Publicado em 26/01/2016
Fonte: Automotive Business
Quando deixou a direção de marketing da Peugeot do Brasil para trabalhar na sede da empresa na França, em 2010, Ana Theresa Borsari via uma marca bem estabelecida no mercado brasileiro e o horizonte era de crescimento. Seis anos depois, no fim de 2015 ela voltou para ser a primeira brasileira (e mulher) a assumir a direção geral da Peugeot no País, mas em momento oposto, após três anos de quedas substanciais de vendas e um forte processo de reestruturação que cortou custos, empregos e reformulou por completo os produtos e concessionários da marca.
“O cenário da economia e do setor automotivo aqui nos próximos meses e anos não é bom. Mas estamos melhor preparados para enfrentar a situação, porque entramos nessa batalha com as melhores armas possíveis. Hoje temos a gama mais moderna e jovem da nossa história. Além disso fizemos uma grande reestruturação da rede, o que nos permite ter um modelo de negócio rentável. Por isso temos chances de voltar a crescer”, afirma Ana Theresa, três meses após assumir seu novo posto nos escritórios da PSA Peugeot Citroën em São Paulo.
As vendas da Peugeot no Brasil caíram 20% em 2013, 30% em 2014 e 34% em 2015 (sempre na comparação com o ano anterior). Com isso, perdeu participação, que caiu para apenas 1% no ano passado e empurrou a marca para a 13ª posição entre as mais vendidas no País, com 26,7 mil unidades emplacadas. A perda de volumes e market share já era esperada, é atribuída ao reposicionamento de produtos da Peugeot, que deixou de produzir carros no segmento de entrada, onde se concentram algo como 60% dos negócios no mercado brasileiro.
Ao mesmo tempo, houve profundas mudanças na rede, com fechamento de concessionárias e abertura de outras, com novos grupos empresariais, para trabalhar sob novo conceito, tentando trazer a Peugeot para o lado premium do balcão.
Uma das ações para aumentar a eficiência dos pontos de venda é a adoção no Brasil, como já acontece na Europa, do modelo “Y”, em que lojas das duas marcas do grupo PSA, Peugeot e Citroën, ficam lado a lado e compartilham o mesmo setor administrativo e oficinas. Essa solução já começa a ser vista este ano em cidades brasileiras e esta semana será inaugurada uma concessionária no Rio de Janeiro com a nova configuração, que sintomaticamente pertence ao Grupo SHC, do empresário Sérgio Habib, que já foi presidente da Citroën no País e construiu a imagem premium da marca por aqui.
“Esse é um modelo já uma realidade mundial no grupo, para utilizar a sinergia de custos de estrutura. Nos locais onde essa estratégia for viável vamos fazer”, diz Ana Theresa.
Recuperação
Nesse intervalo de ações dos últimos anos, contudo, perderam-se muitas vendas, com o objetivo de, mais adiante, recuperar rentabilidade e eficiência dos negócios. Ana Theresa destaca que ainda deve levar algum tempo para começar a aproveitar o restabelecimento da saúde da Peugeot após tantos remédios amargos, mas no horizonte ela já enxerga a volta do crescimento.
“Hoje temos uma gama premium que entrega qualidade diferenciada a nossos clientes, por isso tenho certeza que a nossa retomada de participação de mercado vai acabar acontecendo. A perspectiva da marca para este ano é de crescimento, mesmo nesse cenário difícil, porque temos produtos novos, recém-lançados, estamos na fase de construção de volumes desses modelos”, diz a executiva.
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