil. “Quando foi feito o questionamento, os empresários tinham um ponto de vista negativo por causa da instabilidade política. Isso afetou a nota brasileira.”
Segundo ele, o desempenho do Brasil no ranking deve melhorar nos próximos anos. “As pessoas, hoje, já voltaram a acreditar mais no país, estão mais otimistas com as reformas que têm sido discutidas pelo atual governo e que devem sair do papel em breve.”
Arruda defende que o desenvolvimento da competitividade brasileira só será possível a partir da incorporação de tecnologias, amadurecimento das empresas e empresários, aumento da produtividade e ganhos de comércio internacional, via uma agenda clara e transparente do governo.
Efeito global
No geral, a avaliação do professor é que de a perda de produtividade global é um dos maiores obstáculos para a competitividade e para o desenvolvimento dos países. Para ele, o resultado do ranking deixa claro o fim do ciclo de produtividade baseado na microeletrônica e na automação, chamando a atenção para o crescimento da digitalização —a chamada "Indústria 4.0" ou "Smart Industry".
Outro ponto destacado é o menor nível de globalização. “O mundo passa por uma turbulência nacionalista. A Brexit na Europa e o ganho de espaço de Donald Trump nos EUA são consequências disso. Esse isolamento pode gerar um efeito em cadeia negativo, impactando também o Brasil, que teria mais dificuldade para desenvolver sua competitividade em um mundo menos aberto”, disse.
Para 2016, o Fórum Econômico Mundial projeta um crescimento da economia global inferior a 2,5%.
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