Publicado em 10/02/2016
Fonte: Reuters
Homologar carros na China é, em teoria, muito fácil. O país não exige uma certificação local para os fabricantes de automóveis, desde que o produto tenha uma certificação internacional. Como quase todos os fabricantes estrangeiros presentes no maior mercado do mundo possuem tal registro, não é exigido quaisquer mudanças para atender a legislação nacional, mas isso pode mudar.
Fontes locais dizem que a China está movendo-se na direção de uma certificação nacional para automóveis, o que pode levar a enormes custos em mudanças nos projetos oferecidos para aquele mercado. Uma certificação nacional chinesa começou a ser levantada com base em suspeitas dos fabricantes instalados no país. O caso mais notório foi a exigência na mudança de posição das lanternas traseiras de um modelo da Nissan, não revelado.
Mudanças quanto à resistência de para-choques, posição de luzes e retrovisores, entre outros, significam revisar os processos de produção e engenharia de produto, levando mesmo a substituição de maquinário e moldes para atender à legislação local.
Os custos seriam de milhões de dólares para muitos projetos. Os fabricantes sabem que os padrões exigidos atualmente pela China, especialmente no que se refere à segurança, estão ultrapassados, mas devido ao enorme tamanho do mercado, uma mudança agora representaria um investimento gigantesco.
A preocupação é que avanços técnicos sejam postergados para que o investimento seja feito apenas para adequar os produtos à normativa nacional. Um analista chinês diz que as pessoas pensam que o país não tem padrões adequados e é por isso que a qualidade do carro nacional é inferior.
A explicação do motivo pelo qual a China não exigiu há mais tempo uma certificação nacional é que, sem padrões mais rigorosos, tais como da Europa, os fabricantes locais ficariam protegidos de pesados investimentos que não poderiam arcar, a fim de competir com as marcas internacionais.
Para analistas internacionais, o mercado chinês ficará estável nos próximos anos, garantindo assim a sobrevivência dos fabricantes locais e estrangeiros após anos de crescimento de dois dígitos. Se a elevação anual continuasse no ritmo que vinha, certamente as marcas nacionais não sobreviveriam no futuro, dada a preferência do consumidor pelas estrangeiras. Para a Geely, por exemplo, não há certeza de que a não certificação trouxe benefícios para as marcas chinesas.
Outros setores defendem que não houve proteção aos locais e muito menos dificultar a vida das estrangeiras. Ainda assim, as montadoras permanecem observando o que o governo chinês fará daqui em diante.
Honda e Toyota não comentam sobre uma certificação nacional e a associação dos fabricantes europeus disse que as montadoras devem se adaptar se exigido, mas que haverá prejuízo para a China em termos de evolução tecnológica, pois a introdução de inovações seria muito mais custosa e inviável, deixando o país atrasado em relação ao mercado internacional.
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