Publicado em 11/10/2017
Fonte: AEN
O polo automotivo no Paraná foi o que mais gerou empregos com carteira assinada no setor nesse ano no país. Levantamento do Observatório do Trabalho, da Secretaria de Estado de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos com base nos dados do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que, sozinho, o Paraná respondeu por 29% das contratações no segmento no Brasil. Das 6.193 vagas criadas em todo País de janeiro a agosto, o Paraná foi responsável por 1.775.
O Paraná foi o único, entre os principais polos automotivos do país, a ter saldo positivo de emprego. O resultado entre admitidos e demitidos nas fábricas de automóveis, caminhões e utilitários foi positivo em 1.327 empregos formais nos primeiros oito meses do ano.
São Paulo, que tem o maior parque industrial do setor, mais demitiu que contratou e registrou um saldo negativo de 1.365 empregos. Minas Gerais também foi nessa linha, com a perda de 1.540 vagas. O Paraná é o segundo maior polo automotivo em receitas e o terceiro em produção do País. O setor emprega 44,7 mil pessoas no Estado.
Investimento e exportação
Investimentos, retomada do mercado interno e aumento das exportações ajudam a explicar o desempenho melhor que a média brasileira. “O Paraná é um exemplo da diversificação do setor automotivo, que décadas atrás era concentrado no ABC paulista. Os investimentos em novas fábricas, com incentivos e mão de obra qualificada, fizeram o Estado ganhar destaque na produção no País”, diz a economista Suelen Glinski Rodrigues dos Santos, do Observatório do Trabalho.
Concentrado na região de Curitiba e em Ponta Grossa, o polo automotivo do Estado cresceu nos últimos anos, sustentado pelo programa do Governo do Estado de incentivos Paraná Competitivo. Entre 2011 e 2016, somente as montadoras de automóveis e caminhões já investiram R$ 4,2 bilhões em novas fábricas e linhas de produção no Paraná. Entre janeiro de 2011 e agosto de 2017, o Paraná respondeu por 10% das contratações do setor automotivo no País, com 7.596 admissões.
Nesse ano, a Renault, com apoio do programa estadual de incentivos, anunciou R$ 750 milhões para uma nova fábrica de injeção de alumínio e na expansão da sua unidade de motores em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
“O setor vem se recuperando, tanto no mercado interno quanto nas exportações. E as fábricas do Paraná já trabalhavam, durante a crise, com índices de ociosidade mais baixos que as demais. Por isso a retomada da produção e do emprego é mais rápida aqui”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social).
Produtividade
Para Suzuki Júnior, a alta produtividade do parque automotivo no Paraná é outro fator que ajuda a explicar o aumento nas contratações. “O setor automotivo no Paraná é considerado o mais produtivo do País, graças à oferta de mão de obra mais qualificada, fábricas relativamente novas e investimentos em capacitação. Como já trabalham com altos índices de produtividade por funcionário, a saída para ampliar produção é contratar”, diz.
De acordo com ele, esse quadro é diferente em outros Estados que têm fábricas mais antigas. “Nessas indústrias, ainda há espaço para aumentar a produtividade, ou seja, é possível ampliar a produção sem alterar o número de empregados”, acrescenta.
Embarques
As exportações também têm ajudado a gerar mais empregos no chão de fábrica. Para compensar a retomada mais lenta no mercado interno, as montadoras vêm direcionando uma fatia cada vez maior da produção para as exportações, principalmente para a Argentina. "No ano passado, exportamos 35% da nossa produção. No primeiro semestre aumentamos nossas exportações em 60% com relação ao ano passado. Contratamos 700 pessoas há três meses para o terceiro turno e operamos muito próximo da nossa capacidade máxima”, disse Olivier Murguet, presidente da Renault América Latina, durante o anúncio da ampliação de investimentos no Paraná, no início de agosto.
De janeiro a agosto, as montadoras de automóveis do Estado exportaram US$ 653,4 milhões - 89% mais do que nos primeiros oito meses de 2016, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) ligada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Os embarques de autopeças cresceram 52,5%, chegando a US$ 186,13 milhões, e de veículos de carga aumentaram 56,8% -atingindo US$ 294,5 milhões.
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