Publicado em 23/06/2016
Fonte: Exame
A Jaguar Land Rover inaugurou em 14 de junho, em Itatiaia, no sul fluminense, sua primeira fábrica própria fora do Reino Unido. Investimento de R$ 750 milhões, a unidade de veículos premium começa a operar em meio à recessão econômica e em um momento crítico para o setor automotivo brasileiro.
As últimas projeções divulgadas pelas montadoras traçam um cenário crítico em relação a 2015: queda de 19% para as vendas e de 5,5% da produção, que voltará ao patamar de 12 anos atrás. Com capacidade instalada para produzir 24 mil veículos por ano, a fábrica começará operando a um ritmo ditado pela demanda do mercado.
O destino da produção será prioritariamente o mercado interno no momento, mas o grupo não descarta exportações a partir da fábrica brasileira no futuro. "Não há planos de exportar no momento, mas isso poderia mudar nos próximos anos", disse Wolfang Stadler, diretor executivo global de manufatura da Jaguar Land Rover durante entrevista coletiva em Itatiaia.
A exportação tem sido vista como uma saída por boa parte das montadoras durante a crise. Stadler minimizou os efeitos da crise política e econômica sobre o investimento no Brasil. "Não estamos preocupados com o sobe e desce da economia. A fábrica é um investimento de longo prazo e mostra nossa confiança no País", disse o executivo.
Maior fabricante de automóveis do Reino Unido, a Jaguar Land Rover vai gerar 400 empregos diretos e inaugura sua linha no País com a produção dos modelos Range Rover Evoque e o Discovery Sport, vendidos no mercado nacional a preços a partir de R$ 224 mil e R$ 212,5 mil, respectivamente.
Situação difícil
O presidente da Jaguar Land Rover para a América Latina e Caribe, Frank Wittemann, admitiu que o mercado está passando por uma situação difícil. "O setor não está muito aquecido em 2016, mas a Jaguar Land Rover espera manter o mesmo nível de vendas do ano passado", disse.
As marcas britânicas de carros de luxo controladas desde 2008 pela indiana Tata Motors têm também uma planta na China, em parceria com a local Chery, uma unidade de montagem na Índia e outra em construção na Eslováquia. A fábrica no Brasil é a única 100% própria.
Nos últimos anos a Jaguar Land Rover investiu também em sua rede de concessionárias no Brasil. A montadora te lojas em todo o território nacional, onde está presente há mais de duas décadas. A ideia é que a maior parte venda as duas marcas.
Inaugurações
A inauguração da unidade ocorre um ano e meio após o lançamento da pedra fundamental, em dezembro de 2014. O grupo é o quarto fabricante de veículos de luxo a abrir uma fábrica no Brasil nos últimos dois anos, seguindo o trio alemão BMW (2014), Audi (2015) e Mercedez-Benz (em março deste ano).
Outra montadora que inaugurou uma unidade produtiva em meio ao turbilhão político e econômico enfrentado no País foi a Toyota, com a fábrica de motores em Porto Feliz (SP). O projeto foi lançado no mês passado e recebeu aporte de R$ 580 milhões do grupo japonês.
Cenário
De janeiro a maio as vendas de veículos leves no País somaram 811.739 unidades segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), uma queda de 26% ante o mesmo período de 2015.
Ao contrário do ano passado quando o segmento premium teve um desempenho melhor que a média da indústria, as montadoras do segmento também têm enfrentado queda acentuada nas vendas, caso de Audi (-25,7%), BMW (-30,2%) e Mercedes-Benz (-30,4%).
A Jaguar Land Rover tem vendas menores que as concorrentes de luxo em termos absolutos, mas enfrentou queda bem menor nas vendas: o grupo teve 3354 veículos licenciados, recuo de 4,1% em relação aos cinco primeiros meses do ano passado.
A marca Jaguar isoladamente registrou aumento nas vendas.
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