Publicado em 30/11/2016
Fonte: Gazeta do Povo
Não é preciso ser nenhum grande especialista para perceber que as faltas são um grande problema para a produtividade de uma empresa, principalmente em tempos de crise. Mas qual o real impacto dessas ausências para a indústria? Segundo dados da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Paraná (ABRH-PR), em 2014, as companhias paranaenses perderam cerca de 2,2% do tempo dos seus empregados com faltas, afastamentos e atrasos.
Parece pouco, mas é como se uma empresa fechasse durante oito dias porque ninguém apareceu para trabalhar. É por essa razão que cuidar do índice de absenteísmo se torna algo tão importante. Como explica a coordenadora de segurança e saúde do Sesi no Paraná, Juliana Cipriani, a falta de gerenciamento dessas ausências pode gerar custos desnecessários e afetar até mesmo o consumidor final. De acordo com ela, é um problema socioeconômico que atinge toda a cadeia produtiva.
Absenteísmo e os impactos na indústria
Faltas e afastamentos têm reflexos diretos na produtividade, na qualidade do serviço e afetam até mesmo o consumidor final. Só em 2014, as indústrias paranaenses gastaram mais de R$ 224 milhões com ausências causadas por acidentes de trabalho.
“As faltas diminuem a produtividade, reduzem a qualidade do serviço e o rendimento do trabalhador, além de aumentarem o custo de produção com substituições e treinamentos, o que reflete no preço final para o consumidor”, aponta. “Todo mundo sai perdendo”. Somente em 2014, as indústrias paranaenses gastaram mais de R$ 224 milhões com afastamentos causados por acidentes de trabalho, conforme revela a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho.
As causas dessas ausências são bastante variadas, indo desde problemas pessoais a questões médicas, passando por acidentes à simples falta não justificada do funcionário. Só que não se trata de impedir que esse trabalhador se ausente, mas de ter um maior controle sobre isso para evitar que esse absenteísmo tenha um impacto real sobre a produtividade. Assim, trabalhar com um sistema de gestão se torna uma solução bastante eficaz para reduzir esses índices.
O primeiro passo é conhecer o problema para saber como tratá-lo. “Muitas empresas não conhecem a própria realidade. Elas sentem a ausência do trabalhador, mas não tomam uma ação para evitar que ele continue se afastando”, descreve Juliana Cipriani. “É um problema de gestão”. Assim, acompanhar essas faltas e entender as suas causas se revelam processos fundamentais para controlar o absenteísmo.
Para o doutor Erasmo Henrique Mello Pereira, médico do trabalho do Sesi no Paraná, monitorar ocorrências menores ajuda a evitar afastamentos de longa duração. “Se há uma frequência nos atestados de hipertensão, por exemplo, vamos fazer uma campanha sobre o tema. Isso ajuda a reduzir o aparecimento de novos casos ou que o trabalhador se afaste por períodos maiores por conta disso”, explica.
Foi essa a estratégia adotada pela Aker Solutions para reduzir os índices de absenteísmo em sua unidade no Paraná. Segundo a médica do trabalho da empresa, a doutora Alana Santos, esse acompanhamento epidemiológico é fundamental para entender o que se passa dentro da organização e identificar eventuais problemas, o que ajuda na hora de apresentar soluções.
Esse cuidado, afirma Santos, é algo básico dentro de qualquer companhia, pois traz reflexos diretos nos resultados e na qualidade do serviço. “Com esse levantamento, conseguimos tomar ações coletivas e individuais no sentido de contribuir para a melhoria da saúde do trabalhador”, revela a médica. “E, ao priorizarmos esse aspecto, influenciamos na produtividade da empresa, mas de uma maneira diferente e efetiva”.
Cultura do atestado
Juliana Cipriani defende ainda a ideia de que a empresa deve adotar um maior controle sobre os atestados, não os recebendo apenas de maneira passiva. “É trabalhar com o RH para saber o que está acontecendo, ter um melhor controle e conhecer os problemas para reduzir os números”, sugere.
Assim, além de frear a famosa cultura do atestado, esse tipo de medida ajuda a organização a entender sua própria realidade e a se aproximar da equipe. “As organizações bem-sucedidas estão estimulando a presença por meio de práticas gerenciais e culturais que privilegiam a participação dos funcionários”, conta a coordenadora do Sesi no Paraná.
Segundo ela, algumas mudanças comportamentais já se tornam visíveis em alguns poucos meses, principalmente pelo fato de as ações serem focadas na realidade de cada companhia. Para ela, porém, mais importante do que o prazo, são os ganhos que tanto a empresa quanto o trabalhador conquistam com esses cuidados, seja com o aumento na produtividade e na redução dos custos ou na satisfação do funcionário. “São ações preventivas que têm um impacto muito maior do que os gastos que a empresa teria com doenças e acidentes”, conclui.
As temáticas citadas nesse post e seus desdobramentos nas empresas são pautas de discussões e ações dos Grupos de Trabalho: “Educação Corporativa” e “Diversidade e Inclusão – Legislação”, da Articulação do Setor Automotivo. Para mais informações sobre a Articulação Setorial, as próximas agendas e demais Grupos de Trabalho, clique aqui.
Envie para um amigo