Publicado em 25/09/2018
A divisão de aftermarket da ZF lançou na Automechanika Frankfurt, uma espécie de disrupção da disrupção:
o e-troFit, nome para o serviço de conversão de ônibus urbanos diesel usados, já em circulação, em um veículo 100%
elétrico. Para isso a ZF firmou acordo para fornecer seus componentes de powetrain elétrico (motor e eixos) para
a empresa de engenharia In-Tech, de Ingolstadt, na Alemanha, que elaborou o processo de "reforma" dos ônibus.
Presidente da ZF Aftermarket, Helmut Ernst avalia que a solução tecnológica de transição tem potencial para crescer rapidamente
em cidades europeias que vão restringir severamente a circulação de veículos diesel em seus centros urbanos. A estimativa
é que todos os ônibus em circulação que não atendem à norma Euro 6 podem passar pelo retrofit elétrico.
"Só em 2025 os fabricantes terão capacidade para fornecer o volume necessário para atender a demanda de veículos elétricos. Até lá, para alcançar as metas exigidas de proteção ambiental, o retrofit do sistema de acionamento convencional dos ônibus urbanos para tração elétrica será uma opção muito mais rápida para as administrações municipais na eletrificação do transporte coletivo", afirma Ernst. |
O alvo atual do e-troFit são os ônibus urbanos simples e articulados dos principais fabricantes, inicialmente no mercado
alemão e, em seguida, nos demais países europeus. O primeiro protótipo e-troFit convertido para propulsão totalmente elétrica
já está em testes em Munique, na Alemanha, que provavelmente terá a primeira frota do gênero no mundo.
O preço
da conversão, ponto mais sensível para a aceitação (ou não) dessa inovação, não é exato. 'Não é possível fixar um valor porque
depende das exigências de aplicação de cada veículo, como tamanho, autonomia das baterias e configuração do powertrain, mas
calculamos que custa a metade de um ônibus novo', afirmou Andreas Hager, diretor do Centro de Inovação em eMobility da In-Tech.
"Calculando uma vida útil de dez anos e considerando apenas o consumo de combustível, um ônibus elétrico poupa gastos no valor de ? 100 mil. Ou seja, as vantagens para os clientes são evidentes", confia Hager. |
Segundo ele, a transformação de cada veículo leva cerca de um mês de trabalho para ser feita, com retirada da motorização
diesel e substituição pela tração elétrica, mas o processo todo, envolvendo a decisão de qual sistema usar, especificações
técnicas do projeto e aprovação pelos órgãos de fiscalização, pode se estender por cerca de seis meses.
ZF e
In-Tech apostam que a rapidez para a conversão de frotas diesel em elétricas é a principal vantagem o e-troFit. Isso porque
muitas cidades estão pressionadas pela legislação europeia para reduzir emissões de poluentes e CO2, enquanto os fabricantes
de ônibus urbanos ainda não teriam capacidade de fornecer todos os veículos necessários de uma só vez.
Segundo
a Clean Air, grupo de nove organizações ambientais europeias, os ônibus urbanos de transporte coletivo movidos a diesel respondem
por grande parte das emissões nas cidades. Em alguns municípios, os ônibus representam apenas 2% da frota, mas emitem cerca
de 30% dos poluentes.
EIXO E MOTOR ELÉTRICO |
A ZF vai fornecer para o e-troFit os mesmos tipos de sistemas eletrificados que vem desenvolvendo há cerca de cinco anos
para os fabricantes de veículos. São dois tipos de powetrain: o CeTrax, motorização central elétrica projetada especialmente
para ônibus urbanos; e o AxTrax AVE, eixo com dois motores elétricos instalados diretamente nas rodas.
A motorização elétrica central CeTrax da ZF: pronta para equipar ônibus usados
"O CeTrax pode
ser instalado diretamente na plataforma já existente de ônibus, sem que sejam necessários grandes ajustes no chassi, nos eixos
e no diferencial", garante Ernst. O motor elétrico tem potência de até 300 kW (402 cv) e torque máximo de 4.500 Nm. Em desempenho,
não deixa nada a desejar em comparação a motores diesel. O CeTrax pode ser combinado com eixos de acionamento direto ou convencionais
de piso baixo, possibilitando que seja aplicado tanto em ônibus do tipo low entry, como também nos demais modelos com piso
rebaixado. Segundo a ZF, com uma capacidade de rampa de até 25%, a tração elétrica vence facilmente as topografias urbanas
mais desafiadoras.
O eixo AxTrax AVE da ZF tem dois motores elétricos acoplados às rodas e pode ser
aplicado em ônibus com diversos tipos de propulsão eletrificada
Já o eixo elétrico AxTrax AVE tem dois
motores elétricos nas rodas que geram juntos até 250 kW (335 cv) e torque máximo é de 22.000 Nm. A ZF explica que a aplicação
não requer componentes especiais, o que permite utilizar rodas, pneus e freios a disco dos ônibus convencionais. O AxTrax
AVE pode ser combinado com diferentes tipos de propulsão: híbrida serial (com motor diesel para gerar energia), 100% elétrica
a bateria ou com sistema pantográfico de recarga, ou mesmo com célula a combustível a hidrogênio. O eixo conta também com
dispositivo de recuperação de energia cinética nas frenagens ou reduções, para recarregar as baterias. A configuração economiza
espaço no chassi e abre a possibilidade de instalar um banco maior de baterias.
"Em cooperação com a In-Tech oferecemos
uma solução one-stop-shop para o retrofit, com a aplicação do CeTrax ou do AxTrax AVE, além de fornecer o conhecimento
necessário e as competências de oficina, atuando em parceira comercial e de serviço com a In-Tech e nossos clientes", resume
Helmut Ernst.
Fonte: Automotive Business
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