Publicado em 19/09/2017
Fonte: CNPq
Há quatro anos, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) iniciou, em parceria com a Universidade Federal do ABC (UFABC), um projeto piloto para concessão de bolsas de Doutorado Acadêmico Industrial (DAI).
A proposta é desenvolver projetos que resultem de um período passado pelo aluno em laboratórios e centros de pesquisa de empresas e indústrias privadas ou públicas. Após a elaboração e aprovação do estudo desenvolvido nessa fase inicial (Pré-Doutorado), o aluno é matriculado no curso regular vinculado ao DAI. O diploma dos ingressantes por esse sistema é idêntico ao dos demais alunos que passam pelos processos seletivos tradicionais dos programas de pós-graduação da Universidade.
No final de agosto deste ano, no Campus de Santo André (SP), a primeira tese dessa modalidade foi defendida. Com o título "Estudo e caracterização de compósito de polipropileno e pó de pneu para utilização na indústria automotiva", ela trata do desenvolvimento de material para encapsulamento de motores para redução de ruído. O produto, desenvolvido pela aluna Kelly Cristina de Lira do Doutorado Acadêmico Industrial (DAI) em Nanociências e Materiais Avançados, se iguala em desempenho aos sistemas usualmente empregados, com as vantagens de propiciar custo de produção 1/3 menor, redução de peso e uso de material reciclado (pó de pneu).
O professor Fabio Furlan, orientador da aluna na UFABC, conta que Kelly havia sido aprovada no programa regular para o doutorado, mas houve a opção pelo DAI, "o que trouxe um grande ganho para a carreira dela e ampliou oportunidades", afirma. Segundo ele, um dos aspectos destacados pelos integrantes da banca julgadora foi se tratar de uma tese que apresenta um produto final e que poderá substituir com ganhos uma peça atualmente em uso. Furlan aponta o bom andamento da parceria com a Mercedes Benz como outro fator importante para o sucesso na conclusão do trabalho: "sempre fomos bem atendidos e as conversas foram bastante claras, tanto no âmbito científico quanto no jurídico, mesmo esbarrando em questões de sigilo, conseguimos realizar o estudo e caracterização dos materiais utilizados na concepção da peça", destaca o orientador.
De acordo com o coordenador do DAI, professor Erik Gustavo del Conte, há 25 projetos do programa em andamento na UFABC, com 29 empresas e mais de 70 docentes credenciados. Ele ressalta que o apoio do CNPq na concessão de 20 cotas de bolsas tem sido fundamental para o êxito do DAI, desde o início do curso em 2013. Segundo Erik, concomitante ao marco da primeira defesa de tese do DAI, a Universidade assinou a renovação por mais cinco anos do acordo de cooperação com o CNPq para manutenção do Programa.
"Também estamos readequando normas internas para aperfeiçoar a comunicação entre os envolvidos e o controle de projetos e divulgando um mapeamento com empresas, estudos, doutorandos e docentes participantes", explica o coordenador. Ele revela que outro aprimoramento em análise é a viabilidade da realização de estágios em centros de pesquisa das empresas parceiras no exterior.
Renovação e expansão
O programa com a UFABC foi renovado com o CNPq até 2023. Além disso, está em vias de assinatura um novo acordo, com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) prevê 10 bolsas de doutorado.
"O programa estimula o desenvolvimento de linhas de pesquisas integradas aos desafios do segmento industrial mantendo a perspectiva de produção científica de alto impacto", explicou o diretor de Cooperação Institucional do CNPq, José Ricardo de Santana.
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