Publicado em 02/05/2017
Fonte: Automotive Business
O programado aumento da produção e principalmente o processo ainda em curso no setor de nacionalização de autopeças contribuirão para o aumento das compras de autopeças nacionais ao longo deste ano. Foi esta a posição consensual dos executivos das montadoras PSA Peugeot Citroën, Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Mercedes-Benz, Caoa e Ford que participaram do painel “As Compras das Montadoras” no VIII Fórum da Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business na segunda-feira, 17, no Golden Hall do WTC, em São Paulo.
Erodes Berbetz, diretor de compras da Mercedes-Benz do Brasil, falou em crescimento de 5% a 10% no volume deste ano em relação a 2016. “Apesar de termos elevado índice de nacionalização, sempre encontramos oportunidades para localizar mais. E também vamos ampliar exportações, comprando mais dos fornecedores daqui.”
No caso da Ford, a projeção de alta é de 7% a 8%, conforme revelou Roxana Molina, diretora de compras da montadora na América do Sul. Ela lembrou que a empresa reiniciou o terceiro turno em Camaçari, BA, em fevereiro deste ano, e garantiu que o número de fornecedores com problemas vem diminuindo. “Se antes havia 100 deles, hoje são 70”, comentou sobre a redução de 30%.
Também o diretor de compras para a América Latina da PSA, Antonio Carlos Vischi, disse que a expectativa é de aumento dos negócios internos. Não especificou índices, mas destacou que a companhia registra crescimento na região este ano. “Sempre buscamos o máximo de integração local. E em muitos casos estamos tendo retorno positivo dos fornecedores. Estamos aqui para apoiá-los.”
O diretor de compras da FCA, Armando Carvalho, garantiu, por sua vez, que a estratégia da empresa é localizar o máximo de peças na região. “Quanto mais pudermos comprar localmente, melhor.” As aquisições diretas da FCA atingiram R$ 14 bilhões no ano passado e, segundo Carvalho, a ideia é crescer um pouco ou ao menos repetir esse número.
Entre as cinco empresas participantes do painel, a Caoa é uma das que mais se esforçam para ampliar o índice de nacionalização. Segundo o diretor de compras e de RH do grupo, Ivan Witt, a empresa encerrou 2016 com a compra de 5,5 mil itens locais, mais que o dobro do ano anterior. “Eram 250 itens em 2014 e 2,5 mil em 2015. Estamos acelerando esse processo por causa das exigências do Inovar-Auto.”
O próximo lançamento da empresa, o caminhão HD-80, terá índice de nacionalização de 70%. “Para podermos vender o produto com recursos do Finame vamos comprar o motor localmente. Já acertamos o fornecimento com a FPT”, revelou Witt. Além disso, a empresa inicia este ano processo de estamparia de peças em Anápolis (GO).
O diretor de compras da PSA revelou, por sua vez, que a montadora já escolhe fornecedores para a nova plataforma que lançará no Brasil, garantindo que o objetivo nesse caso é ter 90% de índice de nacionalização. Também está em curso o processo da FCA em Pernambuco de construção de dois novos parques de fornecedores. “Ainda nesta terça-feira, 18, teremos reunião na fábrica mineira de Betim para encaminhar o projeto”, comentou o diretor de compras do grupo.
PROBLEMAS NA BASE FORNECEDORA
Todos os participantes do painel falaram de problemas na base fornecedora, que atingem principalmente as empresas pequenas, mas a maioria dos executivos acredita que as dificuldades hoje são menores que no passado. A PSA, por exemplo, reduziu sua base fornecedora, dando oportunidades aos que investem mais, que oferecem qualidade e apresentam boa saúde financeira.
A FCA investe em processos internos de troca de experiência com os fornecedores, enquanto a Mercedes-Benz mantém processo de monitoramento da saúde financeira de seus parceiros. Ivan Witt, do Grupo Caoa, garantiu que a montadora enfrentou poucos problemas no processo de ampliação do conteúdo local. “Tivemos falhas apenas com dois fornecedores no ano passado e nos dois casos houve um final feliz.”
Pesquisa eletrônica coordenada pela Atlas Copco confirmou durante o painel as citadas melhorias na cadeia automotiva ao longo do último ano. A maioria, 65,6% dos votantes, garantiu que a situação da base fornecedora é difícil, mas administrável.
Há um ano esse índice tinha sido de 52%. Do restante, 24,6% avaliaram a situação como crítica, muito difícil, e 9,7% informaram não ter problemas.
A pesquisa indicou ainda que 41,3% dos fornecedores presentes têm conhecimento de algum programa de ajuda das montadoras ou têm recebido algum tipo de apoio. Com relação aos volumes de compras locais, 40,8% disseram que elas caíram, 32,6% que subiram e 26,5% avaliaram que os níveis estão se mantendo.
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