Publicado em 24/02/2016
Fonte: Estadão
As montadoras podem acabar pagando a conta do novo programa de renovação de frota de veículos que o governo pretende lançar. O governo tem dificuldades para financiar o programa, já que o Tesouro não consegue oferecer subsídios por causa da crise fiscal.
Segundo a Folha apurou, uma das alternativas com maior chance de vingar hoje é baseada em modelo utilizado nos Estados Unidos no qual as montadoras oferecem bônus para os clientes. O programa de renovação da frota funcionaria da seguinte forma: proprietários de carros com idade superior a 15 anos ou caminhões acima de 30 anos entregariam seus veículos a valor de mercado na rede de concessionárias das montadoras que decidirem aderir.
Na compra do carro ou caminhão novo, receberiam um bônus (desconto) de 10% a 12% do valor do veículo. Os carros usados seriam transformados em sucata reciclável e tirados de circulação. A reportagem apurou que a proposta de passar a conta para as montadoras surgiu no Ministério da Fazenda.
O programa de renovação de frota é uma das apostas do governo federal para recuperar um dos setores mais fracos da economia e tentar abrandar a recessão. Depois de caírem 26,6% em 2015, as vendas de veículos recuaram 38,8% em janeiro deste ano.
Mas a ideia do bônus ainda suscita dúvidas em outras áreas do governo. O temor é que o programa seja visto como uma "enganação" pelos consumidores, pois as montadoras já vêm oferecendo fortes descontos para tentar reduzir seus estoques. Outras alternativas de financiamento para o programa também estão sendo discutidas. Uma delas é criar um fundo –que seria bancado por um aumento no Dpvat (taxa veicular) de todos os motoristas– para indenizar quem entregar o carro usado.
Essa possibilidade não teve boa receptividade no governo, porque repassa para boa parte da população o custo de um benefício para um setor específico. A Anfavea (que representa as montadoras) informou que ainda não se reuniu com o governo para discutir o financiamento do programa, que segue em aberto.
Em conversas reservadas, executivos do setor automotivo dizem ser difícil reduzir ainda mais a margem de lucro neste momento de crise e temem pressão dos sindicatos para aderir ao programa e evitar demissões. A Fenabrave (que representa os distribuidores de veículo) preferiu não se manifestar porque o programa ainda não foi finalizado. O Ministério do Desenvolvimento, que coordena a negociação no governo, não comentou.
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