Publicado em 12/09/2017
Fonte: Fenabrave
Com o término do Inovar-Auto em 2018 e a perspectiva do fim da tributação extra para importados, a velocidade de lançamentos de novos modelos deve se intensificar no Brasil, mesmo sem um horizonte de retomada consistente da demanda doméstica.
Analistas acreditam que mesmo diante do cenário atual, em que muitas empresas ainda amargam os prejuízos dos últimos três anos, as montadoras terão que continuar investindo em novos produtos para garantir fatia de mercado. "Com o fim do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) adicionais para importados, a competição deve ficar ainda mais acirrada", afirma o presidente da Jato Dynamics no Brasil, Milad Kalume Neto.
Para o diretor da Sell-Out 3, Arnaldo Brazil, o fim do Inovar-Auto deve trazer uma briga maior ao mercado. "Com menos restrições, as importadoras tendem a trazer mais modelos, acirrando a briga por market share. A velocidade dos lançamentos pode até crescer."
Em 2011, antes da implantação do Inovar-Auto, a Kia chegou a vender mais de 80 mil unidades no País. Porém, nos anos seguintes, com a cota de vendas de 4,8 mil unidades sem majoração de 30 pontos do IPI para importados, a montadora não conseguiu chegar perto do seu recorde de vendas.
Agentes do setor afirmam que é difícil quantificar o número de lançamentos porque as empresas também contabilizam novas versões de modelos já existentes. Mas o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, garante que o ritmo de lançamentos se manteve mesmo durante a crise. "Acredito inclusive que houve uma intensificação desse movimento", declarou.
A Volkswagen, por exemplo, informa que além de novas versões, quatro modelos inéditos da marca já estão confirmados para o Brasil (com produção local) nos próximos anos, incluindo um SUV e uma picape. "Ainda temos outras novidades que só poderemos abrir mais para frente", informa a companhia, que iniciou em 2016 um ciclo de investimentos de R$ 7 bilhões.
A Renault também vem apresentando modelos inéditos nos últimos anos, como a picape de tamanho intermediário Oroch, além dos modelos mais recentes Captur e Kwid, que consumiram investimentos da ordem de R$ 500 milhões, informa a empresa.
A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) é outro case de montadora que investiu em novos produtos nos últimos anos mesmo com a forte retração do setor. O Renegade (Jeep) rapidamente escalou a liderança em SUVs após a sua chegada, em 2015, e a picape Toro (Fiat) também obteve volumes expressivos logo depois do seu lançamento, em 2016.
Impulso extra
Megale avalia que o Inovar-Auto contribuiu para o desenvolvimento de novos modelos. O regime foi anunciado em meio ao recorde do mercado local, em meados de 2012, quando as vendas se aproximaram de 4 milhões de unidades.
Porém, em 2013 os emplacamentos entraram em trajetória de declínio e só voltaram a apresentar um crescimento modesto há poucos meses. De janeiro a agosto, os licenciamentos tiveram alta de 5,3% ante igual período de 2016, para 1,42 milhão de unidades, segundo dados divulgados pela Anfavea na quarta-feira (06). Já a produção, impulsionada pelas exportações, cresceu 25,5% na mesma base, para 1,74 milhão de unidades.
Megale destacou que na passagem de julho para agosto, houve um aumento de 1,1 mil postos de trabalho nas montadoras. "Diante dos resultados expressivos, revisamos as projeções para o ano."
A produção deve crescer 25,2% em 2017, ante projeção anterior de 21,5%; já a previsão de licenciamentos passou de uma alta de 4% para 7,3%, enquanto as exportações passaram de um aumento de 35,6% no ano para 43,3%.
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