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Na crise, Volvo dribla perdas no Brasil

Publicado em 14/09/2016

CEO do grupo conta como evita prejuízos e diz que quer exportar mais

Fonte: Automotive Business

O mercado de caminhões encolheu 70% no Brasil nos últimos três anos, segundo os cálculos da Anfavea. O tombo desestabilizou projetos das montadoras no País, mas não foi capaz de levar a Volvo ao prejuízo na América Latina. Quem conta é o CEO global da companhia, Martin Lundstedt, durante entrevista na sede da companhia em Estocolmo, na Suécia. “Fizemos um ótimo trabalho diante da queda do mercado e estamos com a lucratividade próxima de zero este ano, sem prejuízo. Em 2015 também não perdemos dinheiro”, garante, com orgulho.

Ele ocupa o mais alto cargo de liderança da companhia há um ano, posição que assumiu com a missão de melhorar a rentabilidade. Na bagagem, Lundstedt trouxe a experiência de duas décadas na Scania, incluindo três anos na presidência da companhia e passagem pela operação brasileira nos anos 1990. Segundo ele, o mérito pelo resultado ainda positivo na América Latina está relacionado com a linha de produtos globalizada e com a independência da operação local, centralizada em Curitiba (PR) para caminhões e ônibus e em Pederneiras (SP) para máquinas de construção.

A Volvo do Brasil é participante ativa em várias ações da Articulação do Setor Automotivo. Para mais informações sobre a Articulação Setorial e demais Grupos de Trabalho, clique aqui.

“São plantas completas, com capacidade tecnológica tão avançada quanto no resto do mundo. No Paraná fazemos ainda motores e transmissões”, diz. O executivo aponta que a região tem forte independência, com grande entendimento sobre o cliente local e autonomia para tomar decisões. “Não falamos de Gotemburgo o que eles devem fazer. Eles sabem o que é necessário para desenvolver a empresa no mercado latino-americano”, aponta, enumerando o mérito no trabalho com vendas, serviços, produção e pesquisa e desenvolvimento, já que Curitiba abriga um dos oito centros tecnológicos da companhia no mundo. A unidade recebeu uma série de investimentos recentes: US$ 500 milhões anunciados em 2013 somados a outro pacote de US$ 320 milhões em 2014.

Lundstedt estima que, depois de absorver 40 mil caminhões pesados em 2015, a demanda do continente caia para 30 mil este ano. A participação de mercado da companhia se manteve estável em 20% nos segmentos de semipesados e pesados na região, segundo o executivo. “É claro que, com a estrutura que temos hoje, é importante que aconteça alguma recuperação. Mas estamos no caminho certo”, observa. O CEO diz que já percebe os primeiros sinais de melhora da confiança local, mas reforça que é essencial garantir previsibilidade para os próximos anos, batendo na mesma tecla que outras fabricantes de veículos pesados insistem no Brasil. “É uma economia muito grande. Precisa de continuidade, infraestrutura e investimento.”

Exportações para garantir rentabilidade

A importância da América Latina no faturamento do Grupo Volvo, que era de 10%, caiu para 5%. Enquanto isso, os negócios melhoram na Europa e nos Estados Unidos, principal mercado da empresa no mundo. A severa contração do mercado brasileiro chamou a atenção da companhia para a necessidade de melhorar as exportações locais. “Um dos desafios do Brasil é que o país ainda tem uma economia fechada. Com isso, temos ondas maiores de altos e baixos. Não vemos isso em economias mais abertas, como Chile e Peru”, avalia.

O país tem dificuldade de exportar, com câmbio desfavorável até pouco tempo atrás. “Nos últimos anos, 80% da nossa produção no Brasil atendia ao mercado interno. Agora, com a crise, este porcentual baixou para 60%, com 40% para exportação. A minha vontade é de, no longo prazo, manter a mesma proporção mesmo com a melhora do mercado interno”, esclarece.

Segundo ele, há condições para atender a este objetivo, já que a Volvo trabalha globalmente com integração produtiva entre suas fábricas. Assim, além de abastecer mercados da América Latina, a operação nacional poderia atender a demanda da África e até da Ásia, eventualmente. “Isso deixaria a planta de Curitiba menos vulnerável. Por enquanto estamos apoiados em poucos mercados”, aponta.

Segundo ele, exportar é o caminho para recuperar a rentabilidade localmente. “Se você tem rentabilidade e performance, você é mestre do seu destino”, diz, em referência ao poder de desenhar estratégia e decidir projetos localmente. O foco, Lundstedt aponta, não é crescer indiscriminadamente, mas avançar com rentabilidade e consistência. Com isso, a América Latina seria o reforço necessário para o resultado positivo que a companhia espera alcançar globalmente em 2016.

Futuro autônomo e conectado

Ao projetar os próximos anos, o CEO do Grupo Volvo conta que a companhia trabalha com um tripé tecnológico para desenvolver seus novos produtos. O primeiro pilar é a conectividade, que inclui uma série de oportunidades na área de internet das coisas. Em seguida ele cita a eletro-mobilidade, com o esforço para oferecer diferentes combinações de tecnologias de propulsões que vão dos totalmente elétricos aos híbridos. O terceiro ponto de apoio do tripé está na automação. “Estes três aspectos podem ser combinados de diferentes maneiras e vão transformar a indústria e o comportamento do consumidor”, acredita.

Uma das mudanças importantes, ele diz, é que o processo de desenvolvimento deixará de ser centralizado para ser feito com uma rede de parceiros, que inclui empresas de infraestrutura, segurança e companhias de tecnologia, que fazem radares e câmeras, por exemplo. “No futuro nosso negócio não será mais sobre fabricar um caminhão ou ônibus, mas sobre integrar um sistema. As soluções não serão iguais e teremos de desenvolver cada uma delas com o cliente, no lugar de desenvolver sozinhos e depois vender a solução pronta”, diz.

Ele dá o exemplo do caminhão autônomo que roda na operação da mineradora Boliden, com projeto implementado em parceria com este cliente (leia aqui). “Claro que temos que testar mais, mas sinto que a tecnologia é muito segura e estou impressionado com o nível de engenharia que alcançamos. O mercado está interessado e tenho orgulho da posição forte que ocupamos nesta área.”

 

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